Torcedores relatam "atmosfera absurda" na última vez contra o Atlético em BH: "Vamos classificar o Flamengo"

Cinco mil contra 40 mil. Foi assim que os torcedores do Flamengo encararam a final da Copa do Brasil de 2024, contra o Atlético-MG, na Arena MRV. Os rubro-negros, em minoria, saíram vitoriosos do jogo e campeões do torneio. Nesta quarta-feira, voltam ao estádio para empurrar o time carioca, que precisa vencer para tentar a classificação para as quartas de final do torneio.

O público desta vez será ainda menor. Da carga total de ingressos, 5% será destinada à torcida do Flamengo, ou seja, cerca de 2.500 lugares estarão disponíveis para os rubro-negros. Quem esteve na Arena MRV em novembro de 2024 relata que o clima na arquibancada visitante foi de confiança do início ao fim, com "apoio incessante" e explosão no momento do gol de Plata, aos 37 minutos do segundo tempo. A boa lembrança é combustível para esta noite.

Torcida do Flamengo na Arena MRV na final da Copa do Brasil de 2024 — Foto: Fernando Moreno/AGIF

O Flamengo havia vencido o jogo de ida por 3 a 1 e construído vantagem segura para a decisão, o que motivou ainda mais a festa dos rubro-negros e, por outro lado, aumentou a tensão do lado atleticano. Este foi um ponto negativo. O gol do Fla em Belo Horizonte foi o estopim para o arremesso de objetos de torcedores atleticanos dentro do campo e a confusão entre jogadores. Na comemoração de Plata, um objeto explodiu próximo do jogador equatoriano e de Gabigol, que se abraçavam em campo.

O contexto agora é outro. O Flamengo perdeu o jogo de ida por 1 a 0 no Maracanã. Vitória simples do Fla leva a decisão para os pênaltis, e triunfo por dois ou mais gols de diferença classifica os cariocas. Leia abaixo relatos de torcedores que estiveram na Arena MRV na final de 2024:

Gustavo Angeleas - 31 anos - jornalista

Gustavo Angeleas, torcedor do Flamengo, na Arena MRV — Foto: Arquivo pessoal

"A atmosfera na torcida do Flamengo foi de bastante empolgação e confiança. A torcida cantou bastante até nos momentos mais tensos, enquanto do lado do Atlético eu senti bastante tensão, até pela forma como foi o jogo. Não teve um abafa muito grande e, por isso, não tiveram muitos momentos da torcida local 'engolir' a visitante, como muitas vezes acontece.

O momento mais marcante foi o gol do Plata, sem dúvida nenhuma. Teve aquela pressão do Atlético, Flamengo teve algumas chances de contra-ataque e, quando conseguia encaixar, o Everson defendia. No calor do jogo, eu tinha certeza que, se a gente tomasse um gol, ia tudo pro água abaixo. E eu nem consegui ver a hora que a bola entrou, porque a visibilidade era ruim no lugar em que a gente ficou. Só tive a certeza do gol quando vi a reação da galera. Aí já deu para ter a certeza do título, a partir dali foi aquela emoção. Último título do maior ídolo que a minha geração viu (Gabigol), primeiro título como técnico de um outro ídolo gigantesco do clube.

As bombas não prejudicaram a experiência em si, mas serviu para constatar o absurdo de uma torcida que nunca aceitou perder para o Flamengo. O que realmente atrapalhou a experiência foi a atitude minúscula do Atlético e da Arena de colocar repetidamente o hino do time durante a comemoração. Atitude mesquinha de quem não sabe perder, assim como a torcida presente no estádio".

Leno Lopes - 30 anos - comunicador

Leno Lopes, torcedor do Flamengo, na Arena MRV — Foto: Arquivo pessoal

"Como todo jogo grande fora de casa, majoritariamente estava lá quem é muito desajustado da cabeça, muito fanático. Esse fator contribui demais para, na imensa maioria dos grandes jogos fora de casa, se ter uma atmosfera tão intensa ao ponto de lembrar o velho Maracanã. Apoio incessante. O resultado construído em casa só aumentou o tempero. Estávamos muito confiantes, mais do que o de praxe (risos). O momento mais marcante não tem como não ser o histórico gol do Plata e a confirmação do título.

Tiveram problemas antes, durante e depois. Antes, um controle desnecessário na entrada justificado por problema na catraca, com fila só aumentando e alguns momentos de confusão. Durante o jogo, fecharam os bares. Para consumir algo, só esperando o vendedor passar na arquibancada. E, após o jogo, além das bombas e objetos jogados no campo que todo mundo viu na televisão, uma organizada do Atlético tentou invadir o nosso lado, mas não conseguiram.

