Estádio, finanças e futebol: saiba o que candidatos à presidência do Flamengo disseram no debate do GLOBO

Os três candidatos a presidente do Flamengo , que concorrem no pleito marcado para o próximo dia 9, participaram na manhã nesta quarta-feira, na redação do jornal O GLOBO, de um debate presencial sobre os projetos para o clube para o próximo triênio. Com a construção do novo estádio em pauta, assim como as contas do clube e, claro, o futebol, Rodrigo Dunshee (Chapa Unifla), e os opositores Luiz Eduardo Baptista (Raça, Amor e Gestão) e Maurício Gomes de Mattos (Mengão Maior) debateram por cerca de uma hora e meia.

No início do debate, os três candidatos responderam à mesma pergunta do editor-chefe de Esportes do GLOBO, Thales Machado: "como as trajetórias profissional e pessoal te credenciam a vencer a eleição?"

— Fui executivo por 37 anos e administrei empresas de grande sucesso. O Flamengo não é lugar para ganhar experiência, mas colocar em prática aquilo que você aprendeu na vida — afirmou Luiz Eduardo Baptista, o Bap.

— O que me credencia é tudo que devo ao Flamengo. Com todo esse espírito de gratidão, me disponho a servir o Flamengo. Sou advogado de um dos maiores escritórios de advocacia do Brasil. Quero dar uma Gávea com mais valorização ao sócio — disse Maurício Gomes de Mattos.

— Nos últimos 12 anos, me dediquei intensamente ao Flamengo. Estou em contato com todas as administrações tocadas pelo (Rodolfo) Landim. Nós somos a única chapa que está realmente comprometida em levantar o estádio — destacou Dunshee.

No primeiro bloco, de perguntas diretas entre os candidatos, Dunshee começou se defendendo dos questionamentos de Luiz Eduardo Baptista (Bap) sobre o compliance do clube, afirmando que foi sua gestão que implantou esse sistema. Além disso, prometeu um diretor técnico de futebol "bom" para trabalhar em conjunto com o treinador.

Quando foi a sua vez de perguntar, debateu com Maurício Gomes de Mattos (MGM), e decidiu tratar do novo estádio do clube, que será construído no terreno do Gasômetro, na região central do Rio. Sobre a venda de cadeiras cativas na nova arena, Dunshe explicou que haverá mil "cadeiras premium", das quais 380 já têm torcedores interessados.

— A gente não vendeu essas cadeiras ainda porque tem uma situação chata. Existem candidatos e pessoas ligadas aos candidatos que não querem fazer o estádio. Sem eu estar eleito ainda, não tenho coragem de botar as cadeiras à venda. Mas, assim que eu for, e espero ser, vou colocar essas cadeiras à venda num banco e ele fará essa venda fácil. (São) Mil cadeiras. A gente tem 45 milhões de torcedores dispostos a ajudarem o Flamengo a vencer esse desafio.

Dunshee afirma que se sente "altamente qualificado para tocar o projeto e continuar com esse projeto vencedor" e trata como desafios não só colocar o estádio de pé, mas também separar os orçamentos do clube e do estádio.

— Isso não é verdade, porque falar é mais fácil do que fazer. Você (Dunshee) ofende funcionários do clube, você não respeita nada e ninguém no processo eleitoral, você ameaça funcionários. Eu insisto, meu dinheiro de campanha vem todo de pessoas físicas, ninguém que tem nenhum relacionamento, direto ou indiretamente, com o clube. O que eu vejo é abuso de poder, desrespeito à instituição, enfim, eventos que de alguma maneira ninguém sabe de onde que acontece o churrasco no clube, para falar eventualmente de passado, mas que, na verdade é travesti de campanha eleitoral — respondeu Bap.

