Pela primeira vez na história do Flamengo, as torcidas organizadas se unem em uma iniciativa significativa contra a violência às mulheres. A Bancada Feminina do Conselho Deliberativo lidera este movimento, que visa ampliar a participação feminina e valorizar as mulheres dentro do clube. Com o apoio institucional, o Flamengo reafirma seu compromisso com a igualdade de gênero.
Palestra na Gávea: Um Encontro Transformador
A palestra, marcada para o dia 11 de setembro, às 18h30 (horário de Brasília), ocorrerá na sede da Gávea, no Rio de Janeiro. A Secretaria de Estado da Mulher será responsável pelo encontro, que contará com a participação ativa das torcidas. Esta ação evidencia que o combate à violência requer uma união entre o poder público e a sociedade civil. Integrando o protocolo “Não é Não! Respeite a Decisão”, o evento promove a capacitação prevista em Lei Federal sobre segurança para meninas e mulheres, incentivando a criação de ambientes mais acolhedores, tanto dentro quanto fora dos estádios.
A Importância da Mobilização
Ao ampliar o debate sobre a violência de gênero, o Flamengo assume um papel de destaque na sociedade, inspirando outras instituições a seguirem seu exemplo. A união entre o clube, os torcedores e as autoridades demonstra que a mudança é fruto de uma ação coletiva. Assim, o futebol se transforma em um espaço mais inclusivo, onde as mulheres podem participar com liberdade e segurança.
Impacto da Iniciativa para o Clube e Torcedoras
Em entrevista, Marion Kaplan, presidente da Bancada Feminina do Conselho Deliberativo do Flamengo, ressaltou a importância dessa mobilização para o clube e para o futebol brasileiro. “A presença crescente de mulheres nas arquibancadas e no dia a dia do clube exige que o Flamengo olhe com mais atenção para esse público”, afirmou. Uma pesquisa O GLOBO/Ipsos-Ipec revelou que 48% da torcida do Flamengo é composta por mulheres, e quase 20% das mulheres brasileiras se identificam como flamenguistas. Essa realidade desmistifica a ideia de que o futebol é um espaço exclusivamente masculino. “As mulheres estão cada vez mais participando, torcendo, se envolvendo e conquistando seu espaço”, completou.
Marion enfatizou que o Flamengo deve considerar as mulheres de maneira mais específica, ouvindo suas necessidades e realidades. “Além disso, o Flamengo, devido ao seu tamanho e ao tamanho de sua torcida, precisa ser sempre protagonista no cenário do futebol nacional”, acrescentou. Ela também destacou o papel social do clube, que vai além das quatro linhas. “O Flamengo está inserido na sociedade e tem um papel social, através da formação de atletas, mas também de projetos sociais e campanhas de conscientização”, disse.
Compromisso Contínuo com a Causa Feminina
Questionada sobre a continuidade da ação com as torcidas, Marion afirmou que o clube já demonstrou um engajamento contínuo em pautas femininas e no enfrentamento à violência. “Na verdade, não é a primeira iniciativa deste tipo que o Flamengo fez. O clube tem aderido cada vez mais ao combate à violência contra mulheres. Ele é signatário do pacto ‘Antes que Aconteça’, contra o feminicídio, e faz parte do movimento ‘Todos por Elas’, junto à Secretaria da Mulher do Estado e aos outros três clubes do Rio”, explicou.
A conselheira também abordou o papel da Bancada Feminina na construção dessas ações. “A Bancada Feminina do Flamengo auxilia o clube em todas estas iniciativas, elabora propostas e submete sugestões com frequência. E, felizmente, temos recebido bastante apoio e incentivo para darmos continuidade, não apenas nestas ações, mas também nas pautas femininas em geral”, afirmou.
Transformação Cultural nas Arquibancadas
Ao discutir o impacto dessa mobilização na segurança das arquibancadas para as mulheres, Marion destacou o potencial transformador das torcidas organizadas como agentes de mudança cultural. “As torcidas organizadas podem, aliás, já estão, se tornando poderosas aliadas no combate à violência contra mulheres. Por um lado, cada vez mais mulheres estão frequentando as arquibancadas, e é fundamental que elas se sintam à vontade, sem sofrer discriminação ou assédio nos estádios”, afirmou.
Marion Kaplan concluiu ressaltando o potencial multiplicador da iniciativa, que vai além dos muros do estádio e alcança a sociedade como um todo. “Conscientizar sobre o tema da violência contra mulher significa mostrar todo tipo de violência (não apenas física) que as mulheres sofrem na sociedade como um todo. Significa também desconstruir o machismo histórico e estrutural e refletir como e onde cada um e cada uma pode atuar em prol de uma coletividade mais segura e mais equitativa”, finalizou.