Outro patamar: em 1991, Flamengo sob desconfiança e sem dinheiro decidia a Supercopa

Após 29 anos, o Flamengo voltará a disputar a Supercopa do Brasil, no retorno do torneio ao calendário do futebol brasileiro. E este reencontro com a competição acontece num momento totalmente diferente do vivido lá atrás. Em 1991, o Rubro-Negro tinha dificuldades para buscar reforços, perdia alguns de seus principais jogadores e vivia sob desconfiança.

O contexto da época explica um pouco da derrota por 1 a 0 para o Corinthians na decisão. Na ocasião, o Flamengo se credenciou à disputa da Supercopa pelo título da Copa do Brasil de 1990. Contra o atual campeão brasileiro, com o meia Neto em grande fase, um jovem time rubro-negro sucumbiu no Morumbi.

Capa do Jornal dos Sports no dia do jogo cita time "longe dos sonhos da torcida" — Foto: Reprodução / Jornal dos Sports

Capa do Jornal dos Sports no dia do jogo cita time "longe dos sonhos da torcida" — Foto: Reprodução / Jornal dos Sports

Se hoje o Flamengo tem grande capacidade de investimento e praticamente fechou o elenco de 2020 com contratações de jogadores de nome, em 1991 a situação era outra. Ainda às vésperas da final, os jornais noticiavam a dificuldade rubro-negra em trazer reforços após perder dois jogadores importantes: o atacante Renato Gaúcho, que foi para o Botafogo, e o lateral Leonardo, vendido ao São Paulo.

Até a partida, o Flamengo tinha acertado apenas a chegada de três jogadores, todos vindos de contrapeso na negociação que levou Leonardo ao São Paulo: o veterano goleiro Gilmar Rinaldi, o zagueiro Adilson e o atacante Paulo César – os dois últimos emprestados.

A diretoria tentava ainda contratar os zagueiros Wilson Gottardo e Nei, o meia Carlos Alberto Santos e o ponta Mauricio – o mesmo que foi carrasco rubro-negro no Carioca de 1989, pelo Botafogo, e estava no Grêmio.

Matéria do Jornal do Brasil mostra mudanças de Luxemburgo no Flamengo antes da Supercopa — Foto: Reprodução / Jornal do Brasil

Matéria do Jornal do Brasil mostra mudanças de Luxemburgo no Flamengo antes da Supercopa — Foto: Reprodução / Jornal do Brasil

Vanderlei Luxemburgo, a principal atração

Às vésperas da partida, a manchete do Jornal dos Sports mostrava o Flamengo como azarão e destacava a insatisfação do técnico Vanderlei Luxemburgo com a demora por reforços. O treinador, aliás, era talvez a principal atração rubro-negra: havia sido contratado após se destacar no Bragantino, campeão paulista em 1990.

Jornal dos Sports destaca insatisfação de Luxemburgo com demora por reforços — Foto: Reprodução / Jornal dos Sports

Jornal dos Sports destaca insatisfação de Luxemburgo com demora por reforços — Foto: Reprodução / Jornal dos Sports

Time de pratas da casa

A preparação rubro-negra foi realizada em Mendes, no sul do estado do Rio de Janeiro. Luxemburgo fez mistério ao longo da semana para definir o time titular.

No fim das contas, o Flamengo entrou em campo com um time essencialmente formado por jogadores revelados no clube e apenas um reforço – o zagueiro Adilson. Além do defensor, o volante Uidemar era o único que não era prata da casa.

O Flamengo jogou com Zé Carlos, Ailton, Adilson, Rogério e Piá; Júnior, Uidemar, Marcelinho e Zinho; Alcindo (Djalminha) e Nélio.

Os jornais da época relatam um domínio rubro-negro no primeiro tempo, com boas chances perdidas. O gol do Corinthians veio na etapa final, aos 25 minutos, com Neto, após o goleiro Zé Carlos falhar e largar a bola ao tentar interceptar um cruzamento.

Fla sem craque: o diagnóstico da derrota na Supercopa — Foto: Reprodução / Jornal dos Sports

Fla sem craque: o diagnóstico da derrota na Supercopa — Foto: Reprodução / Jornal dos Sports

A ironia: para o Jornal do Sports, faltou talento e um craque ao Flamengo naquela final. Na deste domingo, contra o Athletico Paranaense, isso não faltará ao time de Jorge Jesus para buscar o título que não veio em 1991.

Fonte: Globo Esporte
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