Flamengo faz acordo com a última família das vítimas do incêndio no Ninho

publicidade

Em nota oficial, o Flamengo informou na noite desta terça-feira que celebrou um acordo com os pais do goleiro Christian Esmério, única família das 10 vítimas fatais do incêndio no Ninho do Urubu em 2019 que ainda não tinha sido indenizada e processava o clube na Justiça. O jovem tinha 15 anos, defendia a seleção de base e era monitorado pelo exterior quando morreu na tragédia. Até hoje, nenhuma pessoa foi punida criminalmente pelo ocorrido.

Christian Esmério — Foto: Reprodução

Os advogados Louis de Casteja, Fernando Cesar Leite, Antônio Sergio Pereira Conçalves e Aguinaldo Silva Dias Junior, que representam a família Esmério, emitiram uma nota oficial elogiando a mudança de postura do clube, desde a eleição de dezembro passou a ser comandado pelo presidente Luiz Eduardo Baptista, o Bap. Veja abaixo:

"O Flamengo , ao adotar uma postura mais empática e consciente, reconheceu que a tragédia transcende questões financeiras, honrando a memória do jovem atleta. Desta forma, considerando o sigilo estabelecido no processo e no acordo firmado com o Clube de Regatas do Flamengo , a família e seus advogados não irão se manifestar acerca dos termos acordados" .

Nota da família do goleiro Christian Esmério após o acordo com o Flamengo — Foto: Divulgação

O valor da indenização não foi revelado e está protegido sob cláusula de confidencialidade no acordo pactuado na Justiça . No ano passado, a Justiça condenou o Flamengo a pagar R$ 2,82 milhões de danos morais para os pais de Christian (valor a ser dividido igualmente entre eles) e R$ 120 mil ao irmão, além de uma pensão mensal de R$ 7 mil, que já vinha sendo paga de forma voluntária pelo clube, até 2048 ou até o falecimento dos genitores.

O valor é menor do que inicialmente pedia a família na ação, onde constava a pedida de R$ 5,2 milhões de danos morais para os pais e R$ 240 mil para o irmão, além de R$ 3,9 milhões de pensão, à vista ou parcelado por mês. Por outro lado, a quantia é maior do que a sugestão na época da Câmara de Conciliação formada para ajustar os acordos entre o clube e os familiares, que propôs indenização de R$ 2 milhões e pensão mínima de R$ 10 mil para cada família por cerca de 30 anos.

Cristiano Esmério e Andréia de Oliveira, pai e mãe de Christian Esmério — Foto: Ronald Lincoln/ge

Desde 2019, a torcida do Flamengo canta em todo minuto 10 dos jogos uma música como forma de luto pelos 10 garotos do Ninho e para não deixar as mortes caírem no esquecimento. Em 2022, três anos depois do incêndio, considerado a maior tragédia da história rubro-negra, o clube inaugurou uma capela ecumênica no CT como forma de homenagem às famílias.

Em 2024, foi lançado o livro "Longe do Ninho", de Daniela Arbex, que conta a história dessa tragédia. Em todo dia 8 de fevereiro desde a morte dos meninos, o Flamengo organiza uma missa no Ninho do Urubu. Alguns pais costumam comparecer. No museu do clube, na Gávea, também havia uma homenagem, mas depois da reforma ela foi retirada.

Garotos do Ninho - Flamengo x Madureira — Foto: André Durão - GloboEsporte.com

"O Clube de Regatas do Flamengo informa que celebrou acordo com a família de Christian Esmério em relação ao processo nº 0305333-17.2021.8.19.0001, que tramita na Justiça do Estado do Rio de Janeiro, e trata do pleito da última família ainda não indenizada pelo acidente ocorrido no Ninho do Urubu em 2019.

O Flamengo entende que não há dinheiro no mundo que possa aplacar a dor pela perda de um filho ou de um irmão, mas continuar litigando, consideradas as circunstâncias do caso concreto, poderia impor ainda maior sofrimento à família, o que não é o desejo do Clube. Desta forma, terminar o processo e permitir à família a compensação financeira, mediante a celebração do acordo, era prioridade máxima da atual Administração do Flamengo ".

Carrossel 10 atletas mortos Flamengo incêndio Ninho do Urubu — Foto: Infoesporte

Eduardo Bandeira de Mello, ex-presidente do Flamengo , é um dos réus no processo. O advogado Rafael Kullmann, que defende Bandeira de Mello, disse acreditar que "a Justiça inicia o caminho em direção à verdade", em que ficará comprovada a inocência de seu cliente.

O ex-diretor do Flamengo , Antonio Marcio Mongelli e Garotti, também se tornou réu.

Quatro representantes da Empresa Novo Horizonte Jacarepaguá importação e exportação, a NHJ, também são réus: Claudia Pereira Rodrigues, por ter fornecido os módulos onde dormiam os atletas, segundo o MP, em desacordo com a finalidade anunciada e ainda os engenheiros Fábio Hilario da Silva, Danilo da Silva Duarte e Weslley Gimenes, responsáveis pela fabricação, montagem e instalação dos contêineres.

Também foi denunciado Edson Colman da Silva, sócio da Colman Refrigeração, que realizava a manutenção nos seis aparelhos de ar condicionado dos módulos.

Assista: tudo sobre o Flamengo no ge, na Globo e no sportv

Fonte: Globo Esporte