A disputa pela divisão de receitas da Libra reacendeu tensões entre os clubes da Série A do Campeonato Brasileiro. O Flamengo, insatisfeito com os valores recebidos pelo pay-per-view, reivindica um aumento que poderia resultar em R$ 23 milhões a mais por temporada. No entanto, a proposta foi rejeitada pelos demais integrantes da liga, que consideram inviável alterar o orçamento já projetado para 2025.
O impasse teve início logo após o pagamento da primeira parcela do PPV pela Globo, que detém os direitos de transmissão da Libra. O Flamengo enviou uma notificação extrajudicial à emissora e à própria liga, exigindo uma revisão nos critérios de divisão. Para a diretoria rubro-negra, o modelo atual reduz significativamente a receita que o clube recebia até 2024.
Assembleia e votação contrária
A questão foi discutida na assembleia realizada no dia 26 de agosto, onde todos os outros clubes da Libra que disputam a elite do futebol brasileiro — Atlético-MG, Bahia, Grêmio, Palmeiras, Red Bull Bragantino, Santos, São Paulo e Vitória — votaram contra a redistribuição imediata. O argumento central é que, para o Flamengo ganhar mais, os demais clubes perderiam recursos já comprometidos em seus planejamentos financeiros.
Apesar da negativa, alguns dirigentes admitiram a possibilidade de abrir discussões sobre mudanças para 2026, buscando um entendimento futuro. Atualmente, o modelo de divisão da Libra é baseado em 40% igualitário, 30% por performance e 30% por audiência. É exatamente este último critério que o Flamengo contesta, alegando que também perdeu receita em comparação com o ciclo anterior.
A polêmica do patrocínio
A situação se torna ainda mais controversa, uma vez que o clube carioca assinou recentemente o maior contrato de patrocínio máster do país. O acordo com a Betano renderá R$ 268 milhões por temporada ao Flamengo, um valor consideravelmente superior ao montante em disputa na questão da receita da Libra. Mesmo assim, a diretoria rubro-negra considera a redistribuição uma questão estratégica.
Posicionamento firme do presidente
Luiz Eduardo Baptista, o Bap, presidente do Flamengo, já se manifestou contra um modelo mais equilibrado, como os adotados em ligas como a Premier League e a LaLiga. Em julho, ele afirmou que jamais aceitaria limitar a diferença de receita em até 3,5 vezes entre os clubes, considerando essa medida uma “desapropriação” de ativos que pertencem ao Flamengo.
Nos bastidores, cresce o temor de que o tema acabe na Justiça. Enquanto o memorando de entendimento entre Libra e Liga Forte União segue em negociação, o impasse expõe a dificuldade dos clubes brasileiros em encontrar um modelo de gestão unificado. O Flamengo, isolado nas votações, mantém firme sua posição de não abrir mão de uma fatia maior do bolo.