É fake! Após rigorosa apuração, confirmei que é fake que a Disney esteja planejando, após o sucesso da torcida do Flamengo, substituir o Mickey Mouse pelo Nestor, o amigo urubu do Zé Carioca.
Mas a verdade é que as cores e símbolos rubro-negros estão em alta após o fim da primeira fase. Num grupo de quatro times, foram cinco torcidas nos estádios, juntas e misturadas: brasileiros, ingleses, os tunisianos com sua roupa da guarda do Vaticano (umas simpatias), os americanos (poucos) do Los Angeles e os mexicanos, torcedores do León que apareceram para protestar contra a Fifa e sua retirada arbitrária do torneio. Dizem que vão torcer pelo Flamengo agora.
Os mexicanos estavam nas arquibas de Orlando — o antigo Tangerina Bowl, mítico estádio inaugurado em 1936 que abriga futebol americano universitário e já havia sediado jogos da Holanda, na Copa de 1994.
A fase de grupos para o Flamengo foi como subir a escadaria do Rocky Balboa, chegamos saltitando e socando o ar. Só que agora vem o Drago. O Bayern de Munique é alto, forte e mal encarado como o lutador lourão dos filmes de Stallone, com ainda mais punch e recursos tecnológicos.
É um kassler duríssimo de roer, mas não há rivalidade, até agora, entre Flamengo e o campeão alemão; eles já haviam, inclusive, nos cedido a máscara facial do Rafinha em 2019. A expectativa por tal duelo, contudo, vem de longe. Eles sonham nos enfrentar num Mundial há quase 50 anos. E foi por pouco: em 1981, o Bayern foi eliminado pelo Liverpool num jogaço em Munique (1 x 1), gols de Rummenigge e Ray Kennedy. O time inglês só avançou por ter feito gol fora de casa, após 0 x 0 na primeira partida. Em seguida, o Liverpool despachou o Real Madrid na final, e depois sambou em Tóquio. Quer dizer, os alemães sabem que escaparam de uma boa, mas prometem agora vir ainda mais alertas.
Jogamos em casa. Orlando lembra bastante a Barra da Tijuca, só tem menos placas em inglês. De carro de lá para cá, por vezes cruzamos com outras tribos, que nos saúdam com berros de “Flamengo!”. Há por perto um campeonato de vôlei americano e um torneio nacional entre atendentes de bar. Pergunto a um deles se há malabarismo no torneio, mas ele quase fecha a cara — os critérios são agilidade, qualidade e eficiência. É só o que esperamos do Flamengo nas oitavas.
Fechamos as malas e zarpamos para o aeroporto. É hora de regressar ao Brasil, quitar as crianças e dar um beijo nos boletos. O sistema de som chama: “Mr. Dunlop, last call…” Embarco? Ou fico? Se houver uma próxima crônica, é porque fiquei. O Flamengo é assim, capaz de derrotar até nosso bom senso. “Mr. Dunlop, last call…”
* Marcelo Dunlop é o cronista rubro-negro da ‘On Tour’, coluna que mostra a visão dos torcedores brasileiros nos EUA durante a Copa do Mundo de Clubes