Flamengo e River Plate disputam a decisão da Conmebol Libertadores no próximo sábado (23 de novembro), em Lima, no Peru. O FOX Sports transmite a decisão ao vivo e com exclusividade para a tv fechada em seus dois canais, com pré-jogo começando às 15h. Esta será a primeira vez em que a final do torneio será disputada em jogo único, em um campo neutro. Em entrevista exclusiva ao FOXSports.com.br , o ex-jogador Tinga disse que vê o Fla com vantagem nesse cenário por estar mais "sedento" pela conquista.
“Não sei, acho que o Flamengo está mais sedento pela competição. Acho que, em termos de público, o estádio vai estar mais flamenguista. Imagino eu. Um clube que está há mais de trinta anos sem ganhar uma Libertadores, imagino que deva ter mais flamenguistas. E, quem jogar o melhor futebol, a gente não sabe. 15 dias é muita coisa no futebol. Não sabemos como vai chegar cada clube lá, mas, hoje, o Flamengo tem uma condição bem boa”, disse o ex-jogador.
Campeão da competição com o Internacional em 2006, tendo marcado um dos gols da equipe na partida do Beira-Rio, Tinga ainda elegeu a equipe brasileira como a que passa uma segurança maior do que seu rival, por estar em melhor momento.
“Não sei se é favorito, mas o que o Flamengo está fazendo passa uma segurança de chegar com uma vantagem e de todo mundo acreditar que pode ganhar”, completou.
Leia a entrevista com Tinga completa abaixo:
O que você acha que está faltando para o Borussia conseguir virar a chave e conseguir brigar pelo título?
Borussia sempre fez isso. Ano passado deu uma escapada. É um time jovem e, às vezes, essas coisas precisam acontecer para que a gente possa aprender. Futebol nos ensina com a prática. E eu acredito que o Borussia, esse ano, tendo a possibilidade de buscar a frente de novo não vai deixar escapar porque tem uma experiência agora.
Qual a principal diferença entre as torcidas da Alemanha e do Brasil? Qual a sensação de jogar em frente à Muralha Amarela?
Sensação é única, porque você sabe que todos que estão ali estão te apoiando e torcendo por ti. O torcedor alemão, torcedor do Borussia, quando vai a campo, não escolhe por quem está torcendo. ‘Ah, esse jogador faz gol, esse não faz’. Qualquer um que está com a camisa do time dele, ele está torcendo. E assim são com as ações. Você faz uma ação em um lugar, independente se você é um titular se é goleador ou não, chega lá e está cheio de torcedor. Os caras amam, realmente, a camisa do clube, e não as pessoas. Naturalmente, quando você ama a camisa, você vai adorar e apoiar a pessoa que está vestindo, da mesma forma. A diferença é que aqui nós queremos que o futebol seja a solução de um país todo. O alemão vai para o campo esperando as coisas que aconteçam dentro do futebol. Aqui, a gente vai para o campo descarregando algumas coisas que não são do campo, não são do clube. Os torcedores vão lá para torcer ou até para criticar, mas dentro do campo, e depois, quando sai do campo, você passa por esse mesmo torcedor na rua e ele não te fala nada.
Quando você foi dirigente do Cruzeiro, você já sabia dessa situação? Você imaginava que poderia chegar onde está hoje?
