Samuel Lino vê volta ao Flamengo como destino e tira peso de reforço mais caro: "Números não entram em campo"

Samuel Lino estreou na quinta-feira e deixou boa impressão na torcida do Flamengo , apesar da derrota por 1 a 0 para o Atlético-MG, no Maracanã. Nesta sexta, o atacante cumpriu mais uma tarefa na chegada ao clube e foi oficialmente apresentado no Ninho do Urubu. Ele explicou por que escolheu o time rubro-negro mesmo com propostas do futebol europeu na mesa.

— Desde que eu voltei para o São Bernardo desde a passagem pelo Flamengo, eu passei a acompanhar a equipe principal sempre. Em todos os jogos. É verdade que tive propostas bem interessantes da Europa, propostas financeiramente boas da Arábia. Mas quando veio o Flamengo com uma boa proposta também, eu pensei: é um clube gigantesco, clube que já joguei e que está sempre disputando títulos, nas primeiras colocações, com muitos jogadores na seleção brasileira. Isso me atraiu muito mais do que os projetos que me ofereceram na Europa e em outros países. Quando se está em um clube gigantesco e também perto da minha família, falar a minha língua, comer a comida brasileira. Tudo contou muito para eu estar aqui hoje no Flamengo.

O contrato de Lino é válido até 2029. Ele é a contratação mais cara da história do Flamengo , custando 22 milhões de euros (R$ 143 milhões) mais bônus por metas. O atacante tirou o peso do alto investimento feito pelo clube na sua compra junto ao Atlético de Madrid.

— Ser a maior contratação da história do Flamengo é incrível, motivo de muito orgulho. Nosso time tem muito talento, jogadores de muita qualidade, mas nomes e números não jogam. Se você não correr e der tudo de si, deixar a vida 100%, aqui no futebol brasileiro não vai ganhar. Vimos contra o Atlético, foi um jogo muito difícil, de muita luta, briga. Eles estavam brigando no jogo de defender e não deixavam o Flamengo criar com facilidade. Nomes e números não entram em campo. Estou muito tranquilo e feliz. Essa felicidade de estar aqui no Flamengo faz tirar essa pressão que existe por ser a maior contratação.

Samuel Lino é apresentado pelo Flamengo — Foto: Adriano Fontes/Flamengo

A passagem de Lino pela base do Flamengo foi rápida. Em 2017, o atacante disputava a Copa São Paulo de Futebol Júnior pelo São Bernardo quando chamou a atenção do clube carioca, que fez uma proposta por empréstimo com opção de compra. Depois de um ano e meio, ele acabou voltando ao time paulista. Agora, terá a chance de ser protagonista com a camisa rubro-negra.

— Aqui na base eu tive oportunidade, mas não a liberdade de mostrar quem eu sou. Joguei de centroavante em alguns jogos, mas foi um bom aprendizado. Às vezes as coisas passam para você aprender e amadurecer. Vir aqui naquela época me fez crescer e mudar a mentalidade para o que veio depois na carreira. Não sabia que naquela época sairia para voltar sendo a maior contratação. Acho que é destino, Deus, caminho... hoje estamos aqui e espero demonstrar tudo que eu tenho que não demonstrei naquela época — disse o jogador, que acrescentou:

— Não pensei, desde que saí daqui, em voltar. Faz anos, não pensei nisso. Mudou a minha mentalidade de que, quando aparecesse outra oportunidade de jogar em um clube grande, eu daria tudo de mim. Ia demonstrar muito mais, me cuidar mais, cuidar da alimentação, do corpo, buscar melhorar todos os quesitos, mental, físico. Foi o que pensei quando saí daqui. De melhorar mais para me manter em um clube gigantesco. Se não mantiver esse trabalho, você não consegue chegar. Só jogar futebol hoje em dia não está dando. Pode ter um talento incrível, mas se não tiver um trabalho por fora não consegue chegar ao topo. Foi o que prometi para mim, trabalhar e buscar me cuidar. Quando chegasse a um clube gigantesco novamente, tentaria me manter nele.

