Presente na CPI que investiga as causas do incêndio no Ninho do Urubu no ano passado, Wedson Cândido Matos deu seu depoimento nesta sexta-feira. Pai de Pablo Henrique, uma das vítimas, ele desabafou e criticou o descaso da diretoria do Flamengo com os familiares.
“Fiquei sabendo que meu filho morreu pela mídia. Sabe como recebi meu filho? Sem saber se a cinza era dele”, declarou. “Perdi meu filho dia 8 de fevereiro, recebi meu filho dia 9.”
Wedson foi um dos convidados para a CPI. Convocados, dirigentes do Flamengo, incluindo o presidente Rodolfo Landim, não compareceram à reunião, o que resultou na condução coercitiva determinada pelo deputado Alexandre Knoploch. Somente depois deste anúncio, o CEO do clube, Reinaldo Belotti, chegou à Assembleia Legislativa do Rio.
Revoltado com a postura do clube, Wedson reclamou justamente da falta de apoio às famílias. “Que apoio vocês deram? Quando era para me ligar para arrumar documento, pedir autorização, vocês se comunicavam. Mas na hora de me dar uma notícia, de um filho que esperei 40 anos, não tiveram a consideração de ligar para falar que ele tinha morrido”,disse.
Pablo Henrique foi um dos 10 atletas da base do Flamengo que morreram no incêndio ocorrido no Ninho do Urubu, em 8 de fevereiro do ano passado. De lá para cá, Wedson tenta sobreviver à dor desta perda, e garante que não tem sido auxiliado pelo clube rubro-negro.
“Eu confiei meu filho a vocês (do Flamengo). Vocês têm que parar com essas mentiras, de esconder as coisas. Me ligaram em março falando que iam me mandar os documentos do meu filho. Sabem o que eu tenho dele hoje? Só dor, só um buraco. O Flamengo ganhou títulos, eu ganhei dor.”