Não, até porque são outras pessoas. Um dos motivos de eu sair do clube foi a mudança. Não imaginava que poderia acontecer o que está sendo falado. Eu escolhi sair do clube pela mudança que ia acontecer. Como eu não conhecia as pessoas e não sabia como ia proceder. E o propósito era que todo mundo saísse e eu ficasse dentro do departamento. E eu não senti que isso, dentro daquilo que acredito, não seria leal eu permanecer. Todos me ajudaram a ser campeão da Copa do Brasil. Eu participei do projeto, onde a gente conseguiu, mesmo sem dinheiro, com as coisas que acontecem nos clubes do Brasil, que estão sempre em dificuldade, mas sempre fazendo as coisas iguais. Tínhamos isso também lá, mas não esperava que, com a mudança, viriam essas coisas que vem até hoje. Mas eu costumo sempre falar muito pouco disso, pelo respeito que eu tenho pelo Cruzeiro, pelo amor que eu tenho por aquele clube. Aquele clube me ajudou a passar pela maior dificuldade que um jogador pode passar, que é a aposentadoria. Maior medo do jogador é o final da carreira. E o Cruzeiro participou desse momento na minha vida. Cruzeiro me fez sair do futebol de uma maneira saudável, uma maneira tranquila, onde eu não tive problemas psicológicos, não tive nada, porque o Cruzeiro me apoiou muito na minha decisão e depois me deu a oportunidade de trabalhar. Então, cada vez que eu vejo alguma coisa sendo falada mal do Cruzeiro, eu fico muito triste. Então, por isso, pouco falo sobre esse tema. Única coisa que eu posso fazer pelo clube é não estar trabalhando nessa situação. Foi isso que eu escolhi e, graças a Deus, foi a escolha mais certa que eu fiz. A mais difícil que eu fiz, também, porque não é fácil. Você ganha uma Copa do Brasil, na verdade, os jogadores ganham e os treinadores ganham, nós, como dirigentes, somos apoio. Mas igual eu me sinto feliz de, no meu primeiro ano, já ser campeão. Duas semanas depois de ser campeão da Copa do Brasil, com muita dificuldade, você chega em casa e fala para os seus filhos que vocês vão embora para Porto Alegre. E você vê sua família toda chorando, porque gosta da cidade, gosta do clube. Então, não foi fácil, mas foi a melhor decisão que eu tomei na minha vida, depois do futebol.
Você acha que o Cruzeiro vai escapar do rebaixamento?
Com certeza. Pelo nível daqueles jogadores, pela qualidade, são todos vencedores. Aquele grupo, a base dele está há seis anos lá, ganhando dois Campeonatos Brasileiros e duas Copas do Brasil. Então, esses caras não são quaisquer jogadores. Quatro títulos nacionais em seis anos, não são quaisquer jogadores. Lógico, as coisas que vão acontecendo fora do campo, querendo ou não, vão emergindo para dentro do campo. Aconteceu, mas eu acredito que o Abel está conduzindo bem a situação e os jogadores entenderam que a causa maior é manter o clube na primeira divisão.
Quem você acha que seria um bom nome para assumir o comando técnico do Internacional em 2020?
Não acho nada fora do futebol. Costumo dizer que se falar das decisões das pessoas que estão trabalhando, sem estar lá dentro, é uma das maiores covardias que se vê no futebol. Principalmente da gente que trabalhou no futebol. Quem trabalhou lá dentro sabem como é difícil a tomada de decisões e uma série de coisas que envolve. Lógico, que é trabalho da imprensa é dar palpite, dar sugestões, comentar. Mas as pessoas que já trabalharam dentro da gestão ou que já jogaram sabe como é difícil a tomada de decisões. Quantas coisas que acontecem lá dentro e a gente não sabe. Então, qualquer coisa que eu falar que acho ou não acho seria total leviano da minha parte. O que eu faço, por ser colorado, é torcer. É o máximo que eu posso fazer e que não interfere em nada é torcer, seja em casa ou no estádio.
Você acha que aquele pênalti contra o Corinthians, em 2005, poderia ser marcado com o VAR nos dias de hoje?
Com o VAR, eu estaria com o título. Eu acho, porque até o VAR a gente está conseguindo estragar, um negócio que é bom. Mas eu acho que, com o VAR, eu teria mais um Brasileiro no currículo.
Qual fator você acha que pode atrapalhar o Flamengo a não conquistar esse título?
O fator de ser só um jogo. Um erro grave pode ser um problema. Um erro grave pode ser em um passe, um posicionamento, em uma falta, o VAR. Enfim, a gente costuma dizer que em jogos decisivos não pode haver erro grosso. Um erro grosso arruma uma punição grossa. Então, acho que, em final, um erro grosso pode ser um grande problema o Flamengo ou o River podem passar.
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Crédito da foto: Arte FOX Sports