Filipe Luís conquistou o terceiro título da carreira como técnico do Flamengo e disse que quer mais. Depois de vencer a Copa do Brasil em 2024 e a Supercopa do Brasil no início deste ano, o treinador conquistou o Campeonato Carioca de 2025, ao empatar com o Fluminense neste domingo. O jogo terminou em 0 a 0 no Maracanã, e o agregado de 2 a 1 coroou o título rubro-negro.
Assim como nos outros dois títulos no clube, o técnico citou os dez jogadores do Flamengo que morreram no incêndio do Ninho do Urubu em 2019.
— Quero começar falando o que sempre falo, homenageando os dez meninos do Ninho. Athila, Arthur, Bernardo, Christian, Gedson, Jorge Eduardo, Pablo Henrique, Rykelmo, Samuel e Vitor. Enquanto eu estiver aqui, nunca serão esquecidos. Me faz bem, sinto essa energia, e tenho que falar.
— Eu estou muito feliz (com o título). Extremamente. É muito trabalho. Você citou conquistas que tivemos, Flamengo te proporciona isso, disputar. Não garante ganhar, mas garante disputar pelo elenco qualificado. Estou orgulhoso do trabalho dos meus jogadores, do esforço nessa trajetória. Sou um cara muito ambicioso, quero mais.
FIlipe Luís e José Boto recebem meldalhas pelo título carioca pelo Flamengo — Foto: André Durão
O técnico do Flamengo destacou o lado anímico de uma conquista como o Campeonato Carioca. Por se tratar de um título em cima de rivais, em clássicos, Filipe Luís disse que os jogos são sempre mais desgastantes emocionalmente, e às vezes os resultados não são reconhecidos como deveriam.
— O Carioca é um campeonato tradicional, histórico, tem os charmes... O Flamengo entra para vencer qualquer torneio, nunca vai entrar para entregar. Acho difícil isso acontecer. Conseguimos dar minutos, fizemos disso uma pré-temporada. Foram muitos clássicos, isso dá um desgaste enorme. Quando vence clássico nunca é valorizado, sempre tem um porém. Isso me deixa triste.
— Esse peso emocional os jogadores sentem porque estão fazendo um esforço para ganhar e ser campeão. Os outros times também fizeram porque precisavam ser campeões. E alguns tiram nosso mérito. Não é fácil ser campeão. Esse grupo tem muito fome. Isso me deixa muito feliz.
Filipe Luís recordou o gol de Petkovic em cima do Vasco em 2001 e destacou o peso que é ser campeão carioca como técnico pelo Flamengo . Ele também aproveitou para elogiar o Fluminense, ao qual nomeou ter um dos melhores elencos do país.
— Para mim, poder conquistar o Carioca com a camisa do Flamengo ... Eu vi o tri do Pet, estava na sala. Damos muito valor, a gente não escolhe adversário. É um dos elencos mais qualificados do Brasil. Não tiveram o Ganso, por exemplo. Eles conquistaram títulos recentemente e sempre estão em disputa. Estar na final é mérito. Foi muito mais especial por ter a homenagem ao Zico e ele entregar o troféu.
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Sequência da temporada
— Hoje eu vou comemorar, mas amanhã vou pensar no próximo jogo, estudar o Inter. Conheço o Roger, tem um grande time. Não me importa o que ficou para trás. É muito difícil ganhar da gente. Os jogadores compraram nossa ideia. Que as derrotas sejam em cima dessa ideia, propondo o jogo. Os adversários são diferentes. O Fluminense é um time que vai estar na parte de cima da tabela. Estou feliz com o que estou vendo em cada jogo.
Expectativa para o Brasileirão
— Como jogador, sempre tentamos conquistar. Muitas vezes fomos irregulares, tivemos lesões, passamos por altos e baixos. Campeonato longo, muitos jogos. Tenho um elenco qualificado. Hoje, com vários fora, mantivemos o nível. Eles sabem suas funções. Esse é o caminho. O Brasileiro é prioridade absoluta, é onde o time mais regular conquista. O Palmeiras se reforçou, o Cruzeiro se reforçou... Não adianta só ter os melhores nomes, a regularidade vai dizer se vamos estar no topo.
