Joel Santana lançou a sua biografia na noite de terça-feira no Rio de Janeiro: "O verdadeiro king do Rio" . No livro, o ex-treinador de 76 anos revisita todas as suas passagens pelos quatro grandes clubes cariocas. E no capítulo destinado ao Flamengo , houve espaço para remoer uma grande dor.
Em 2008, Joel Santana estava na crista da onda no Flamengo . Tinha conquistado o Campeonato Carioca. Havia acabado de classificar o time como líder do Grupo 4 da Libertadores. E vencido o América-MEX por 4 a 2, fora de casa, no jogo de ida das oitavas de final. O sucesso foi tanto que o técnico recebeu uma proposta considerada irrecusável para comandar a seleção da África do Sul.
Marcio Braga entrega placa a Joel Santana no Flamengo em 2008 — Foto: Agência/EFE
O clube já até tinha contratado um novo treinador (Caio Júnior chegou a comandar junto com Joel Santana o último treino antes da partida da volta contra o América-MEX), mas decidiu fazer uma homenagem como forma de jogo de despedida para o seu "futuro ex".
Em um Maracanã com mais de 50 mil pessoas, a torcida fez festa com bolo e faixas pedindo que Joel não fosse embora. Mas o treinador já tinha assinado contrato com os sul-africanos. Antes de a bola rolar, Joel recebeu uma camisa rubro-negra com o número 1000, autografada por todos os jogadores, e escrito "Papai Joel" (apelido que ganhou de Ibson no próprio Flamengo e virou uma marca).
Os jogadores participaram de um DVD com depoimentos sobre o técnico e choraram com ele na última preleção. O elenco também havia decidido que, se fosse campeão da Libertadores, o título seria dedicado a Joel. Mas o Flamengo ficou pelo caminho. Naquela noite de 7 de maio, o paraguaio Cabañas virou carrasco, e o Rubro-Negro perdeu o jogo e a classificação com um 3 a 0 .
Aquela eliminação é considerada por Joel como a pior derrota de sua carreira. Em sua biografia, o ex-treinador reconheceu que foi um erro ter dirigido o time naquela partida, um dia antes de sua viagem para Joanesburgo, na África do Sul:
Durante o lançamento de sua biografia, Joel demonstrou que ainda dói falar daquela partida e revelou que a festa pré-jogo o comoveu a tal ponto de pensar em desistir do caminhão de dinheiro e do sonho de disputar uma Copa do Mundo para ficar, mas não era mais possível:
— Essa pergunta eu não respondo mais (risos). Aquela doeu porque nós tínhamos ganhado bem do América-MEX, e eu estava para ir embora porque tinha aceitado uma proposta vantajosa no momento. E futebol se vencer fica, se perder vai embora. Eu tive que ir embora. Quando eu passei no corredor do Maracanã, cheio de criança me abraçando, 80 mil pessoas... Quando eu quis ficar já não dava mais tempo.
Jogadores do Flamengo após a eliminação para o América-MEX na Libertadores de 2008 — Foto: Agência/Lance
"O verdadeiro king do Rio", da editora Tinta Negra, tem 256 páginas e custa R$ 59,90. O livro é de autoria do jornalista Wilson Rossato, também autor da biografia "Mil vezes Túlio Maravilha", e tem prefácio escrito por Romário, que ao lado de Joel conquistou seus últimos títulos da carreira.
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