Abrindo a rodada de perguntas dos colunistas, Rodrigo Capelo questionou Maurício Gomes de Mattos sobre a avaliação da administração do ex-presidente Eduardo Bandeira de Mello. O candidato destacou a segunda gestão de Mello, em que ele era vice geral. Disse que a "missão" era "equacionar as dívidas do Flamengo", o que foi cumprido, segundo MGM.

— Demos a base para o clube ser campeão da Libertadores, com vendas de jogadores, inclusive de Vinícius Junior. Deixamos no caixa R$ 8 milhões e hoje, se tudo der certo, serão R$ 3 milhões. Esta foi uma gestão que muito me orgulha. Tenho condições de fazer uma gestão totalmente profissional e disso não abro mão — lembra Maurício.

Já o atual vice-presidente geral do clube respondeu Rodrigo Capelo sobre o aumento da dívida do clube no último ano. Segundo Dunshee, o endividamento é, na verdade, fruto das “obrigações a pagar”.

— O conselho deliberativo do clube determinou, por 602 votos contra 33, investir num terreno (para o novo estádio). A gente pagou, no PIX, R$ 146 milhões. Isso, logicamente, reduziu nosso caixa e houve uma diferença de R$ 300 milhões. Só que nosso patrimônio, de forma colateral, subiu R$ 350 milhões, aproximadamente. A gente tem zero preocupação, o Flamengo não é banco. Para crescer, tem que investir — respondeu Dunshee, que ressaltou que o clube paga “todas as suas contas em dia”.

Já numa nova pergunta, Capelo ressaltou que a dívida não vem só dos investimentos no novo estádio, mas também por conta da contratação de jogadores. Perguntado se o clube tem sido “ineficiente” no departamento de futebol, Dunshee disse que não, levando em conta a série de títulos nos últimos anos.

— O Flamengo, neste ano, tinha uma opção de fazer mais vendas de jogador e optou por não fazer. A gente teve lesões, e lesões incapacitantes.

Para Bap, por fim, Capelo perguntou a avaliação sobre a governança do futebol, o que "envolve um dos temas mais criticados pelo candidato: o amadorismo".

— O meu compromisso e de quem está comigo é de, na largada, termos menos vice-presidentes. Eles não vão ter e o presidente estatutário, vão acumular algumas baixas no primeiro momento e nós vamos a partir dos 100 dias encaminhar o conselho deliberativo do Flamengo a proposta para que a gente elimine o que nós entendemos ser um dos principais problemas da causa raiz do Flamengo que é o amadorismo travestido de amor pelo clube. Nós vamos ter um diretor técnico que vai cuidar totalmente do futebol de cima a baixo, como tem no Barcelona — ressaltou Bap.

Ao final do debate, os três candidatos fizeram ainda suas considerações finais e escolheram um "tema livre" para falar com o eleitor.

— A gente tem três pilares importantes que vamos bater em cima: o nosso estádio, a gente tem o compromisso de colocar ele de pé sem interferir no desempenho esportivo, isso é um compromisso meu, pode cobrar; a gente tem o compromisso esportivo, do Flamengo ser campeão cada vez mais; e a gente tem o compromisso social do nosso clube, de fazer um clube mais bacana, cada vez mais — declarou Dunshee.

— É a eleição mais importante da história do Flamengo. A escolha é muito clara: quem quer servir e quem quer se servir do Flamengo. Não apoie projeto de poder, que não respeite a história do clube, a instituição. Nós vamos fazer o nosso estádio sem perda de performance esportiva e, claro, sem SAF, diferentemente deles (Dunshee e Maurício) que não falam que não vai ter — afirmou Bap.

— É a eleição mais importante da história do Flamengo. Nós vamos construir o estádio e não queremos a SAF. Você tem o dever de votar no dia 9 em um candidato que não seja "fake", como eu vejo os dois (Dunshee e BAP) ao meu lado. Eu falo de processo, profissionalização e melhorias na Gávea... um Flamengo melhor e maior — disse Maurício.

Fonte: O Globo