Foram dez jogos na trajetória sem maiores percalços, com oito vitórias, um empate em 0 a 0 com o Corinthians e uma derrota por 1 a 0 para o Palmeiras. Ambos em jogos de volta de playoffs em que o Flamengo construíra vantagem no confronto da ida. O Bahia, nas quartas, e o Atlético-MG, na final, foram derrotados nos dois jogos, em casa e fora. Detalhe: com o duelo sendo decidido no campo do adversário nas oitavas, na semi e na final, respectivamente contra Palmeiras, Corinthians e Atlético-MG.
Não há, portanto, o que se questionar na conquista da Copa do Brasil de 2024 pelo Flamengo com o 1 a 0 de ontem, sobre o Galo, na Arena MRV. Nem mesmo pelas atuações do time sob o comando de Tite. É evidente que o sistema de jogo de Filipe Luís destravou o time e conectou o campo com a arquibancada. Mas, bem a seu estilo, o antigo treinador teve cinco vitórias nos seis jogos em que esteve à frente. Queira-se ou não, a conquista passou pelas mãos dele.
Nos nove jogos em que Filipe Luís dirigiu o Flamengo, o time fez 13 gols e sofreu seis. Nos últimos nove com Tite no comando, fez nove e sofreu oito. Mas não são só os números que me forçam a reflexão. Vendo o Flamengo jogar com tanta autoridade, sem receio de ser ofensivo ou de ter a defesa vazada, me pergunto qual seria a realidade na Libertadores ou no Brasileiro se a troca no comando tivesse sido feita 40 dias antes, quando o desempenho era baixo.
Mais precisamente após a derrota para o Bolívar (0 a 1) que classificou o time a duras penas para as quartas da Libertadores. Era a quarta derrota nos últimos seis jogos, com desgaste não só na relação entre o treinador e a torcida. Os próprios jogadores pareciam fatigados. E o que se viu mais adiante foi um Flamengo sofrendo para vencer quatro dos nove jogos que fez até a troca no comando.
A dúvida agora é saber o impacto deste título na vida do clube, no curto e médio prazos. Primeiro, porque matematicamente o time ainda tem chances de brigar pelo título do Brasileirão — remotas, mas tem. Depois, pelo fato de no próximo dia 9 os sócios irem às urnas escolher o presidente para o próximo triênio. Será que ainda dá tempo de sentar com Gabriel Barbosa e reescrever o final da vitoriosa passagem pelo clube?
Dizem que os títulos operam milagres…