De uma atuação irreconhecível a uma demonstração de força e organização, o Flamengo mostrou por que é o líder isolado do Brasileirão ao vencer o Corinthians por 2 a 1, de virada, neste domingo (28), na Neo Química Arena. A partida revelou duas faces distintas da equipe comandada por Filipe Luís, que, após ajustes táticos precisos no intervalo, consolidou sua posição na ponta da tabela em uma rodada perfeita.
Mudanças Estratégicas e Desgaste Físico
Pressionado pelo desgaste do jogo da Libertadores contra o Estudiantes, Filipe Luís promoveu cinco mudanças na equipe titular. A mais notável foi a escalação de Carrascal em uma função ofensiva pela direita. Contudo, o que se viu nos primeiros 45 minutos foi um Flamengo apático e taticamente desajustado.
O principal problema da equipe residia na incapacidade de pressionar a saída de bola do Corinthians. Com o volante Raniele recuando para se juntar aos zagueiros, o time da casa formava uma saída de três que quebrava com facilidade a primeira linha de marcação rubro-negra. Sem conseguir roubar a bola no campo de ataque, o Flamengo se viu forçado a recuar, permitindo que o Corinthians explorasse os espaços nas costas de seus defensores, especialmente pelo lado direito. "Não controlamos a profundidade e foi o que eles exploraram com bola nas costas da nossa linha defensiva", admitiu o técnico Filipe Luís.
Essa falha estrutural sobrecarregou o sistema defensivo do Flamengo, que viu o Corinthians acumular chances. Foram 10 finalizações contra apenas uma do Flamengo nos primeiros 40 minutos. A ineficiência corintiana, simbolizada pelo pênalti perdido por Yuri Alberto — que cobrou de cavadinha e parou em uma defesa tranquila de Rossi — foi o que manteve o Mengão vivo na partida. Com a bola, o time também não rendeu: Arrascaeta e Saúl, peças-chave na criação, estiveram desconectados e erraram passes cruciais.
A Virada Tática e a Superação do Flamengo
A mudança de cenário começou a se desenhar nos minutos finais da primeira etapa, quando Filipe Luís ajustou o posicionamento de seu trio de ataque. Samuel Lino passou a flutuar mais por dentro, confundindo a marcação e abrindo corredores. A correção na pressão começou a surtir efeito. Mesmo com o gol de Yuri Alberto logo no início do segundo tempo, o Flamengo não se abateu. Pelo contrário, a equipe manteve a nova organização e impôs sua superioridade técnica.
A pressão na saída de bola corintiana finalmente se encaixou, forçando erros e impedindo as ligações diretas que tanto incomodaram anteriormente. Com a bola nos pés, o Flamengo passou a controlar o jogo. Carrascal e Arrascaeta, apagados na primeira etapa, chamaram a responsabilidade. As triangulações voltaram a funcionar, e a equipe transformou seu volume de jogo em gols.
Aos 9 minutos, em uma jogada construída de pé em pé, Samuel Lino encontrou Carrascal, que serviu Arrascaeta para empatar. A virada refletiu a maturidade e a eficiência do líder do campeonato. Aos 41 minutos, a jogada se repetiu com outros protagonistas. Plata acionou Carrascal, o destaque da partida, que encontrou Luiz Araújo finalizando de primeira para decretar a vitória.
Números que Comprovam a Mudança de Postura
Os números comprovam a mudança de postura: no segundo tempo, o Flamengo finalizou sete vezes, contra apenas três do Corinthians. A vitória em São Paulo, somada às derrotas dos concorrentes diretos, Cruzeiro e Palmeiras, deixa o Flamengo com 54 pontos e uma folga confortável na liderança.
O próximo desafio, contra o vice-líder Cruzeiro, na quinta-feira (2), no Maracanã, ganha contornos de uma decisão antecipada, na qual o time de Filipe Luís terá a chance de provar, mais uma vez, a força de um elenco que sabe sofrer, corrigir e vencer.