Justiça do Rio nega inclusão de empresa em indenização e mantém Flamengo como responsável

Em um desdobramento significativo da batalha judicial que se seguiu à trágica morte de dez jovens atletas da base do Flamengo, a Justiça do Rio de Janeiro decidiu, por unanimidade, barrar a tentativa do clube de incluir a empresa NHJ do Brasil, fornecedora dos contêineres que serviam como alojamento, no processo de indenização. A informação foi confirmada por fontes do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ).

Decisão do tribunal e suas implicações

A 6ª Câmara de Direito Privado do TJRJ negou o recurso do Flamengo, interpretando a manobra como uma tentativa de desviar a responsabilidade do clube na tragédia. O incêndio, que ocorreu na madrugada de 8 de fevereiro de 2019 no Ninho do Urubu, chocou o país e expôs a precariedade das instalações destinadas aos jovens que sonhavam em se tornar jogadores de futebol. As chamas consumiram o alojamento improvisado em contêineres, resultando na morte de dez adolescentes e deixando outros três feridos.

Na esfera cível, o Flamengo buscava a chamada "denunciação da lide", argumentando que a responsabilidade pelo acidente deveria recair sobre a fabricante dos contêineres. No entanto, o colegiado rechaçou essa alegação, afirmando que não foram apresentados elementos que justificassem a inclusão da empresa no processo. A decisão do tribunal se baseou na jurisprudência consolidada tanto no Superior Tribunal de Justiça (STJ) quanto no próprio TJRJ, que proíbe o uso deste recurso jurídico com o único objetivo de atribuir a um terceiro a culpa exclusiva pelo dano.

Flamengo permanece como principal responsável

Com essa deliberação, a decisão original da 1ª Vara Cível da Barra da Tijuca, que já havia negado o mesmo pedido em primeira instância, foi mantida. Assim, o Flamengo continua sendo o principal responsável a responder no processo, o que levanta questões sobre a responsabilidade das instituições em garantir a segurança e o bem-estar de seus atletas.

A tragédia no Ninho do Urubu não apenas deixou marcas profundas nas famílias das vítimas, mas também gerou um debate mais amplo sobre as condições de trabalho e moradia dos jovens atletas em clubes de futebol no Brasil. A luta por justiça e reparação continua, enquanto o Flamengo enfrenta as consequências de suas ações e decisões em um momento tão doloroso.