
Clássico de volta a uma decisão de Carioca (Foto: Divulgação/Fluminense)
Flamengo e Fluminense começarão a decidir no próximo domingo quem será o campeão carioca de 2017. A partida não ganhava ares decisivos em nível estadual desde o longínquo ano de 1995, quando jogo decisivo do Octogonal Final teve contornos de drama: aos 42 minutos do segundo tempo, Renato Gaúcho calou a maioria da torcida do Fla e decretou o 3 a 2 no Maracanã.

Esperança de gols de um Fluminense desacreditado (Foto: Divulgação)
Sem saber o que era conquistar um Campeonato Carioca desde o ano de 1985, o Tricolor das Laranjeiras depositou suas fichas em um atleta que era visto com desconfiança. Renato Gaúcho vinha de uma passagem frustrada no Atlético-MG, como a estrela de um time que mesclava atletas de renome e jogadores não muito conhecidos. A princípio, Renato teve de lidar com a rejeição do técnico Joel Santana, mas os cartolas contornaram.

O toque de qualidade do meio (Foto: Reprodução)
Outro jogador no qual o Fluminense apostou foi Ailton, que tivera passagem vitoriosa no Flamengo, estava no futebol asiático. O meia não só mostrou a velha habilidade nas jogadas e na troca de passes, como também fez a jogada do gol decisivo de Renato Gaúcho. Seu nome, inclusive, está na súmula como autor do gol do título tricolor. Ao LANCE!, o ex-jogador brinca: 'Está lá escrito que é meu. A imagem pode até dizer o contrário, mas vou contestar? (risos)'

Um volante em grande fase (Foto: Reprodução)
Com passagem pelo Botafogo e pelo Internacional, Djair viu a formação pensada por Joel Santana dar espaço para sua habilidade. O volante não só ajudava no combate, como engatava a criação de jogadas e se lançava ao ataque, com direito a marcar gols. Nas Laranjeiras, também vieram nomes como os zagueiros Sorlei e Lima, e o atacante Leonardo.

Romário é presente do centenário do Flamengo (Reprodução/Internet)
Herói do tetracampeonato da Seleção Brasileira na Copa de 1994 e melhor jogador do mundo, Romário voltou ao país em 1995, deixando sob forte euforia a torcida do Flamengo. Nos 100 anos de fundação do clube, o Baixinho desembarcou para ser o camisa 11 da Gávea e sob forte expectativa de a equipe tornar-se imbatível.

O sonho rubro-negro se estende (Foto: Divulgação)
A euforia com um tetracampeão se estende a outra contratação. Branco, lateral-esquerdo que fizera o gol do Brasil diante da Holanda nas quartas de final de 1994, chega à Gávea. Também são contratados nomes como Jorge Luis e Mazinho Oliveira, além de ser anunciado o técnico mais conceituado do país na época: Vanderlei Luxemburgo.

Promessa para o ataque (Foto: Divulgação)
O Flamengo ainda confiava na evolução de Sávio, um jovem atacante que já esbanjara fôlego e qualidade no ano anterior, para conseguir ganhar tudo que disputasse no ano do centenário. O atacante (que cederia a 11 a Romário) formaria o "Ataque dos Sonhos" com o Baixinho.

Primeiro ato de Romário (Foto: Ivo Gonzalez)
A primeira partida de Romário no Flamengo aconteceu em 27 de janeiro de 1995, no Serra Dourada, quando o clube estreava o uniforme 'papagaio vintém'. Vestindo a camisa 100 contra a seleção do Uruguai, o Baixinho passou em branco, e viu Nélio marcar para o Fla. Porém, os uruguaios conseguiram arrancar o 1 a 1 na reta final.

FLA-FLU - TAÇA GB- Prazer, Romário, meu nome é Lima! (Foto: Reprodução)
Em 12 de fevereiro de 1995, Romário teve uma estreia oficial para lá de indigesta com a camisa do Flamengo. O camisa 11 bem que tentou, mas foi perseguido ao máximo por Lima, zagueiro do Fluminense, e não conseguiu evitar o empate em 0 a 0 diante das mais de 98 mil pessoas no Maracanã. No mês seguinte, novo encontro pela Taça Guanabara, e novo triunfo tricolor: 3 a 1. Apesar da oscilante campanha, o Fluminense ia se impondo diante do Fla.