O diretor de futebol José Boto disse que Samuel Lino sempre esteve no radar do Flamengo para a ponta esquerda, posição que o clube identificou a necessidade de reforçar desde o início do ano.

— É uma novidade para mim apresentar um jogador que já chegou, mas ele merece esse respeito pela carreira que teve. Passou pela base do Flamengo e voltou ao São Bernardo. Depois vieram meus conterrâneos, que têm essa mania esquisita de buscar jogadores nas divisões terciárias e depois lançá-los na primeira prateleira mundial. Quando cheguei aqui, identificamos essa lacuna de um jogador com determinadas características, e o Samuel sempre esteve na nossa mente. Passou de impossível a muito difícil e a possível, e hoje está aqui conosco — disse Boto.

— Peço desculpas à torcida, porque às vezes as coisas demoram mais do que queremos, mas temos ideias fixas e, enquanto é possível termos os jogadores que queremos, vamos atrás deles. Tivemos uma conversa há umas semanas atrás para explicar o projeto do Flamengo, e ele disse que sim. Sei que não é fácil dizer que sim quando tem clubes da primeira prateleira da Europa atrás dele. Sei que vai dar muitas alegrias à Nação — completou o dirigente português.

Samuel Lino é apresentado pelo Flamengo — Foto: Adriano Fontes/Flamengo

O atacante de 25 anos entrou em campo no segundo tempo do jogo de ida das oitavas de final da Copa do Brasil, depois de ter feito apenas um treino com o grupo de Filipe Luís. E foi bem. Lino partiu para cima dos marcadores adversários, levou a melhor no 1 contra 1 e deu outro ânimo ao ataque do Flamengo. No fim, chegou a empatar a partida, mas teve o gol anulado por impedimento.

Adaptação ao estilo de jogo do Filipe Luís

— O Filipe me mostrou o modelo de jogo e mostrou que, dentro desse modelo, eu já vinha fazendo algumas coisas no Atlético de Madrid, que é estar aberto, pedir a bola nas costas, dar profundidade para a equipe. Fiquei mais tranquilo, porque assim consigo me adaptar rapidamente para o estilo de jogo que ele pede. Vou tentar colocar em prática nos jogos.

Jogador jovem saindo da Europa para o Brasil

— Há um mês eu falei com a minha mãe: imagina eu voltar para o Brasil, perto da família. Eu nunca pensei na idade, acho que o mercado brasileiro tem crescido muito. No Mundial você viu. Joguei contra o Botafogo na última rodada e nos colocarem dificuldades. Eles também têm muita qualidade. O Brasil vêm em um crescimento gigantesco. Encontrei com o Memphis quando estava de férias em São Paulo e ele falou que o futebol estava crescendo, a estrutura e tudo. Depois que começou o interesse do Flamengo não pensei que era novo e deveria continuar na Europa. Falo para o meu empresário, Flamengo é um clube gigantesco no Brasil. se fosse na Europa também brigaria por títulos. Nunca pensei na idade ou por ser novo. Quando o projeto é bom e vai fazer você crescer, demonstrar seu futebol e aquilo que você ama e sabe fazer, não tem idade.

Copa do Mundo

— Está chegando. O ciclo está mais curto agora. Vim para o Flamengo também em busca desse objetivo na minha carreira. Na última pré-lista foram cinco, seis jogadores daqui. Tem jogadores de alta qualidade e sempre visado pela Seleção, disputando títulos. Isso faz com que os jogadores sejam mais visados pelo pessoal da Seleção. Meu sonho e objetivo é jogar pela Seleção, atuar em uma Copa do Mundo. Vim para o Flamengo para buscar esse objetivo. Vou trabalhar o máximo que eu puder por isso.

