Após uma série de críticas contundentes da presidente do Palmeiras, Leila Pereira, e de outros clubes, o Flamengo se manifestou sobre a polêmica envolvendo a Libra e o rubro-negro. Na última terça-feira, a dirigente alviverde intensificou o tom de suas declarações, dias após o clube carioca obter na Justiça o bloqueio de pagamentos de uma parcela dos direitos de TV do Campeonato Brasileiro, que deveria ser distribuída entre os membros da liga. Em uma provocação, Leila sugeriu a criação de uma liga sem o Flamengo, afirmando que o time deveria jogar "sozinho" ou contra a própria equipe sub-20: "Aí eu quero ver a audiência que eles vão ter".
Flamengo reafirma compromisso com a Liga
Em resposta, o Flamengo divulgou uma nota oficial, na qual reafirma sua crença na liga e a busca por um acordo, sem impor "nada a ninguém e nem pode aceitar imposição". O rubro-negro destacou que a controvérsia gira em torno dos critérios para a divisão de 30% das receitas de transmissão de TV. O clube enfatizou que o estatuto da liga precisa ser complementado, pois "não constam os percentuais de audiência dentro dos 30% destinados a essa fatia na divisão dos direitos de transmissão".
O Flamengo explicou que, durante as discussões na Libra, foram apresentados seis cenários para a divisão das receitas. De acordo com o estatuto da liga, a solução deve ser aprovada por unanimidade. Contudo, outros clubes votaram em cenários distintos, e a falta de consenso levou o Flamengo a acionar a Justiça, já que a verba estava sendo paga segundo uma divisão não aprovada por todos.
Esclarecimentos sobre a participação do Flamengo
Na nota, o clube fez uma série de esclarecimentos sobre o que considera falso e verdadeiro na discussão. É falso que o Flamengo não queira participar de uma liga; se assim fosse, não teria ingressado na Libra. Também é falso que o Flamengo esteja buscando uma “virada de mesa”, uma vez que o clube respeita os contratos — basta consultar as atas de reuniões para comprovar. Além disso, é falso que o Flamengo negue ter assinado contrato e queira reverter suas condições, mudando a regra do jogo.
A convocação da Assembleia Geral da Libra em maio de 2025 é clara: convoca para a votação e aprovação de cenários relativos à audiência na venda dos direitos de transmissão. O Flamengo também negou que esteja pleiteando receber de volta R$ 100 milhões ou que tenha sido acordada qualquer definição de percentuais de audiência, uma vez que o Estatuto é omisso nesse ponto. Por isso, a assembleia-geral da Libra teve que deliberar sobre a lacuna existente no estatuto, mas não houve uma conclusão.
A busca por diálogo e a postura irredutível dos clubes
O Flamengo votou contra a opinião dos demais clubes, mas mesmo assim, a Globo pagou as parcelas segundo o cenário proposto pela Libra, o que é considerado ilegal, pois fere a unanimidade do Estatuto. O Flamengo está cumprindo o Estatuto, mas este precisa ser complementado. O clube sempre buscou diálogo e, após a assembleia de agosto, procurou três clubes para negociar. Durante esses encontros, o Flamengo reiterou a proposta de um cenário alternativo para 2025 (cenário 4) e a discussão de um critério para os anos de 2026 a 2029. No entanto, nenhum clube aceitou discutir, mantendo uma postura irredutível.
O Flamengo sempre esteve aberto a acordos, mas nem a Libra nem os clubes apresentaram qualquer contraproposta em qualquer momento desde fevereiro de 2025. Não há qualquer documento que comprove a definição dos percentuais de audiência. O Estatuto possui uma regra de transição que assegura a todos os clubes um valor mínimo garantido nos anos de 2025 a 2029, equivalente à quantia recebida em 2023 corrigida pelo IPCA. Se essa regra tivesse sido respeitada em 2025, o Flamengo receberia R$ 321.181.432 nesse ano. Ao considerar como válida uma aprovação irregular (sem unanimidade) e distribuir recursos sem respaldo estatutário, os atos da Libra são considerados ilegais.