Herói do Flamengo no título da Copa Mercosul de 1999, Lê Cardoso acredita que o clube rubro-negro acertou ao demitir o técnico Rogério Ceni , no início da madrugada desse sábado (10), e contratar Renato Gaúcho .

Após uma sequência de maus resultados e de um áudio vazado de Roberto Drummond, analista do departamento de scout do clube carioca, fazendo críticas fortíssimas ao treinador, a diretoria se reuniu e decidiu pela saída de Ceni - o funcionário foi demitido ainda antes.

"Estava ficando uma situação insustentável pelo que a gente via. Teoricamente, parecia que ele estava perdendo a mão do elenco. A troca de técnico foi válida porque não dá para trocar 11 jogadores. No Brasil, futebol é imediatista", disse Lê, que atualmente roda o Brasil pela equipe de masters do Flamengo, em entrevista exclusiva ao ESPN.com.br .

"Quando o resultado não vem, tem que mudar. Precisava aparar as arestas. É Flamengo, requer mudanças de forma rápida. É um time que vem ganhado títulos em sequência e não pode parar de correr."

Na avaliação do ex-atacante, o grande erro de Ceni foi na condução do miolo de zaga. Lê acredita que o treinador não deveria ter insistido em Bruno Vianna, que recebeu muitas críticas da torcida nas últimas partidas.

"A formação que mais deu certo foi com o Arão na zaga ao lado do Rodrigo Caio. Eles davam mais segurança e tomavam menos gols. O Bruno foi muito inconstante e o Léo Pereira, que foi bem no Athletico-PR, não foi mais usado", lamentou.

"Ele não deveria ter tirado o Gustavo Henrique porque ficou parecendo que ele foi o culpado pela derrota para o Fluminense. O problema é que o lado esquerdo da defesa não foi fechado. O Ceni vinha tirando muito o João Gomes, que era muito importante", explicou.

Lê acredita que faltou alguém do estafe alertar o treinador sobre essas situações.

"Parece que ele cavou a cova dele, complicado. A marcação precisa começar lá na frente, todos precisam correr. Acho que todo mundo do vestiário precisa estar imbuído do mesmo pensamento. Jogador é meio mimado mesmo, a comissão técnica precisa saber o que ele quer. Só que perceber isso não é fácil", explicou.

Além disso, a perda de nomes importantes para a Copa América e a seleção olímpica desestabilizaram o time rubro-negro.

"Perdemos o Gerson [vendido ao Olympique de Marselha, da França] no pior momento junto com Gabigol, Arrascaeta e Éverton Ribeiro. O Pedro ficou de fora por COVID-19 de uns jogos. São caras importantes no elenco. Só que o Flamengo tem uma espinha dorsal, não pode ficar mudando muito. Alguns jogadores que entravam não davam confiança para o Rogério", afirmou Lê.

Ceni deixou o Fla após 44 jogos, com 23 vitórias, 11 empates e 10 derrotas. Ele conquistou o Brasileirão 2020, a Supercopa do Brasil 2021 e o Campeonato Carioca 2021.

"Fico vendo muitos flamenguistas na minha rede social pedindo a volta do Jorge Jesus, mas a gente tem que saber que acabou essa era. É muito difícil ele voltar a curto prazo pela situação do país. Talvez ele volte só daqui uns dois anos. O Flamengo vai ter que acertar com algum nome do Brasil."

Para a vaga de Ceni, foi contratado Renato Gaúcho, que saiu do Grêmio em abril de 2021.

"Acho que o Renato é uma boa alternativa por ter status, um auxiliar e um estafe muito bons e conhecer bem a Libertadores. Eu buscaria o Renato, mas se a diretoria quisesse efetivar o Maurício Souza para ver a sequência não acharia errado", afirmou Lê.

Maurício Souza comandará o Fla de forma interina na partida contra a Chapecoense , neste domingo (11), pelo Campeonato Brasileiro .