Pulgar e Michael
— Vocês viram o que o Erick jogou hoje? Nada me deixa mais feliz que ver meus volantes jogando nesse nível. Erick e Nico colocaram o jogo no bolso. O Erick tranquilamente poderia estar no Barcelona. São muitos detalhes, ele corre muito, previne muitas ações. São muitos detalhes que fazem ele ser de classe mundial. É muito difícil achar um jogador desse nível. Agradeço ao clube, que fez um esforço, e também pela blindagem que dão ao elenco. Isso faz com que esses nomes queiram ficar. Se ele não tiver esse reconhecimento das pessoas, ele vai ter do treinador. O Michael foi uma surpresa quando o DM falou que iria voltar e acabou com o treino. Queria até começar de titular, mas só podia 30 minutos. Um espetáculo.
Quais são os maiores objetivos da sua carreira?
— Ganhar do Internacional. Sei o meu sonho, o meu objetivo, mas trabalho todos os dias para poder ficar no meio desse esporte que é tão competitivo. O que vai me manter nessa cadeira aqui, que é muito difícil de chegar, é vencer o Internacional. Sempre o próximo jogo.
Está em condições de enfrentar os grandes times no Super Mundial?
— Ainda falta muito para o Mundial. Vai depender muito do momento dos times, o Chelsea de hoje não vai ser o mesmo, o
Flamengo
também não e nem o Real Madrid. Os times vao se adaptando. Vão ter times que vão tirar a bola da gente, mas vai ter times que nós vamos conseguir jogar. Quando você joga contra um time contra o Chelsea, adversário poderoso, que faz uma saída com três jogadores, é difícil. A forma de propor é parecida. Confio muito nos meus jogadores.
Arrascaeta e De la Cruz
— Todo mundo viu a melhor versão do Arrascaeta no
Flamengo
. Todos sabem o craque que ele é, não à toa ganhou a camisa 10. Passou por um problema no joelho e vem se reencontrando. Hoje fez um grande jogo, não perdeu a bola. Na final a gente vê os grandes jogadores. Vai melhorar ainda mais. Sobre o Nico, ele tem uma grande relação com o Arrascaeta e isso acontece em campo, eles se procuram muito. Isso é bom e ruim ao mesmo tempo. Percebo muito essas relações, como Wesley e Gerson, dos zagueiros, para criar essas conexões e eles se sentirem melhor em campo. Sobre o Arrasca jogar de falso 9, ele pode até jogar, mas teríamos que mudar a estrutura de jogo.
Arbitragem
— Eu falei que o
Flamengo
merecia ser respeitado. Do banco de reservas eu reclamo de jogo picotado, nada mais me irrita no mundo. Juiz que apita perigo de falta, e hoje foram muitas. O que Vasco e Fluminense fizeram foi para tirar o foco do jogo. Um erro pode ser determinante num resultado, mas tenho que analisar o jogo. Se meu time não joga eu fico preocupado. Sinto que essas reclamações são para tirar o jogo do jogo e botar a culpa no jogo. Não reclamo da decisão do juiz. Mas reclamo de juiz para o jogo para descansar. Os erros acontecem. Não vi o que aconteceu hoje. Para mim o VAR tem que ser intervenção mínima. Se fica cinco minutos analisando e procurando tem que manter a decisão de campo.
Erros do time na final
— Eu tenho um modelo de jogo que tenho um norte, como quero que assimilem meu modo de jogo. O amistoso com o São Paulo foi um guia do que precisaríamos melhorar e continuar fazendo. O time vai evoluindo em função da minha ideia, mas esses comportamentos somem quando se deixa de treinar. Vamos analisar, corrigir durante a semana e não vamos abrir mão da nossa ideia.
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