Fiz questão de estar nesse jogo, porque ser o primeiro campeão no estádio deles seria um título histórico e, de certa maneira, muito engraçado. Ninguém no Brasil odeia mais o Flamengo que o atleticano, nem nossos rivais do Rio. Depois de décadas ouvindo a ladainha sobre os anos 80, como se o Atlético dependesse única e exclusivamente do jogo de 1981 (Libertadores) para ser relevante, testemunhar o primeiro campeão na casa deles e aumentar a lista das razões para nos odiarem foi fantástico.

A gente foi tão ciente de que alguma coisa aconteceria caso confirmássemos o título que, no final, não abalou em nada. Aqui do Rio, quem vai para jogo desse porte geralmente tem uma bagagem extensa, tanto de decisão como visitante como de jogo grande no Maracanã. Esses problemas são chatos, mas não estragam a experiência. Quem pode estragar a experiência é o Flamengo, se perder (risos).

Eu não sei como o atleticano lida com o absurdo que é o Flamengo ter permissão de decidir um mata-mata jogando tanto a ida quanto a volta em casa, mas, já que assim permitiram, novamente a torcida fará a diferença no nosso quintal mineiro e passaremos para as quartas".

Walace Barão - 29 anos - autônomo

Wallace Barão, torcedor do Flamengo, na Arena MRV — Foto: Arquivo pessoal

"Como todos os jogos fora de casa, eu converso muito com meus amigos e falo: para comparecer em um jogo como esse, tem que ser muito fanático e maluco da cabeça. Acho que isso que faz o torcedor visitante levar a cantoria, a raça, o amor, o grito, a alma para um jogo como esse. Cantoria do início ao fim. Fomos um pouco confiantes por causa do resultado na ida, e isso só aumentou o calor, a atmosfera sinistra que é jogar contra eles na Arena MRV.

O momento do gol não tem muito o que falar. Quando o Plata fez aquele gol, a torcida aumentou mais ainda o grito, os gestos. Aí esquece.

Tivemos problemas antes do jogo, na hora de entrarmos, porque o sistema do local não funcionava. Durante o jogo fecharam tudo, ninguém podia comprar nada nos bares. E, depois do jogo, muitas bombas, os torcedores adversários quebrando todo o lado deles da arquibancada, uma correria por causa de ameaças deles virem para o nosso lado, a nossa torcida toda tirando as bandeiras para que não ocorresse nenhum tipo de problema.

Eu queria mais do que nunca estar nesse jogo, ser o primeiro campeão no estádio deles. Por ser tão odiado por eles, foi um título histórico. Ninguém odeia mais o Flamengo que o atleticano, isso será um dia histórico para sempre, e que qualquer geração deles irá saber que o Flamengo foi o primeiro campeão lá.

Não irei neste jogo, mas a nossa torcida faz muita diferença, todos sabem disso. Eles sabem que, se deixarem, vamos gritar, cantar até o final e, mesmo chegando sem vantagem, vamos para cima na cantoria. Não sei como está o coração deles com esse 1 a 0 no maracanã, mas pode se preparar que quem está indo representar, não vai desistir, vai cantar até o final e vamos sair de lá com a vaga nas quartas".

Guilherme Marinho - 24 anos - professor de Educação Física

Guilherme Marinho, torcedor do Flamengo, na Arena MRV — Foto: Arquivo pessoal

"Esta final foi uma atmosfera absurda, o placar da ida estava a nosso favor, mas a pressão do Atlético gerava uma tensão na arquibancada. O setor visitante estava lotado, cinco mil flamenguistas eufóricos. Não paramos um minuto. Quando o Plata ficou cara a cara com o goleiro e deu a cavadinha marcou o melhor momento do jogo e matou o jogo. Depois disso foi só festa.

Hoje, estarei lá de novo. Vamos fazer a diferença mais uma vez e vamos sair classificados. A arquibancada vai pulsar, e a torcida vai classificar este time na raça. Somos o 12º jogador!".

Rafael Lauria - 38 anos - médico

Rafael Lauria, torcedor do Flamengo, na Arena MRV — Foto: Arquivo pessoal

"Como sempre, o setor visitante, quando se trata de Flamengo, estava lotado, com a torcida gritando a todo o tempo, deixando a torcida do Atlético caladinha a todo momento. Sem dúvidas, o ápice foi a hora do golaço do Plata, por cobertura. Para quem frequenta o Maracanã e segue o Flamengo para todo lado, não existe clima hostil.

Flamenguista é acostumado com título, mas é sempre uma emoção à parte, ainda mais se tratando de um jogo contra o Atlético, na casa deles, e o primeiro título naquele estádio ser nosso. Não tem preço.

Sobre a confusão no fim do jogo, nós que acompanhamos sempre o Flamengo, somos acostumados com esses gestos. Não que eu ache certo, mas infelizmente é algo corriqueiro e que tivemos que aprender a lidar.

É certo que a torcida vai fazer diferença esse ano de novo. São desses jogos que a gente mais gosta. Estaremos presentes apoiando o time e sairemos de lá com a classificação".

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Fonte: Globo Esporte
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