Muita gente diz que Jorge Jesus chegou da Europa para mudar o futebol brasileiro. Mas, de certa forma, também levou para o Flamengo um pouco de Brasil. Isso porque sua avó materna nasceu aqui. Essa é uma das histórias que o Esporte Espetacular mostra na reportagem deste domingo, depois de ir a Portugal contar as origens do treinador que virou ídolo rubro-negro.
- A minha avó por parte da minha mãe nasceu no Brasil... é verdade. Eu não posso precisar muito, mas acho que foi em Pernambuco - disse José Jesus, irmão mais novo do Mister.
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José Jesus, irmão mais novo do Mister, em frente à casa onde nasceram na cidade da Amadora — Foto: Gustavo Rotstein
A família, aliás, é o grande pilar de Jorge Jesus, nascido na cidade da Amadora, região metropolitana de Lisboa. No número 9 da rua Antônio José de Almeida, no bairro de Venda Nova. Dali pulava a janela e descia pelo poste para jogar bola mesmo se os pais o trancassem em casa. Nas ruas do bairro, o Carinhas - como os amigos o chamavam pelo cuidado com a aparência - fazia armadilhas para afastar os adultos que insistiam em passar pelo meio do campo de futebol durante as suas peladas. Foi também ali que ele começou uma trajetória também marcada pelo trabalho incansável.
Ainda adolescente, depois de mais um dia se dividindo entre estudo, trabalho como ajudante de soldador na fábrica de cabos elétricos da cidade e treino de futebol, Jorge caiu com o rosto num prato de sopa. Foi então que o pai Virgolino, funcionário da mesma fábrica e jogador do Sporting de Lisboa, exigiu que ele tomasse uma decisão: trabalhava ou se dedicava exclusivamente ao futebol. Começava ali a carreira de Jorge Jesus nos gramados.
Foram 18 anos em 14 clubes diferentes de Portugal - apenas o Sporting como grande - até se tornar treinador, em 1989. Foram 20 anos comandando equipes pequenas e médias do país antes assumir o Benfica em 2009. Neste percurso deixou fortes lembranças em vários jogadores.
- Com ele eu praticamente não tinha folga. Mas hoje, já mais amadurecido e vendo o futebol, vejo que ele tinha toda a razão. Eu aproveitei muito pouco o tempo que tive com ele - diz o brasileiro Evandro Roncatto, que atualmente defende o Casa Pia, da Terceira Divisão de Portugal e foi atleta de Jorge Jesus por duas temporadas no Belenenses (2006 a 2008).
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A galera, ou a malta da Amadora: amigos de infância de Jorge Jesus — Foto: Gustavo Rotstein
Mesmo que respire futebol 24 horas por dia, Jorge Jesus não esquece os amigos de infância da Amadora, a malta, como se denomina galera em Portugal. Também não dispensa uma cabeça de garoupa, seu prato preferido num dos principais restaurantes de Lisboa. Todos estão à sua espera.
- Na minha opinião, o Jorge vai ser campeão do Brasileirão e vai ganhar a Libertadores. Ele, se ganhar esses dois títulos, não acho que deva ficar no Brasil. Porque nunca há dois anos iguais. E o torcedor brasileiro cobra muito. Assim, sairia por cima - especula o amigo de infância Julio Antonio.