O Flamengo emitiu uma carta aberta propondo a adoção de práticas de fair play financeiro no Brasil, com foco na proibição do uso de gramados sintéticos nos clubes. O presidente do clube, Luiz Eduardo Baptista, fez críticas contundentes à implementação de campos artificiais, que considera inadequada para o contexto do futebol brasileiro.
Críticas aos gramados sintéticos
Na entrevista publicada no "Poder360", Baptista destacou que a Fifa permite o uso de gramado sintético apenas em países com climas severos, como aqueles onde a neve é comum por longos períodos. “O gramado sintético foi aprovado pela Fifa em situações excepcionais para países que ficavam oito, nove meses sob neve”, afirmou. O presidente argumentou que a condição de jogar em um campo de grama sintética não deve ser uma vantagem competitiva no futebol.
Baptista também mencionou os altos custos envolvidos na manutenção de um gramado natural no Maracanã, que gira em torno de R$ 50 milhões por ano para Flamengo e Fluminense. “Custa ao Flamengo e ao Fluminense, que são sócios do Maracanã, algo em torno de R$ 50 milhões por ano para manter um gramado perfeito com 80 partidas por ano”, explicou.
Situação dos clubes em recuperação judicial
Além das propostas sobre gramados, o Flamengo também apresentou restrições para clubes que estão em recuperação judicial, como o Vasco da Gama. Baptista questionou a continuidade de gestões que levam os clubes a essa situação. "Se você não tem condição de praticar o futebol em campo de grama, talvez você não possa disputar a Série A do Brasileirão", disse.
Na perspectiva do presidente, as decisões financeiras devem ser responsáveis e coerentes, sem recorrer a condições adversas como justificativa para a gestão ineficaz. “A vida é feita de escolhas. [...] Essas escolhas não podem ser consideradas eventos como ciclones ou tornados que nos afetaram”, completou.
Implicações para o futebol brasileiro
As propostas do Flamengo e as críticas de Luiz Eduardo Baptista levantam um debate sobre a ética e a competitividade no uso de gramados sintéticos no futebol brasileiro. Atualmente, clubes como Atlético-MG, Botafogo, Palmeiras, Athletico-PR e Chapecoense utilizam gramados sintéticos na Série A, o que pode gerar um ambiente desigual para a competição.
As sugestões do Flamengo podem ter repercussões significativas no cenário do futebol nacional, especialmente em relação à forma como os clubes devem se estruturar financeiramente e a necessidade de um padrão de qualidade no que diz respeito aos campos de jogo.
Com a proposta de promover um fair play financeiro, o Flamengo busca não apenas proteger sua própria posição, mas também fomentar um ambiente mais justo e equilibrado para todos os clubes do país. A discussão sobre a utilização de gramados sintéticos e a recuperação judicial promete continuar em evidência, à medida que as diretrizes do futebol brasileiro evoluem.