A presença dos técnicos estrangeiros no futebol brasileiro não é uma novidade. Mas nos dois últimos anos, os treinadores gringos invadiram nosso país. Dias atrás, a Série A contava com cinco estrangeiros dirigindo clubes brasileiros. Exatos 25% dos treinadores que disputavam o principal título do futebol nacional eram de outros países: dois argentinos Eduardo Coudet e Jorge Sampaoli e mais três europeus, o espanhol Domènec Torrent e os portugueses recém-chegados Ricardo Sá Pinto e Abel Ferreira.
Só que dois deles já não estão mais por aqui. Domènec - com pouco mais de três meses de trabalho - foi demitido do Flamengo. E o argentino Coudet, de forma inexplicável, trocou o Inter, líder do Brasileirão, pelo Celta de Vigo, da Espanha, na tentativa de tirar o time espanhol do rebaixamento. E a saída de Coudet da equipe gaúcha deixa uma pergunta no ar.
Os treinadores estrangeiros estão usando o futebol brasileiro em busca de melhores contratos na Europa? Temos muitos exemplos de técnicos gringos que trocaram nossos clubes, antes de cumprirem seus contratos. No São Paulo, dois casos emblemáticos. O colombiano Juan Carlos Osorio, em 2015, com apenas 28 jogos, trocou o São Paulo pela seleção mexicana. Um ano depois, a novela se repetiu. O argentino Edgardo Bauza não pensou duas vezes em abandonar o Tricolor para dirigir a seleção argentina.
O Flamengo também foi deixado na mão por dois estrangeiros . Em 2018, o colombiano Reinaldo Rueda, depois de comandar o Mengão em apenas 31 jogos, abandonou o barco rubro-negro e foi trabalhar na seleção chilena. E o português Jorge Jesus, que recentemente ganhou quase tudo em terras cariocas, nem pensou duas vezes em aceitar a proposta do Benfica e retornar a Portugal.
Uma exceção à regra é o argentino Sampaoli, que não renovou com o Santos, mas permaneceu no Brasil e foi treinar o Galo mineiro. Mas nessa história existe o outro lado da moeda. Nossos dirigentes também não pensam duas vezes em mandar os gringos embora.
O espanhol Domènec Torrent durou 26 jogos no Flamengo. Mesmo com possibilidades de títulos em todas as competições que estava disputando, ele não resistiu à goleada por 4 a 0 para o Atlético MG e foi demitido. O português Jesualdo Ferreira, mesmo sem resultados expressivos, tinha apenas 15 jogos no Santos e acabou dispensado.
O venezuelano Rafael Dudamel é outro bom exemplo. Trocou a seleção da Venezuela pelo Atlético-MG no início da temporada e não agradou. E depois de dez jogos foi detonado pela diretoria do Galo.
Será que técnicos estrangeiros estão usando o futebol brasileiro como ponte em busca melhores contratos na Europa ? Ou a rápida permanência deles por aqui é culpa dos dirigentes brasileiros, que, na maioria das vezes, não tem a menor noção do que é uma verdadeira gestão esportiva?
A polêmica está no ar!