Flamengo oscila durante o Brasileirão, troca treinador, cresce na reta final, conta com tropeços de adversários na briga pelo título e assume a liderança em vitória sobre o Corinthians nas últimas rodadas (relembre no vídeo acima) . Este foi o enredo de 2009, mas o torcedor rubro-negro espera que se repita no próximo domingo, quando a equipe encara o time paulista, no Maracanã. Se o Internacional tropeçar diante do Vasco, uma vitória rubro-negra significa a liderança do campeonato.
Grande personagem da campanha do hexa e autor do primeiro gol daquela vitória decisiva sobre o adversário paulista, Zé Roberto lembra deste dia com muito carinho. Considera o seu gol mais importante com a camisa do Flamengo.
- A gente sabia da importância daquela partida. Vivemos aquele jogo a semana toda, pois sabíamos que era uma final, já que foi um dos últimos confrontos. A gente não tinha o Adriano, nosso jogador mais importante. Para sermos campeões precisávamos daquela vitória. Fazer aquele gol foi um momento único. Foi o mais importante com a camisa do Flamengo. Eu viajo bastante, e ainda hoje todo flamenguista que me vê lembra desse jogo e sempre agradece.
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Zé Roberto comemora gol sobre o Corinthians que deu a liderança ao Flamengo — Foto: Reprodução
Para assumir a liderança no domingo, o Flamengo precisa vencer o Corinthians, no Maracanã, e de um tropeço do Internacional diante do Vasco, em São Januário. A equipe pode ter o retorno do zagueiro Rodrigo Caio . Para Zé Roberto, o time rubro-negro tem "plenas condições" de vencer a partida.
- É uma reta final de campeonato que você não tem como tropeçar. O Flamengo tem plenas condições de ganhar do Corinthians, mas não tem jogo fácil. O Corinthians ainda brigando por Libertadores. Com a chegada do Vagner Mancini a equipe se ajeitou. Será um jogo difícil, como todos daqui para frente. Mas comparando os dois times, principalmente se o Flamengo estiver num dia bom, não tenho dúvidas de que o Flamengo vai conseguir vencer o jogo.
Zé Roberto considera o título conquistado em 2009, ao lado de Petkovic e Adriano, o principal da carreira. Ele conta que torcia para o Flamengo desde a infância e que, após aquela conquista, poderia encerrar a carreira realizado.
- O título mais importante da minha carreira. Nós não tínhamos começado bem no Brasileiro. Só caiu a ficha de que poderíamos vencer faltando umas cinco ou seis rodadas. Foi único. Eu cresci no meio de flamenguistas, meu pai e meus tios sempre torcendo pelo Flamengo. Eu tinha muito a memória do time de 1992.
- Você conquistar um título dessa importância com um clube que você se identifica e torcia desde criança é único. Depois daquele título, eu tinha em mente que poderia encerrar a carreira e que estaria muito realizado e feliz.
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Zé Roberto comemora o gol que considera o mais importante com a camisa do Flamengo — Foto: Alexandre Cassiano / Agência O Globo
O ex-meia do Flamengo comentou as semelhanças e diferenças dos times de 2009 e 2020/21. Zé Roberto lembra inclusive de tropeços daquela equipe em jogos importantes, como contra o Goiás, com o Maracanã lotado.
- Acho que são duas equipes diferentes, gerações diferentes, mas de muita qualidade, tanto a de 2009 quanto a de hoje. A qualidade dos times se parece muito. Até as campanhas. Naquele ano, em momento nenhum nós estivemos na liderança, só fomos líderes na penúltima rodada. Também tropeçamos em jogos importantes, como contra o Goiás, quando empatamos com o Maracanã lotado. Mas nos confrontos diretos nós tivemos êxito. Tem todas as possibilidades de o Flamengo repetir o feito daquele time de 2009. E estamos na torcida.
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Adriano e Zé Roberto em treino do Flamengo em 2009 — Foto: Fernando Maia / O Globo
Uma das principais diferenças entre duas campanhas é a ausência de público nos estádios na atual temporada. Zé Roberto acredita que a oscilação rubro-negra no atual Campeonato Brasileiro acontece pela falta de seu torcedor nos estádios.
- Eu sempre falo com meus amigos que essa oscilação do Flamengo na temporada é falta do torcedor. A torcida do Flamengo joga junto com o time e o jogador sente muito isso. Em 2009, foram essenciais no Maracanã. Nos jogos fora de casa, a torcida sempre comparecia. Não tenho dúvida que está fazendo muita falta. Com certeza, se estivesse tendo público normalmente nos jogos, a campanha do Flamengo seria muito mais sólida. Principalmente em casa, o Flamengo perdeu pontos que não costuma perder.
