O Flamengo venceu o Mirassol por 2 a 1 neste sábado e terminou o primeiro turno na liderança do Campeonato Brasileiro, com um jogo a menos. Para o técnico Filipe Luís, os números são positivos, mas o que importa é o que vem pela frente. Antes do jogo, no Maracanã, torcedores entoaram gritos de que o título do Brasileirão tem que ser obrigação do clube no ano.
— São bons números, claro que poderiam ter sido melhores, mas também poderiam ter sido piores. Para mim não significam nada, a não ser que temos que ganhar o próximo. E vai ser contra o Inter, que vai ser difícil, fora de casa. Temos que tentar ser o mais consistente possível daqui até o fim. Desde que cheguei no Flamengo, quase sempre a gente teve que perseguir o líder. Em 2019, perseguimos no primeiro turno e acabamos por virar essa vantagem, tomar a liderança e ficar até o final. E 2020 também, não éramos líderes, era o São Paulo por muito tempo, depois o Inter e, depois, a gente retomou. Sempre fomos perseguidores — analisou o treinador, que completou:
— Eu acredito que, para ganhar um campeonato nacional em formato de liga, você, primeiro, tem que começar bem, porque depois fica muito difícil não poder ceder pontos em nenhum momento. E ser o mais consistente possível nesses jogos que são teoricamente os jogos que têm que ganhar, que não pode falhar. Mesmo que no Brasil isso não tenha lógica, o time do rebaixamento pode ganhar do líder, já vimos isso acontecendo várias vezes, inclusive conosco. Então o que representa isso é motivação para seguir brigando pelo título.
Os rubro-negros viviam a expectativa de ver Carrascal em ação neste sábado. Único dos reforços que ainda não estreou, o colombiano não saiu do banco de reservas. O técnico explicou que a decisão se deu por questão tática e encheu a bola do meia que veio do Dínamo de Moscou (Rússia):
— Carrascal é um jogador com um talento e uma qualidade gigantes, o observamos nesta semana. Hoje, estava quase seguro de que iria colocá-lo para jogar, que o trocaria por Arrascaeta. Mas senti que a equipe estava a pressionar o Mirassol e precisava de gente que tinha mais pressão. São os detalhes da pressão alta que Bruno Henrique e Plata já têm muito bem incorporados. Carrascal ainda não tem tanto esses treinamentos de pressão, então, pela fase defensiva, optei por não colocá-lo. Pela fase ofensiva, tenho certeza que nos daria muito, tenho esperança que será ídolo deste clube nos próximos anos, a torcida vai ficar encantada em vê-lo, pela forma como trata a bola. Eu o vejo na mesma posição que jogou Arrascaeta hoje, mas ele me disse que pode jogar nas quatro posições da frente. Terá muitos minutos na temporada e tenho certeza que será muito importante para nós.
O Flamengo volta a campo na próxima quarta-feira, às 21h30, também no Maracanã, para enfrentar o Inter. O jogo é válido pela partida de ida das oitavas de final da Libertadores. Pelo Brasileiro, o time também enfrentará o Colorado na próxima rodada, no domingo que vem, no Beira-Rio.
Análise do jogo
— Mirassol é um time muito bem treinado, muito organizado, nos criou muitas dificuldades para pressionar. Eu esperava outra formação na hora de pressionar, os jogadores tentaram se ajustar no meio do primeiro tempo e, mesmo assim, eles encontravam soluções para as nossas pressões, isso é porque tudo é muito bem treinado, e eles identificam muito bem essas soluções. Ao mesmo tempo que eles tentaram propor e tirar a bola da gente, deixaram mais espaços e nos deram mais chances do que os outros adversários que vêm muitas vezes fechados. Nosso time criou muitas chances claras. Com o placar, eles deram um passo à frente no segundo tempo, colocaram mais gente na nossa última linha e, com isso, foi mais difícil defender. Mas nossas chances eram mais claras, fizemos o segundo gol e tomamos um gol com o descuido, que nos gerou essa preocupação até o fim do jogo. Não existe coincidência no futebol. Se um time é quinto colocado na 19ª rodada é porque o trabalho está sendo muito bem feito.
Filipe Luís em Flamengo x Mirassol — Foto: Alexandre Durão
Como vê o elenco com a chegada dos reforços?
— Primeiro dizer que a janela que o clube está fazendo é extraordinária. Um esforço muito grande do presidente e do Boto para potencializar ainda mais esse elenco, que já era altamente qualificado, apesar de algumas perdas importantes este ano. Eles não pararam de trabalhar nem um minuto para repor essas peças. E que a gente possa continuar com esse nível altíssimo do elenco, que é muito forte. Pode ser que cheguem mais peças, pode ser que saiam. Estamos com um número elevado de jogadores, pode ser que tenhamos algumas saídas. Mas o mais importante é que a qualidade do elenco continua sendo muito alta. Estamos preparados para aguentar essa maratona de jogos até o final da temporada.
