Presidente do Flamengo defende decisão de vender jogadores apenas à vista: 'Deveriam se surpreender com quem não paga'

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O Flamengo decidiu que, a partir de agora, venderá jogadores dentro do futebol brasileiro apenas se os clubes fizerem o pagamento à vista, após se incomodar com algumas dívidas que se perduram a longo prazo, como no caso de Thiago Maia e o Internacional. Estabelecendo uma espécie de "fair play financeiro" próprio, Bap, o presidente do clube, defende a medida e se diz surpreso com a repercussão negativa.

— Eu acho curioso que quando você diz: "Olha, eu não vou vender mais se não for à vista, porque os clubes não honram o que estava combinado", as pessoas se surpreendem. As pessoas deveriam se surpreender com quem não paga. Você ficaria sócio de alguém que está te devendo R$ 1 mil, R$ 2 mil em uma transação? Comportamento acende uma luz amarela para a gente — disse Bap em entrevista à Flamengo TV.

O dirigente disse que os clubes interessados em jogadores rubro-negros também podem oferecer garantias, tais quais seus contratos de direitos transmissão televisivos, e aproveitou para criticar o que chamou de "hábito antigo do futebol brasileiro", ao fazer aquisições sem cumprir obrigações financeiras.

— Eu fiquei surpreso com a reação generalizada nesse sentido, porque basicamente eu disse que agora só vendo se for à vista. Se tiver dúvida, não puder comprar, está tudo bem. Para clube brasileiro, o Flamengo só vai vender se for à vista ou com garantias, como direito de transmissão. Me dá como garantia o seu contrato de direito de transmissão. Se você tinha que receber dez da (TV) Globo, por exemplo, e você deve dois para mim, a Globo vai contingenciar dois dos seus dez para me pagar. No dia que você me pagar, ela libera e está tudo certo. Muita gente não quer comprometer estas linhas de crédito futuras com uma dívida passada. É um hábito antigo do futebol brasileiro, de seguir comprando jogadores sem que você cumpra com as tuas obrigações — afirmou o presidente.

Bap ainda se lembrou da dívida do Corinthians com o Cuiabá por conta do volante Raniele, que gerou reclamações de Cristiano Dresch, presidente do clube mato-grossense. Este teria sido ponto de partida para iniciativa de cobrar garantias na hora de vender, apoiada por outros presidentes, segundo ele:

— A maioria dos clubes nos parabenizou, relação boa. Alguns, até por força do que o Flamengo divulgou, começaram a dizer: "Também tem muito tempo que eu não recebo". Quem me chamou muito a atenção para isso foi o presidente do Cuiabá, que falou do caso do Raniele. Falou: "Eu vendi o atleta porque eu precisava de dinheiro para me reforçar. Eu perdi o atleta e o dinheiro. Acabei sendo penalizado". Eu me solidarizei, ele foi o primeiro a chamar atenção. Pelo menos, seis presidentes comentaram comigo de maneira espontânea. Outros dois ou três também exteriorizaram que poderia ser o embrião do processo de fair play financeiro — concluiu Bap.

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Fonte: O Globo