Samuel Lino em Flamengo x Atlético-MG — Foto: André Durão/ge

Ansiedade

— Como você viu, estava bem alta a ansiedade da minha mãe (risos). Mas é normal. Minha família ficou ansiosa e feliz. Vir para um clube gigantesco que é o Flamengo é difícil não fica ansioso. Quando foi tudo se encaminhando e fechando eu falei para o Boto que não sou de pedir nada, mas peço que seja tudo muito rápido porque quero ir logo. Acho que é normal quando se joga em um clube gigantesco desse que a ansiedade esteja presente.

Titular domingo?

— Quando se entra em um jogo já corrido, ontem me custou um pouco a pegar o ritmo. Nos primeiros cinco minutos. Mas depois consegui me encaixar bem dentro do jogo. Se o Filipe quiser me usar de titular 40, 50, 60 minutos, estou preparado. Vim para o Flamengo preparado.

Gol anulado

— Estou ansioso. Espero que esse momento volte a acontecer e que não seja impedido. Atmosfera incrível, Maracanã lotado, jogo importante. Poderia ser uma estreia perfeita com o gol da vitória, mas fico muito feliz com esse jogo, espero dar continuidade e manter meu trabalho aqui.

Evolução na Europa

— Eu tive uma passagem de seis anos na Europa, três em Portugal. Aprendi muito taticamente. Foi um país onde tive treinadores que me ajudaram a crescer e evoluir para chegar preparado ao Atlético de Madrid. Quando cheguei lá, o Simeone me ajudou muito. É um treinador que tem uma característica bem defensiva e me ajudou muito nessa parte. Eu jogava de ala lá e aprendi muito sobre parte defensiva e ofensiva. Trabalhando com grandes jogadores me ajudou, vendo como trabalham e se comportam em campo. Me fez crescer e hoje vejo que estou muito maduro dentro de campo, chego no Flamengo em um momento que estou amadurecido com estilo de jogo, tática, que sei bastante o que fazer dentro de campo e isso tem me ajudado bastante na carreira.

Apelido de Samuel Liso

— Meu nome é Samuel Lino, não tem nada de Samuel Liso (risos). Quero que me chamem de Samuel Lino, Lino, Samu, não importa. Que seja o meu nome.

Cultura de rodar o time parecido com a Europa

— A demanda de jogo aqui é muito grande. Na Europa também, acho que são parecidos. A única coisa que muda é que o tempo de viagem no Brasil é maior. Mas a demanda é a mesma, joga domingo, quarta, sábado, quinta. É impossível não fazer uma rodagem. Os jogadores têm um desgaste alto com viagem e jogo. É normal mudar o time. Quando você tem uma demanda muito alta de jogos, não tem muito titular e reserva. Todos devem estar preparados porque a oportunidade vai surgir e cada um vai ter os seus minutos para jogar e demonstrar o seu potencial e talento.

Número 16

— A camisa eu não sabia (que tinha sido a do Filipe Luís). Me contaram aqui e fiquei muito feliz por ser a camisa de um jogador que fez uma história gigantesca no futebol, no Atlético de Madrid e no Flamengo. Na verdade eu nem pensei nisso. Peguei porque usei esse número quando jogava no Valencia, que foi um ano muito especial para mim. É um número que gosto muito.

Diferenças entre campos do Maracanã e da Europa

— A forma de jogar não senti muita diferença. O jogo estava bem corrido, o Atlético marcando forte. Na Espanha o futebol é bem forte defensivamente. Não notei essa diferença. O gramado da Europa hoje é melhor, mais fofo, senti o do Maracanã um pouco duro. Mas o gramado estava bom, a bola correu bastante. Acho que a Europa tem um gramado que é um dos melhores do mundo, mas o de ontem não nos impediu de jogar e de fluir a partida. Se tem que melhorar uma coisa ou outra, melhor. Mas na Europa eles deixam o gramado bem top para ser o melhor jogo possível.

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Fonte: Globo Esporte
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