Ministério Público recorre da absolvição no caso do incêndio no Ninho do Urubu

O Ministério Público do Rio de Janeiro recorreu da absolvição de sete réus no caso do incêndio que atingiu o Ninho do Urubu, centro de treinamento do Flamengo. O recurso foi protocolado na última sexta-feira, 24 de outubro, e foi recebido pela juíza Clara Maria Vassali Costa Pereira da Silva.

A absolvição dos réus, que inclui ex-dirigentes do Flamengo e engenheiros, foi proferida pelo juiz Tiago Fernandes de Barros. A sentença, publicada em 21 de outubro, baseou-se na falta de provas técnicas e na ausência de nexo causal entre as ações dos réus e o incêndio. O juiz apontou falhas tanto na perícia quanto na denúncia realizada pelo Ministério Público.

Implicações do recurso

O recurso do Ministério Público é considerado simbólico por especialistas, que destacam três razões que dificultam a reversão da decisão. Primeiramente, o Tribunal de Justiça tende a revisar apenas erros na decisão anterior, sem a possibilidade de reabrir a coleta de provas. Em segundo lugar, a sentença se apoiou em dúvidas técnicas sobre a origem do incêndio. Por fim, a denúncia foi considerada genérica e sem detalhes sobre o papel específico de cada réu.

De acordo com o advogado Rodrigo Rollemberg, a fragilidade da acusação já era evidente antes da sentença. Ele criticou a abordagem do Ministério Público, sugerindo que a denúncia deveria ter focalizado aqueles que foram alertados sobre riscos elétricos e não tomaram providências. “A única prova efetivamente que o MP tinha eram os e-mails mostrados na série da Netflix. As pessoas que receberam esse e-mail não foram denunciadas”, afirmou Rollemberg. Ele complementou que “a denúncia foi sobre algo bem subjetivo e acabaram não conseguindo comprovar a questão do incêndio”.

Réus absolvidos

Os réus absolvidos incluem:

  • Márcio Garotti (diretor financeiro do Flamengo)
  • Marcelo Maia de Sá (diretor adjunto de patrimônio)
  • Danilo Duarte (engenheiro da NHJ)
  • Fabio Hilário da Silva (engenheiro eletricista da NHJ)
  • Weslley Gimenes (engenheiro civil da NHJ)
  • Claudia Pereira Rodrigues (responsável por contratos da NHJ)
  • Edson Colman (sócio da Colman Refrigeração)

Esse caso continua a repercutir entre torcedores e a sociedade, que acompanham as implicações legais e as reações dos familiares das vítimas do incêndio. O desdobramento deste recurso pode afetar a percepção pública sobre a responsabilidade no acidente e a eficácia das investigações realizadas até o momento.