Rossi adota camisa amuleto no Flamengo e sonha com final da Libertadores em sua terra natal

Depois de classificar o Flamengo para as quartas de final da Libertadores, brilhando contra o Bolívar na temida altitude de La Paz, Rossi ganhou ainda mais o carinho dos rubro-negros. Nas redes sociais, logo surgiu uma montagem dele ao lado de Diego Alves, que repostou a publicação que leva a frase: "O uniforme amarelo de goleiro do Flamengo é pesado demais!".

A amarelinha, no caso, é uma camisa que foi eternizada por Raul Plassmann nos anos 80 e por Diego Alves entre 2018 e 2021, ano em que a cor foi usada pela última vez na linha de goleiros do clube. Em 2024, por exemplo, os uniformes são branco, azul e preto. Mas uma coincidência fez ressuscitar a amarela: nos jogos na fase de grupos da Libertadores contra Millonarios e Bolívar, adversários que têm o uniforme azul, Rossi precisou mesclar os modelos por exigência da Conmebol. Mas para o mata-mata o clube resgatou o antigo e o inscreveu no torneio.

Rossi com os amuletos: camisa amarela e luvas da família — Foto: Thiago Lima / ge

E o goleiro argentino, que já joga com talismãs nas luvas (que são os nomes dos pais na direita, e da esposa e do filho na esquerda), adotou também a camisa amuleto. Ele voltou a vesti-la para uma entrevista com o ge no Ninho do Urubu na última sexta-feira:

- É uma camisa muito bonita, dá para usar. Sempre que seja para ajudar o Flamengo , vou estar presente. Para não jogar com aquela mistura de branco e azul, duas cores misturadas, o clube conseguiu a troca pela roupa amarela. Acho muito bonita, e tem aquela história no Flamengo . Mas hoje eu quero fazer a minha história. Tomara que seja com títulos, coisas importantes.

Rossi com o troféu de herói do jogo em Bolívar x Flamengo — Foto: Divulgação / Flamengo

Em sua primeira Libertadores com o Flamengo , Rossi curiosamente não enfrentou nenhum time argentino. E nem vai enfrentar nas quartas de final, diante do Peñarol, do Uruguai, ou se passar para a semifinal, contra Botafogo ou São Paulo. Mas a final do torneio esse ano, coincidentemente, será em Buenos Aires, sua terra natal. E ele não esconde o sonho de chegar lá:

- Se a gente chegar, e nós vamos procurar isso, vai ser muito importante jogar lá na Argentina. E tem a questão de eu ter jogado no Boca e talvez a final ser no estádio do River. Acho que vai ser mais importante ainda, com a família toda e amigos apoiando lá. Temos o desejo de estar na final e vamos buscar isso para fazer todo mundo feliz.

Rossi em campo pelo Boca Juniors em 2023 — Foto: Ettore Chiereguini/AGIF

- Quando o Flamengo foi tentar minha contratação pela primeira vez em março de 2022, nos últimos dias da janela, fez uma oferta para o Boca e depois não acontece nada. Na minha cabeça pensei: "Estou num bom momento, mas talvez não tivesse a esperança de mudar de vida, mudar de time". Estava muito bem no Boca. Mas depois, com o decorrer do tempo, o Flamengo sempre manteve o contato, às vezes de forma indireta. E quando chegou o momento de poder assinar um pré-contrato, o Flamengo continuou pensando que eu era uma boa opção. Não tive que pensar muito, só na família. Um grande como o Flamengo . Foi muito importante vir para cá e estou muito feliz.

- Quando assino o pré-contrato aqui, não sabia o que ia acontecer comigo no Boca, se ia continuar jogando ou não. Aí surgiu aquela oportunidade de ir para a Arábia pela lesão do Ospina, que tinha machucado o cotovelo. Falando com Bruno (Spindel) e Marcos (Braz), a gente achou que ia ser o melhor para talvez não chegar aqui tão fora de ritmo. Junto com o Flamengo , decidimos ir para a Arábia. Muito difícil para a família lá porque os costumes da cultura mulçumana são muito diferentes. Depois chegamos aqui e podemos nos adaptar da melhor maneira, porque a vida aqui é similar à da Argentina e é muito mais fácil.

Rossi ao lado de Cristiano Ronaldo no Al Nassr — Foto: Khalid Alhaj/Getty Images

- Evolução muito boa. Cheguei depois de um mês de férias sem muito ritmo, só tinha jogado sete jogos na Arábia. Falei na minha apresentação aqui que estava pronto e que dependia do técnico. Fiz a estreia contra o Goiás, quatro ou cinco dias antes do segundo jogo da final da Copa do Brasil. Joguei a final da Copa, perdemos com o empate lá. Comecei a jogar, a me sentir melhor. Terminei o ano jogando e muito feliz. Fizemos a pré-temporada, já tinha a confiança da comissão e do clube. Aí já estava mais adaptado ao que é o Flamengo em si. Há mais de um ano aqui, estou muito agradecido por estar vestindo a camisa do clube.