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Torcida do Flamengo no Maracanã em 2009 — Foto: Rodrigo Benchimol
Amizade com Rafinha
O Flamengo tem negociações avançadas para o retorno de Rafinha ao clube . Zé Roberto jogou junto do lateral no Schalke 04, da Alemanha. Lá, se tornaram amigos e têm contato até hoje. O ex-jogador revela conversas que teve com o lateral-direito sobre o Flamengo nos tempos de Europa.
- O Rafinha é um dos amigos que eu fiz no futebol. Até hoje a gente sempre se fala. Quando eu cheguei na Alemanha, ele já estava há algum tempo, então me ajudou muito. A gente criou uma relação de muita amizade. Conheço toda a família do Rafa. Ele é um cara diferenciado, uma pessoa especial para mim. Eu via a felicidade dele jogando no Flamengo. Parecia que ele já estava há anos no clube, se identificou muito. Como jogador, dispensa comentários a qualidade dele. É um cara muito especial, um amigão. Estou torcendo muito para que ele volte ao Flamengo.
- Engraçado que quando eu voltei do Flamengo para a Alemanha, ele sempre teve a curiosidade de saber como era o Flamengo. Sempre perguntava como era a torcida, como era jogar pelo Flamengo no Maracanã. Como era ser campeão pelo Flamengo. Quando ele veio para cá a gente se falou e ele dizia: “Bem que você falava que o Flamengo era diferente, Zé”.
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Rafinha e Zé Roberto comemoram gol pelo Schalke — Foto: Getty Images
Apelido de "Zé Boteco"
Na Alemanha, Zé Roberto e Rafinha foram fotografados com bebidas numa festa na casa do lateral-direito. Os jogadores comemoravam a classificação para a Champions League em 2008, durante uma folga, mas a cena tomou uma grande proporção. Essa e outras situações deram ao ex-meia o apelido de "Zé Boteco". O jogador conta que é chamado desta forma por rubro-negros até hoje.
- Os torcedores do Flamengo têm um carinho muito grande por mim. O que eu mais prezo na minha vida é esse carinho e esse respeito. Eu viajo e onde vou eles chamam, gritam: “Zé Boteco, obrigado pelo título de 2009”. Eu acho bacana. Nunca levei isso para o lado pessoal, um lado negativo. Sempre tirei isso de letra. A torcida do Flamengo em 2009 era isso mesmo, eu lembro que eu passava naquela geral, perto do gramado, e a galera gritando quando eu fazia gol. Me chamavam de Zé Boteco e meio que pegou mesmo. É uma forma de eles expressarem o carinho que têm por mim, e eu levo numa boa.
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Zé Roberto, Rafinha e Kevin Kurányi em festa nos tempos de Schalke 04 — Foto: Reprodução
Aos 40 anos, vivendo em Lauro de Freitas, na Bahia, Zé Roberto conta olhar para a carreira com muito orgulho de todas as conquistas. Ele trabalha ainda com futebol, mas fora dos gramados. Há cerca de um ano, atua agenciando atletas. Porém, a carreira que acompanha mais de perto é a do filho, João Vitor, de 14 anos, que joga como meia nas categorias de base do Vitória.
- Sou realizado. Quando parei em 2015, todo mundo falava que eu estava parando muito cedo, com 34 anos. Eu estava bem tranquilo pois tinha me preparado para aquilo. Justamente por olhar para trás, ter essa satisfação de ter jogado em grandes clubes e, graças a Deus, sempre conquistando títulos. Eu pensei que sentiria mais falta do futebol, e não senti. Agora estou preparando o filhão, que está vindo aí. Ele é meio-campista, um pouquinho mais recuado que o pai.
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Zé Roberto ao lado de seu filho João Vitor, de 14 anos — Foto: Arquivo pessoal
Nos momentos de descanso, Zé Roberto conta que costuma ficar em casa com a família. Porém, não esconde o alívio por não ser fotografado como nos tempos de jogador na hora do chope em um restaurante.
- Hoje é tranquilo. A gente aqui em casa é muito reservado. Quando estou em casa, procuro ficar com meu filho, levar aos treinos, acompanhar. Depois de ter vivido essa vida louca de concentração, viagens, agora só quero relaxar com a família. Mas realmente, quando você vai num restaurante e não precisa se preocupar se vão tirar fotos suas, você fica mais aliviado. Quando se é atleta, é complicado de se pedir um chope, pois alguém pode tirar uma foto e você não sabe como aquilo vai chegar na imprensa.