Aí, eu vi vantagem? (Foto: Reprodução/Flamengo)
Mesmo 'cotado nos Fla-Flus', o Fluminense entrou no Octogonal Final tentando engrenar de vez para tirar a diferença dos rivais. O Flamengo conseguiu três pontos extras: foi líder nas duas primeiras fases e, para completar, garantiu o título da Taça Guanabara, batendo o Botafogo por 3 a 2. Vasco e Bota teriam um ponto extra cada um. A tarefa tricolor era árdua, mas não foi impossível no ano de 1995...

FLA-FLU - ATO 1 DO OCTOGONAL - A 'hora da virada' rende música (Foto: Reprodução)
Os ares de decisão já tomaram conta do primeiro embate do Octogonal: um Fluminense com quatro pontos em três jogos pegaria o Flamengo com dez pontos em três jogos (sete, mais os três extras). Em etapa inicial eletrizante, o Rubro-Negro ficou três vezes na frente do placar, garantindo um 3 a 2. Mas, com um Rogerinho inspirado, o Flu garantiu o 4 a 3 no Maraca e a música: 'O primeiro 0 a 0, o segundo 3 a 1, o terceiro foi 4 a 3, e o Flamengo virou freguês'.

25/6/1995 - ÚLTIMO ATO - As reviravoltas de uma batalha (Foto: Reprodução/Ag. Estadão)
Bastava um empate ao Flamengo para ser campeão, enquanto o Fluminense precisava da vitória no Maracanã. Em atuação brilhante no primeiro tempo, os tricolores abriram dois gols de vantagem, com Leonardo e Renato Gaúcho. No entanto, o panorama mudou por completo na etapa final: Romário quebrou seu jejum de gols contra o tricolor e Fabinho igualou. Sorlei, Lima e Lira foram expulsos no Flu, e Marquinhos no Fla. O rubro-negro segurava o 2 a 2.

25/6/1995 - Título 'pousa de barriga' nas Laranjeiras (Foto: Anibal Philot/Agência O Globo)
Faltavam três minutos para acabar, quando o Fluminense, com oito jogadores (contra dez do Flamengo) partiu para o ataque. Ailton driblou a marcação e arriscou a finalização. A bola ia para a linha de fundo, mas Renato Gaúcho, dentro da área, desviou de barriga e a bola parou no fundo da rede. Os rubro-negros pediram impedimento do atacante, mas o Tricolor das Laranjeiras comemorava o 3 a 2.

Tricolor das Laranjeiras ignora vantagem do Fla (Foto: Marcelo Theobald/Arquivo LANCE)
Diante de incrédulos rubro-negros, Renato Gaúcho partiu para a torcida do Fluminense e comemorou o terceiro gol da equipe (seu segundo na partida). Com o triunfo por 3 a 2 na última rodada, o Tricolor das Laranjeiras chegava a 33 pontos - no primeiro Estadual no qual a vitória valia três pontos. Já o Rubro-Negro, mesmo com pontos extras, terminava a competição com um ponto a menos no Octogonal Final.

'Time de operários' (Foto: Divulgação/Fluminense)
Com o triunfo, o Fluminense do "time de operários" fez com que o título carioca voltasse às Laranjeiras, algo que não acontecia desde o ano de 1985. Seguem os nomes dos titulares do jogo do Maracanã, que recebeu em torno de 112 mil pessoas. Em pé: Wellerson, Ronald, Sorlei, Márcio Costa, Lima e Lira. Sentados: Ailton, Djair, Renato Gaúcho, Leonardo e Rogerinho. Ainda havia nomes como Paulo Paiva e o saudoso Ézio no elenco.

Renato, o 'Rei do Rio' (Foto: Reprodução)
O Campeonato Carioca ainda foi marcado por uma curiosa 'polêmica' entre atacantes. O tricolor Renato Gaúcho, o rubro-negro Romário e o botafoguense Túlio Maravilha disputaram quem ganharia o posto de "Rei do Rio". Coube a Renato ostentar o posto ao final da competição, com a conquista nas mãos.

Técnico e, depois, vira-casaca (Foto: Divulgação)
Responsável por levar o Fluminense ao título carioca de 1995, Joel Santana ficaria marcado por uma polêmica no final da temporada. O "Senhor Estadual" trocaria as Laranjeiras e acertaria para, no ano seguinte, comandar o Flamengo, onde também seria campeão carioca. .

EPÍLOGO - Reencontro no Brasileirão (Foto: Reprodução)
Após ficarem marcados por encontros de tamanho impacto no Campeonato Carioca, o ano de 1995 traria outro Fla-Flu para a história. As duas equipes ficaram no empate em 0 a 0 pelo Campeonato Brasileiro, em partida realizada no Estádio Amigão (PB).
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