Inter
— Um confronto muito igualado. Dois times históricos e em igualdade de condições para essas oitavas (da Libertadores).
Para o jogo contra o Inter, a efetividade é uma preocupação?
— Não, a minha preocupação maior é que o time seja sólido na fase defensiva, muito sólido. E hoje realmente não tivemos a solidez que eu gosto, por mérito do adversário, mas também por alguns erros nossos que devem ser corrigidos. Eu sei e eles também sabem disso, mas, mesmo assim, o adversário chegou e criou muitas chances, de bola parada, com escanteios, com faltas, mas chegou. A verdade é que chegou muito na nossa área. E a minha preocupação na fase ofensiva é que o time crie, que consiga chegar e, claro, os jogadores determinantes, com o grande jogo, por exemplo, que fez no outro dia o Cebola, hoje o Lino, a bola quando cai no pé da Arrascaeta sempre cria perigo, o Pedro está também num bom momento, então tudo isso aí faz com que as defesas dos adversários tenham dificuldade de defender e que a gente possa criar. Depois a fase da finalização é um assunto que, como eu já falei várias vezes, os jogadores às vezes chegam mais finos e frescos na frente do goleiro, com mais calma, e outros dias a bola não entra, simplesmente assim, mas o mais importante é que o time cria.
Adaptação dos reforços
— Sobre esses jogadores que chegam, eles têm ainda que ganhar o conteúdo todo tático. A parte técnica eles já têm, são diferenciados, muito diferenciados. Agora cabe a mim fazer com que eles se adaptem o mais rápido possível ao modelo de jogo, que não é só pegar a bola e fazer a diferença, existem muitos detalhes da fase defensiva, da fase ofensiva, da pressão alta. Existem muitas coisas que os jogadores que já estavam mais tempo sabiam, mas não só isso, se não alguns jogadores que também machucaram, no caso do Erick e do Nico, que vinham jogando constantemente, que também ajudam com que qualquer jogador que possa chegar também possam assimilar tudo mais rápido, né? Então, obviamente que você falou do Erick e do Wesley, são dois jogadores extraordinários. Que saíram, e agora nós temos jogadores jovens, novos, que também têm fome e ambição de fazer história aqui no Flamengo, a sua história, então acredito que vai ser rápido essa adaptação desses novos jogadores, porque treinamos sempre em função do que é o modelo de jogo, e o plano de jogo, então vai ser rápido.
Flamengo tem dificuldade de enfrentar equipes que não se defendem só em bloco baixo?
— Na outra coletiva a pergunta era se os times se fechavam e criavam dificuldades para o Flamengo, agora são os times que jogam que criam dificuldade (risos). Todos os times criam dificuldade, os que jogam, os que não jogam, os que defendem em bloco baixo, os que pressionam alto, os que não pressionam. Todo adversário tenta anular e fazer um plano contra o Flamengo e os adversários. São sempre adversários complicados. O Mirassol tem um trabalho muito bem organizado, eles tentaram propor e sair da nossa pressão, e conseguiram muitas vezes com êxito. Mas não em todas, porque nós também roubamos a bola e criamos chances de gol a partir disso. Mas é um adversário que teve muito mérito no que é o plano de jogo deles, que não é nem um pouco parecido com o que foi o Cruzeiro no Mineirão. É um trabalho muito diferente. Posso estar enganado, mas foi a melhor equipe que jogou contra o Flamengo no Maracanã este ano. Tenho que dar parabéns para o treinador. Estou feliz porque ganhamos, mas tenho que reconhecer que foram muito bem no jogo. Foi um jogo igualado, no qual fomos mais determinantes nas áreas.
Saúl no banco e ausências na lista de relacionados
— O Saúl é um jogador que é polivalente, joga em todas as partes do meio campo, já jogou de lateral, já jogou de zagueiro, já jogou até de atacante, mas hoje pelas necessidades que a equipe apresenta pela composição do elenco. Eu vejo ele como, para essa posição que estava o Gerson e agora está jogando o Plata e o Luiz Araújo e o Matheus Gonçalves, eu vejo ele para essa posição, já falei com ele antes de ele vir para cá, que era a posição que ele jogava no Atlético de Madrid nos anos onde foi, onde ele melhor rendeu. É verdade que nos últimos anos ele vinha jogando de volante, mas eu acredito que ele tem muito para oferecer nessa posição, ele chega bem na área, ele é um jogador determinante na frente, faz a diferença, mas com certeza hoje era uma das opções minhas para o banco na substituição de um dos dois volantes. Se precisasse, né? É claro que ele não tem, como eu falei, o mesmo conteúdo ainda, são vários detalhes da fase defensiva, são vários detalhes também na fase de construção que ele venha treinando mais na frente, então tentei segurar um pouco essa substituição hoje dos dois e também do Victor Hugo, que estava no banco como opção de volante.
