Na última quinta-feira (4), o Flamengo protocolou uma carta ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) durante o julgamento do atacante Bruno Henrique. O documento, lido pelo advogado Michel Assef Filho, teve como objetivo reforçar a tese de que o cartão amarelo recebido pelo jogador não causou prejuízo ao clube. Para a diretoria rubro-negra, o episódio não se configura como manipulação de resultado, mas sim como um simples repasse de informação privilegiada.
Contexto do Cartão Amarelo
O Flamengo argumentou que o cartão recebido por Bruno Henrique não trouxe qualquer dano esportivo. O clube esclareceu que, dentro do planejamento da temporada, a possibilidade de receber o cartão era prevista, uma vez que isso minimizaria o risco de suspensão em partidas decisivas. A carta também ressaltou a trajetória do jogador no clube e reafirmou o compromisso institucional com a ética e o fair play.
A defesa utilizou essa argumentação para sustentar a ideia de que Bruno Henrique apenas compartilhou a informação sobre a possibilidade de receber o cartão, sem qualquer intenção de manipular resultados. Assim, a carta se tornou uma peça fundamental para dissociar a acusação de manipulação de apostas, demonstrando que o Flamengo não sofreu prejuízo técnico ou competitivo.
Conteúdo da Carta
O conteúdo da carta apresentada pelo Flamengo foi claro e direto. "Prezados auditores do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, o Clube de Regatas do Flamengo, por meio de seus representantes legais, em atenção aos fatos ocorridos na partida disputada entre Flamengo e Santos, válida pela 31ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2023, ocorrida no dia 1º de novembro de 2023, vem respeitosamente, ciente de que a presente declaração servirá como prova nos autos do presente processo, informar e declarar que não teve prejuízo esportivo em decorrência do cartão amarelo recebido pelo atleta Bruno Henrique nos momentos finais da mencionada partida."
O documento prosseguiu explicando que "dentro do planejamento estabelecido pelo clube para a temporada de 2023, o melhor interesse esportivo do Clube de Regatas do Flamengo não foi afetado ou prejudicado na hipótese de o atleta receber, como de fato recebeu, o terceiro cartão amarelo naquela ocasião." Além disso, destacou a importância de Bruno Henrique como ídolo do clube e reafirmou o compromisso com o fair play.
Rebatendo Acusações
A defesa também contestou as acusações baseadas nos artigos 243 e 243-A do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que tratam de condutas prejudiciais à equipe e manipulação de resultados. Os advogados argumentaram que não houve qualquer tipo de prejuízo técnico ao Flamengo na partida contra o Santos. "Cadê o prejuízo? O prejuízo que é trazido pelo delegado e pela procuradoria é que o Flamengo poderia ficar atrás em um critério de desempate. Que história é essa? Quem estava acima do Flamengo? Atlético-MG. O critério de desempate foi saldo de gols", questionou a defesa.
Além disso, contestaram a necessidade de ouvir o árbitro Raphael Claus, argumentando que a falta que resultou no cartão não deveria ter sido marcada. A maioria dos auditores, no entanto, decidiu pela continuidade do julgamento, rejeitando os pedidos da defesa.
Decisão e Próximos Passos
Ao final da sessão, Bruno Henrique foi condenado a 12 jogos de suspensão e multa de R$ 60 mil, uma decisão tomada em primeira instância pela maioria dos auditores. O Flamengo anunciou que irá recorrer ao Pleno do STJD, buscando reverter a condenação com os mesmos fundamentos apresentados na sessão inicial. A defesa de Bruno Henrique permanece confiante em uma absolvição nas instâncias superiores.
O desenrolar deste caso é um reflexo da complexidade das questões que envolvem o futebol brasileiro, onde a ética e a integridade são constantemente colocadas à prova. O Flamengo, por sua vez, reafirma seu compromisso com a transparência e a justiça esportiva, enquanto aguarda os próximos passos no processo.