Em nova sessão da CPI dos Incêndios, na Alerj, representantes do Flamengo foram ouvidos nesta sexta pelos deputados sobre a tragédia que vitimou 10 atletas da base em fevereiro de 2019. Ex-CEO e ex-VP de Patrimônio, Fred Luz e Alexandre Wrobel, respectivamente, deram seus depoimentos. O primeiro citado afirmou que as informações que teve - enquanto esteve como executivo do clube - era de que o alojamento que foi atingido pelo incêndio era adequados a ser utilizado como dormitórios.
- Quando começamos no Flamengo, já existiam módulos lá e, conforme avançamos, houve contratação de módulos para dormitórios. A informação que sempre tive é que esses módulos tinham condições de receber os meninos. Suponho que a NHJ desse as garantias a isso. Era isso que sempre ouvi e sempre acreditei (que os dormitórios tinham condições de receber os meninos). Já usávamos esses módulos como dormitórios para os profissionais. Era algo que vinha de antes - afirmou Fred Luz.
Alexandre Wrobel, por sua vez, informou que não tinha conhecimento do edital de interdição emitido pela Prefeitura em outubro de 2017, conforme Sandra Fernandes, da Secretária Municipal da Fazenda, explicou que foi afixado no local na época, durante a sessão na Alerj.
- Quando assumimos, lá com a Patricia Amorim, contratamos contêiner para academia e ambulatório. Na época, o clube não era profissional. O clube mudou muito ao longo dos anos. Depois, passei a fazer o trabalho de VP. Sabia que serviam de dormitório, mas não entrava neles há muito tempo. Como disse, essa parte não estava dentro das minhas funções. Não sabia da interdição. O que posso garantir das tarefas da minha área é que: licenças de obra, todas rigorosamente em dia, nos CTs 1 e 2 e no Morro da Viúva. Com relação às obras, efetivamente minha responsabilidade, tudo em ordem. Na minha pasta, tivemos todo cuidado e zelo.
Com a ausência do presidente Rodolfo Landim, quem representou o Flamengo foi Rodrigo Dunshee, vice-presidente geral e jurídico. Também estiveram presentes o CEO Reinaldo Belotti, o VP de futebol Marcos Braz, o diretor jurídico Antonio Panza e os engenheiros Marcelo Sá e Luiz Felipe Pondé, assim como representantes da Light e da NHJ.
Em acordo com os deputados da CPI, Rodrigo Dunshee esteve na sessão como representante máximo do Flamengo, dada a ausência do presidente Rodolfo Landim. O atual VP Geral e Jurídico também disse desconhecer o edital de interdição emitido pela Prefeitura em 2017.
- Não tive conhecimento (da interdição do CT). Voltei ao Rio no dia 21 de janeiro (de 2019). Embora pessoalmente eu não saiba, me chamou atenção o fato de que a gestão passada alega que não tem conhecimento da interdição afixada ao CT em 2017. Se eles não sabem, eles não podem nos passar o que não sabem.
Durante a sessão, os deputados da CPI - Rodrigo Amorim (PSL), Jorge Felippe Neto (PSD) e Alexandre Knopploch (PSL) - tornaram público o descontentamento com as respostas dos representantes do Flamengo, que não souberam apontar, com clareza, quem seriam os responsáveis pela alocação dos jovens da base naquele alojamento, tampouco os responsáveis pela assinatura dos contratos de locação dos contêineres com a NHJ. Os deputados pediram as cópias dos contratos do Flamengo com a NHJ, para apurarem com quais finalidades foram alugados os contêineres.
As famílias de Bernardo Pisetta, Jorge Eduardo, Pablo Henrique e Christian Esmério, acompanhados de seus advogados, estiveram presentes na sessão desta sexta-feira. O incêndio no alojamento das divisões de base do Flamengo vitimaram 10 jovens em fevereiro de 2019.

Reunião na Assembléia Legislativa nesta sexta (Foto: Matheus Dantas/Lance!)