— Eu formato o banco em função do que o jogo pede, em função do que a equipe precisa. Claro que o Vina é um jogador internacional, um jogador que já todo mundo sabe da qualidade que tem, mas na hora de escolher e ficar com três laterais esquerdos no banco, onde provavelmente não ia entrar nenhum deles, como hoje não entrou nenhum Ayrton, então eu optei por deixar ele treinando hoje, porque ele precisa de treino, precisa de ritmo, da mesma forma que o Juninho e da mesma forma que o Michael, então a hora que precisar eu sei que eu posso contar com eles, que eles estão bem treinados e foi mais isso, mais em função do que um plano do que a equipe precisava para o jogo.
Gritos da torcida de que o Brasileiro é obrigação
— Na última coletiva, eu generalizei muito a questão das redes sociais (das críticas de torcedores). O que quis dizer é que as redes sociais muitas vezes perdem o controle e, se você ficar se guiando por isso, você fica louco, perde a noção. O que não quer dizer que sejam ruins, elas estão aí para ajudar. A torcida tem todo o direito de fazer tudo o que quiser. No dia que cheguei no Flamengo, estava tendo um protesto contra o clube, que tinha perdido para o Emelec na Libertadores, e eu sabia para onde estava vindo. Não existe outro caminho, sem a cobrança do torcedor. Nós temos a obrigação de dar nossa vida pelo Flamengo, de fazer o Flamengo ser prioridade antes da família. Resultado a gente não controla, mas queremos ganhar e vamos atrás disso.
Pedro e Arrascaeta
— Sobre o Pedro e o Arrasca, é o seguinte, eu acredito que eles podem jogar juntos, claro que podem. Hoje eu vi muitas coisas boas na fase ofensiva, aliás, eu vi muita facilidade na fase ofensiva para gente chegar, chegávamos muito com muita facilidade por fora, principalmente porque o Mirassol é um time que se compacta muito e bloqueia muito o meio, então o Arrasca muitas vezes perde a posição dele porque ele quer participar do jogo, às vezes ele ficando mais parado, ele fica melhor posicionado, mas ele teve uma associação muito boa junto com o Lino, naquele lado esquerdo. E também com o Pedro, eles se encontraram algumas vezes, principalmente na fase da pressão alta do Mirassol. Mas, como eu falei, como existia uma certa facilidade em chegar até a área do Mirassol. Extremamente vertical, extremamente vertical e isso parte a equipe, então a gente ao mesmo tempo que criava chances, que a gente chegava na área, que criava chances claras e não fazia, também perdíamos a bola, o goleiro tinha uma posição rápida, o Pedro e o Arrascaeta, que são dois jogadores que precisam dessa organização ofensiva que você fala, uma fase mais de estabilidade, não tinha, tinha que correr para trás e acaba se desestruturando um pouco que a equipe, a fase mais defensiva e o jogo começa a ficar partido, eu não gosto de jogo partido.
— Só que o jogo, o adversário deixa os espaços que deixa e eu não posso falar, não vai por aquele espaço que ele está deixando ou não ataca, não vai para frente, eu tenho que deixar ele atacar, por isso que eu chamo o jogo de progressão, porque eu quero que eles sempre progridam a jogada, que eles vá para frente, que sejam verticais o máximo possível, aí hoje eu gostaria que eles fossem um pouco menos, para a gente poder ter essa estabilidade, para o Pedro e o Arrascaeta poder descansar, para eles poderem pressionar juntos e a gente poder recuperar juntos, mas na fase defensiva de hoje a culpa foi do treinador. A pressão que eu propus para a equipe não deu certo e não foi culpa do Arrascaeta e do Pedro. Se tivesse sido do jeito que eu pensava, provavelmente teria funcionado melhor. Mas como não foi, e depois eu vi que a gente já estava sofrendo, precisávamos mais de perna para poder correr, optei por tirar o Pedro e botar o Luiz Araújo e aí o time já fica mais consistente com esses jogadores que aguentam fazer 70 metros e não deixamos de sofrer mais, eu senti que o time já ficou um pouco mais consistente.
De la Cruz volta contra o Inter?
— Tenho esperança, mas não sei se vai ser possível. Mas está perto.
Rossi e contratação de goleiro
— Sobre o Rossi, ele nos dará muitas alegrias porque eu pessoalmente gosto que ele saia do gol, eu gosto de goleiro corajoso que tenha essa confiança de poder ir lá e aliviar, durante muitas vezes, a maioria das vezes, deu certo. E todo goleiro, como todo jogador oscila, passa por momentos de menos confiança, mas sabemos do risco que pode existir numa saída de bola e eu quero que ele continue saindo. E sobre uma reposição é um assunto para o Boto, mas com certeza o Flamengo sempre está atento ao mercado ainda mais porque pode ser que tenhamos uma saída no final do ano.
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