Sob nova gestão, Boavista prevê criação de SAF e mira Série B do Brasileirão

Adversário do Flamengo nesta terça-feira, o Boavista vive uma nova fase em sua história. O time de Saquarema, que se notabilizou no futebol carioca por formar elencos com medalhões nos últimos anos, agora aposta num grupo enxuto e mais jovem para se manter entre as equipes com chances de chegar à semifinal no Carioca e, assim, conseguir o objetivo principal da temporada: uma vaga na Série D.

A meta foi estabelecida pela nova gestão do clube, que é formada por um grupo de cinco empresários portugueses, que agenciam carreiras de atletas e treinadores na Europa. O presidente João Paulo, da família que comandou o clube por quase 20 anos, continua compondo o conselho do clube.

- (Os empresários portugueses) queriam adquirir um clube no Brasil. O Boavista tem feito bons campeonatos, com uma filosofia diferente de medalhões e acabou sendo a quinta força carioca por algum tempo. Eles viram com bons olhos. Era mais fácil porque o clube já tinha um dono. Em outros modelos, tem estatuto, conselheiros - conta Diego Cope, novo diretor executivo do Boavista.

Técnico Filipe Cândido e Diretor Executivo Diego Cope, do Boavista — Foto: Divulgação: Eduardo Neves/Boavista

Em novembro, Cope chegou ao clube para ser uma espécie de “braço direito” dos novos gestores, dar início à transição e criar as bases do “novo Boavista”. O dirigente fez boa parte da carreira em clubes de São Paulo e seu último trabalho foi em Santa Catarina, no Marcílio Dias.

Na construção do elenco, o Boavista mapeou atletas da Série B e Série C do Brasileirão e optou por um perfil mais jovem. A ideia também era ter um elenco enxuto, com 26, 27 atletas. Por influência dos novos proprietários, o técnico Filipe Cândido foi trazido de Portugal, com um preparador físico e dois auxiliares.

Até o momento, o time de Saquarema tem sido competitivo no Carioca e ocupa a sétima posição na tabela, a quatro pontos do G-4. A meta é conseguir uma vaga para a Série D de 2025, para isso vai precisar se manter próximo do topo. O planejamento prevê que em seis ou sete anos o Boavista estará na Série B.

Também foi formada uma equipe Sub-20, com objetivo de formar jogadores e conseguir se consolidar no calendário de competições de base, como a Copa São Paulo.

Jogadores do Boavista, no Cariocão 2024 — Foto: Divulgação: Dikran Sahagian/Boavista

- Os sócios têm o objetivo de transformar o clube em SAF. Depois subir o clube de divisão e vender jogadores. Nenhum clube consegue viver sem vender. Futebol é deficitário. Vieram para fazer o Boavista subir num nível alto e para os jogadores evoluírem - explicou.

A edição do Carioca deste ano é vista com um laboratório para o novo projeto. Mas um bom resultado na estreia pode acelerar os planos do Boavista em busca da consolidação no cenário nacional.

Carlos Alberto Boavista — Foto: Divulgação

Carlos Alberto, campeão da Champions pelo Porto, o goleiro Felipe, o volante Jucilei, ex-Corinthians, e o zagueiro Luiz Alberto, ex-Fluminense, foram alguns dos atletas renomados que passaram pelo Boavista a atraíram holofotes nos últimos anos. Mas nesta temporada a equipe tem entre os protagonistas um atleta ainda não tão conhecido. Com cinco gols, o atacante Matheus Lucas é o vice-artilheiro da competição.

- O Matheus eu já conhecia, trouxe ele por isso. Sabia que podia entregar. Por mais que ele não tenha feito 2023 com muitos gols. Ele veio com uma promessa mesmo. Mas tínhamos uma esperança forte. É um atleta forte, briga com os zagueiros, duas pernas, jogada aérea. Foi determinante na captação e sabemos que pode entregar mais - contou Cope.

Este início de ano tem representado uma reviravolta na vida do atacante. Em 2020, ele sofreu uma contusão grave no joelho e levou cerca de um ano para se recuperar. O retorno não foi fácil, ele acumulou outras pequenas lesões, que minaram sua confiança.

Matheus Lucas, do Boavista, comemora gol — Foto: Divulgação: Dikran Sahagian/Boavista

O reencontro com a boa fase voltou com a paternidade, o nascimento do pequeno Heitor Lucas.

- Pensei em parar. Estava longe da minha família, minha esposa estava grávida. Eu voltava, treinava quatro dias e me machucava. Eu pensei, ‘pô, será que vou parar de jogar futebol?’ - contou.

- Meu filho, ele me tirou da depressão, achei que era depressão. Ia para o clube, desanimado, sem falar com ninguém. Meu filho nasceu e mudou minha chave.

Em campo, dá para perceber que a alegria voltou. Os gols estão saindo, dois deles no empate contra o Fluminense . Toda vez que marca, comemora imitando um dinossauro e o pequeno Heitor gosta.

Matheus destaca o entrosamento com companheiros e a capacidade do time de seguir a filosofia do técnico Filipe Cândido de manter a bola no chão e fazer transições em velocidade. Assim, o Boavista conseguiu 12 pontos na competição. Foram três vitórias, três empates e duas derrotas. Para alcançar o G-4 vai precisar somar mais pontos na reta final. Mas o próximo jogo não será fácil, vice-líder Flamengo será o adversário.

- A expectativa é boa (para enfrentar o Flamengo). O elenco suportou bem os jogos contra os grandes do Rio. Em casa, empatamos com o Fluminense e vencemos o Botafogo. Só perdemos fora, para o Vasco. O time está encorpado. Sabemos que vai ser difícil, mas o time está confiante. É o Flamengo, no Maracanã, isso já é uma grande motivação para os atletas - considerou.

Fonte: Globo Esporte