Você lembra? Em 1994, Sávio desafiou Bayern e comandou vitória do Flamengo: "Só queria jogar"

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O Rubro-Negro foi convidado para participar do Torneio Internacional See. Após três jogos, o time carioca foi campeão e recebeu um prêmio de US$ 20 mil (o equivalente a R$ 230 mil, de acordo com a correção monetária).

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O confronto tem um gosto especial para Sávio. O atacante foi revelado pelo clube na década de 1990 e viveu naquele torneio da Malásia a sua primeira viagem internacional com o profissional. O "Anjo Loiro da Gávea", como é carinhosamente apelidado, era titular daquele time e teve o jogo contra o Bayern o seu primeiro encontro com um gigante europeu.

— A gente sabia que o time do Bayern era forte. Era o atual campeão alemão, mas eles estavam sem o Jorginho, que estava com a Seleção na Copa do Mundo, e sem um outro jogador que também estava na Copa. Mas era um time bom, forte. Para mim, com 20 anos, era uma oportunidade muito grande. Eu só queria jogar. Não queria saber quem estava do outro lado - comentou o ex-jogador.

Na estreia, o Flamengo empatou com a seleção da Austrália e, na sequência, venceu por 2 a 1 o Leeds United (Inglaterra). A final do torneio amistoso foi justamente contra o Bayern, e o Rubro-Negro conseguiu a vitória de virada. O confronto foi Estádio Shah Alam e contou com 65.500 torcedores nas arquibancadas.

O Bayern abriu o placar com Jean-Pierre Papin, de pênalti, aos 18 minutos do primeiro tempo. O goleiro Adriano foi quem cometeu a penalidade e acabou expulso. Mesmo com um a menos, o empate veio aos 30, quando Rogério Lourenço cobrou uma belíssima falta.

O Flamengo conseguiu a vitória quando Marquinhos invadiu a área, driblou e chutou no fundo da rede. No último minuto de jogo, Sávio, que era um dos destaques da partida, recebeu e entrou livre na área para fechar o placar em 3 a 1 e coroar a atuação.

— O nosso time era muito jovem, a base do time era jovem e formada no Flamengo. Ganhamos moral com a vitória com o Leeds. Fomos para final, sofremos um pênalti. O Adriano (goleiro) foi expulso e entrou o Fábio Noronha, que foi um dos melhores jogadores em campo. Ele pegou para caramba durante o jogo. Nós ganhamos de 3 a 1, com um jogador a menos, mas foi uma pressão muito grande deles - recordou Sávio, que completou:

— Até pelo que foi o jogo, com um jogador a menos desde o começo, a gente não esperava muito esse resultado. Mas quando acabou, parecia que tinha sido um título de um campeonato importante. Apesar de ter sido um torneio, foi de virada, um jogador a menos e contra o Bayern, foi um jogo bem legal.. E, para mim, foi o meu primeiro torneio internacional e o meu primeiro jogo contra um grande da Europa. Foi super importante.

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No único duelo contra os alemães, o Flamengo entrou em campo com o uniforme tradicional: vermelho e preto. Curiosamente, é o que vai acontecer também na Copa do Mundo de Clubes, já que o clube terminou com a primeira colocação e será o mandante do confronto que acontecerá em Miami. Sávio projetou o duelo com o Bayern e analisou o Rubro-Negro com possibilidades de conseguir a classificação.

— Até pelo o que foi os dois primeiros jogos, se desenhava para um Flamengo x Benfica. Até o resultado do Bayern contra o Benfica. Mesmo com o Bayern com o time mesclado, foi uma pressão muito grande. Era uma expectativa Flamengo e Benfica. Mas... o futebol é o único esporte que você não pode esperar o que você prevê e espera. Mas Flamengo e Bayern era uma possibilidade pelo cruzamento e está ai. Não adianta. Quando você tem um campeonato tão difícil e com time de tanta qualidade, não dá muito para escolher. É o que tem, vamos para cima.

— É um jogo extremamente complicado, difícil, até pela capacidade do Bayern, com ótimos jogadores individualmente falando. A gente também tem capacidade e condições boas de jogar certinho, e jogar como jogamos os dois primeiros jogos. Fazer um bom jogo e conseguir a classificação. É um jogo de dois grandes times, times mesmo, não estou falando de camisa, porque camisa são camisas muito grandes. São dois grandes times e tudo pode acontecer — encerrou.

Rendimento de Filipe Luís como técnico

- Eu sou bem sincero: não é nenhuma surpresa. De repente, pela forma tão rápida, pode ser surpresa para muita gente. Eu já conhecia o Filipe e depois que ele veio para o Flamengo, a gente acabou se aproximando. A gente já sabia a capacidade dele como atleta, pela inteligência em campo. Depois começamos a perceber a capacidade fora de campo também. É um cara que estava sempre atento, se preparou para essa transição como treinador, desde a base do Flamengo. É uma carreira meteórica, mas não é surpresa a capacidade técnica dele, apesar de ser bem jovem. Eu tenho certeza que ele está se preparando a cada dia, a cada momento. A gente está vendo a capacidade técnica dele na implementação da filosofia dele. Ele trabalha bastante, merece muito estar onde ele está.

Europa vendo o Flamengo na Copa de Clubes

- Eu joguei mais de 10 anos no futebol europeu e eu falo como experiência. A Europa tem um respeito muito grande pelo futebol sul-americano, principalmente pelo futebol brasileiro. Essa competição dá uma visão e uma aproximação muito maior. Muitas pessoas na Europa não veem o Brasileirão ou a Libertadores, não acompanham como deveriam. Mas com a Copa do Mundo isso trás uma aproximação maior, um conhecimento maior. Quem não conhece está conhecendo agora. Isso é muito bom, dá uma visibilidade muito maior. E não só na Europa, mas nos Estados Unidos, na Ásia. O antes e depois da Copa do Mundo de Clubes já dá duas visões totalmente diferentes do que significa a qualidade dos jogadores brasileiros.

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Base do Flamengo e Wallace Yan destaque na Copa de Clubes

- Eu fico muito feliz pelo Wallace Yan, pela tão pouca idade e pela personalidade. Não vou nem falar da qualidade porque, se ele está no Flamengo, é porque ele tem qualidade. Ele está demonstrando isso. O gol contra o LA mostrou a capacidade técnica e frieza. Eu fico mais feliz porque eu sai do Flamengo. Eu cheguei no clube com 14 anos, eu me projetei dentro do clube. Quando eu vejo dados de que o Flamengo é o time brasileiro com mais jovens da base, eu fico extremamente feliz. É a história e a essência do Flamengo. Quando eu cheguei no Flamengo com 14 anos, a primeira placa que eu vi foi "craque o Flamengo faz em casa".

- Eu sei que nos últimos anos mudou um pouco por contra de grandes contratações até pelo poder aquisitivo, que não era o que acontecia nas décadas passadas. Isso vai continuar acontecendo, mas a alma do Flamengo, a história do Flamengo é a sua base. Eu acho que tem espaço para essa mescla de trazer jogadores importantes, mas não descuidando da sua essência que é revelar atletas de base.

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