- Não sei se me considero líder porque cheguei pouco tempo atrás. Talvez essa palavra de líder não. Posso ajudar alguma coisa falando com os capitães, Arrasca, Gerson e BH. Mesmo com a comissão posso falar, temos confiança em todos. Que eles me escutem é muito importante porque estamos todos para ajudar. Cheguei aqui também porque quero ganhar. Quem decide estar aqui é porque quer ganhar. Sabemos que o Flamengo sempre tem que estar brigando por todos os títulos. Eu pareço ser tímido, mas não sou maluquinho e nem que não fico chateado com nada. No momento de falar uma coisa eu sou direto. Se tiver que falar algo para ajudar ou corrigir, estou aí.

Rossi em treino no Flamengo — Foto: Gilvan de Souza / CRF

- Ajudou muito a força do grupo na Copa América, tínhamos perdido quatro ou cinco titulares naquele momento. No outro dia, sofremos aquela derrota para o Botafogo e quatro dias depois temos a classificação na Bolívia. Contra o Botafogo a gente tem a questão psicológica quando o Arrasca se machuca sério. (...) Falando também do cansaço, e não é desculpa nenhuma, mas acho que o lado psicológico pesava muito com aquela final na Bolívia. Ainda faltam 15 jogos no Brasileirão, 45 pontos, ninguém sabe o que pode acontecer. Quando o professor chegou disse que temos que ficar no G-4 até o fim, quando tudo se define. Chegar lá com vida momento é muito importante. Temos que continuar nesse caminho e ir ajustando as coisas.

- Acontece muito. Qualquer time que vem no Maraca contra a gente, a maioria dos goleiros faz cera num momento para dar um respiro. A gente sabe que no Maraca é muito difícil se defenderem 80 ou 90 minutos, como talvez foi o nosso caso na Bolívia. Acho que a experiência ajuda um pouco saber dar um respiro. No momento que pode fazer, dentro da regra, é tentar ajudar os que estão mais cansados e precisam de ar naquele sufoco de altitude. Se não jogar na altitude, também pode fazer se estiver sofrendo, é coisa do jogo. Tantos anos de carreira me fazem saber o momento que podemos fazer aquelas coisas. O objetivo principal era a classificação, e a gente conseguiu. Apesar de tudo que falaram nas redes. Não vejo muito, mas me mandaram uma coisa de passadinha na bola...

Rossi e Fabrício Bruno durante Millonarios x Flamengo — Foto: REUTERS/Luisa Gonzalez

- Torcedor pode ficar tranquilo que a gente sempre vai tentar ganhar. Nós falamos aqui que temos que saber conviver com os diferentes momentos do jogo, tem hora que tem que defender mais, depois atacar. Estando vivos nas três competições, é saber que é uma questão de maturidade para enfrentar da melhor maneira cada jogo, cada competição é diferente. Nos preparamos muito para chegar nesse momento vivos nas três, e estar perto (do título) nas três é muito importante. Brasileirão falta muito ainda, 15 jogos. Temos que nos preparar, os reforços chegaram agora, têm que se adaptar. Mas tem uma Data Fifa agora para isso, para se adaptarem ao time e à maneira de trabalho.

- Não tem jogo fácil porque o outro time também quer ganhar. E com o Flamengo na frente quer ganhar mais ainda. Vai ser mais um jogo difícil porque eles estão tentando se afastar da zona de rebaixamento, e para um time grande como o Corinthians acho que tem pressão. Assim como a gente tem pressão para continuar na busca pela liderança. Com um jogo a menos, é importante continuarmos na briga. Vai ser jogo duro, temos que competir para ganhar fora de casa porque os três pontos vão ser importantes no final do ano.

Rossi ao lado da esposa, Sabrina, e do filho, Bauti, após título no Flamengo — Foto: Andre Mourão

- Alguma coisa sim (risos). Eu tive aula na escola pequeno, depois na Arábia (Saudita), para relembrar um pouco, eu e minha esposa fizemos três ou quatro aulas com uma professora para voltar ao ritmo. Minha esposa chegou aqui não falando nada, não entendendo nada, e hoje acho que ela fala mais do que eu (risos). Entender a pronúncia é mais fácil para nós, depois dá para falar, aprender. E no dia a dia precisa falar português, então a gente aqui tem que ir se adaptando na melhora da língua. E também para nos sentir mais perto do clube, para falar com companheiros.

- Baudi está começando a falar. Está querendo falar muito, mas ver o crescimento dele aqui no Brasil... Porque ficou pouco tempo na Argentina, depois pouco tempo na Arábia, e hoje vemos ele muito feliz aqui. Gosta (de futebol), só que não vai ser goleiro. Tudo menos goleiro (risos). Ele chuta e eu pego. Ele coloca a luva, mas tentamos tirar. Minha esposa fala que sofreu comigo, imagina com ele (risos).

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Fonte: Globo Esporte