Montevidéu é certeza de emoções para o Flamengo , sejam elas positivas ou negativas. Na capital do Uruguai, o clube saboreou a glória eterna pela primeira vez de ser campeão da Libertadores, mas também já perdeu uma final da competição no mesmo palco, o Estádio Centenário, o mais tradicional do país.
São 23 partidas disputadas na cidade, com oito vitórias, três empates e 12 derrotas. Em 2 de abril de 1933, o Flamengo jogou pela primeira vez no país, em amistoso. De acordo com a Flaestatística, este confronto marcou a estreia rubro-negra em jogos fora do país. A partida foi realizada à época no recém-nascido Estádio Centenário, construído para a Copa do Mundo de 1930.
Para os torcedores mais supersticiosos, o encontro em questão reserva uma boa notícia: o Flamengo venceu o Peñarol por 3 a 2, placar que levaria a decisão desta quinta-feira, pelas quartas de final da Libertadores, para a disputa de pênaltis - no jogo de ida, na semana passada, os Carboneros fizeram 1 a 0.
Hoje tricampeão da Libertadores, o Flamengo conquistou a competição pela primeira vez em 23 de novembro de 1981, com dois golaços de Zico. O adversário foi o Cobreloa.
Depois de vitória por 2 a 1 no Rio de Janeiro e derrota por 1 a 0 no Chile, uma partida de desempate foi marcada para o Centenário, em Montevidéu. Lá, o maior time da história do Flamengo superou a pancadaria liderada pelo chileno Mario Soto numa demonstração de maturidade.
Com os 2 a 0 garantidos, o atacante reserva Anselmo entrou nos minutos finais para revidar os golpes de Soto e seus companheiros. Acertou um soco na cara do adversário e foi expulso.
Quarenta anos depois, já bicampeão da competição, o Flamengo voltou ao Centenário para decidir mais uma Libertadores contra outra equipe de fora do Uruguai. O rival da vez era o também brasileiro Palmeiras.
O Flamengo foi melhor durante boa parte do jogo, teve as principais chances desperdiçadas por Gabigol e Michael, mas acabou penalizado na prorrogação, quando Andreas Pereira recebeu na intermediária defensiva e, ao virar-se para recuar a bola ao goleiro Diego Alves, escorregou diante de Deyverson.
O Flamengo jogou apenas uma vez no novíssimo Estádio Campeón del Siglo, inaugurado pelo Peñarol em 2016. No ano que se tornaria mágico para os rubro-negros, o time que ainda era treinado por Abel Braga - Jorge Jesus entrou no mata-mata - foi para o Uruguai precisando de um empate naquele 8 de maio de 2019 para avançar às oitavas de final da Libertadores.
Depois de Gabigol perder três chances claras no primeiro tempo, o jogo virou drama aos 18 minutos da etapa final, quando Pará foi expulso. Os uruguaios fizeram pressão, o Flamengo teve chance de ouro com Vitinho nos acréscimos, mas o placar não saiu do zero. Alívio para os rubro-negros, e o início de uma caminhada que se tornou gloriosa e terminou com o bicampeonato da competição mais importante do continente.
A reportagem do ge esteve no Estádio Campeón del Siglo, que comporta 40 mil pessoas, e mostrou as condições do gramado, acesso da torcida do Flamengo e as características arquitetônicas dele (veja em vídeo no topo da matéria e em fotos abaixo) .
Membros da delegação rubro-negra foram ao estádio fazer o reconhecimento do gramado. A impressão é de que as condições estavam boas, mas com a grama um pouco alta. É importante destacar que uma máquina fazia a poda do campo durante a visita.
Importante destacar que, apesar da classificação, o Flamengo nunca fez gols contra o Peñarol na Libertadores. Em cinco jogos, são quatro derrotas por 1 a 0 e esse empate que teve sabor de vitória. Se quiser avançar às semifinais, o Rubro-Negro é obrigado a vencer pelo menos por um gol de diferença e forçar a disputa por pênaltis.
Mercosul
O Flamengo viveu três confusões de origens e tipo diferentes em Montevidéu, duas no Centenário e uma no Parque Central. A da semifinal da Mercosul de 1999, contra o Peñarol, o ge contou à exaustão nas últimas duas semanas. Depois de vitória elástica por 3 a 0 no Rio, os rubro-negros perderam por 3 a 2 no jogo de volta, e os uruguaios iniciaram uma verdadeira batalha campal.
Saída de Juninho
Em 2007, o problema foi entre dois rubro-negros. Insatisfeito com as poucas oportunidades que vinha recebendo, o veterano Juninho Paulista, à época aos 34 anos, voltava a ser escalado depois de quase um mês. A partida em questão, jogada em 2 de maio, era contra o Defensor, uma equipe modesta do futebol local. Tratava-se do jogo de ida entre os clubes pelas oitavas de final da Libertadores.
Juninho teve a oportunidade que queria, não correspondeu e foi comunicado que não voltaria depois do intervalo. A decisão tomada pelo técnico Ney Franco revoltou o meia, que o rebateu asperamente. O Flamengo perdeu por 3 a 0 e não conseguiu reverter no Maracanã, vencendo apenas por 2 a 0.
A reação desproporcional fez Kleber Leite, à época vice de futebol do Flamengo , optar pela dispensa de Juninho. Tamanha confusão aconteceu quatro dias antes da final do Campeonato Carioca, em que os rubro-negros eram azarões diante do insinuante Botafogo de Cuca. Apesar da crise na Gávea, o time de Ney Franco venceu o Alvinegro nos pênaltis após empate por 2 a 2 no tempo normal.
Um ano depois, pela fase de grupos da Libertadores, o então líder do Grupo 4 foi a Montevidéu encarar o Nacional, que estava na segunda colocação. O jogo era equilibrado até Bruno falhar, e Richard Morales abrir o placar aos 40 minutos. Aos 42, Toró, xodó da torcida e de Joel Santana, descontrolou-se ao tentar bater um lateral rápido e agrediu um gandula. Acabou expulso.
Aos cinco minutos da etapa final, para piorar, Léo Moura entrou de sola em um adversário. Também foi expulso. O Flamengo perdeu por 3 a 0, mas acabou se recuperando na chave e avançou à segunda fase como líder.
- Acho justo me responsabilizarem. Estou arrependido e pretendo pedir desculpas ao time. Não sei se a equipe conseguiria reagir, mas eu errei. Não deveria tê-lo empurrado. Definitivamente o Uruguai não me traz boas recordações - disse Toró, à época, fazendo alusão também uma briga em 2006, quando, durante um jogo-treino em preparação para outro duelo com o Nacional foi chamado de macaco.
Entre doces e amargas recordações, no dia 26 de setembro de 2024, Montevidéu mais uma vez marcará a vida do Flamengo . Será por uma virada histórica? Ou por uma nova decepção de um estrelado grupo que vem sofrendo em competições importantes desde 2023? A resposta virá pouco depois das 21h (de Brasília), no Estádio Campeón del Siglo.
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