Diretor da base do Flamengo prega mudanças na formação: "Exceção era Ronaldo, regra é ter Neymares"

Na manhã desta segunda-feira, o Flamengo apresentou o novo comando das categorias de base do clube: Alfredo Almeida. O português era assistente de José Boto e foi promovido na última semana. Junto a ele, Bruno Pivetti foi apresentado como técnico do sub-20. As mudanças fazem parte de uma nova reformulação na base rubro-negra.

Durante entrevista coletiva, Almeida foi questionado sobre a formação dos jovens brasileiros e fez uma comparação entre Ronaldo e Neymar para explicar o trabalha que pretende implementar.

- Se formos a realidade do Brasil, existe regra e exceção. Exceção era o Ronaldo da vida, que tinha tudo. Mas a regra é termos os Neymares da vida. jogadores franzinos, mas que a bola faz parte do corpo, que descobrem soluções em campo como ninguém. Que conseguem passar por armadores físicos. E os brasileiros passaram a dar ênfase à forma física, a querer jogadores muito fortes, rápidos. pulsantes. A Europa não pede isso do brasileiro, pede o que não tem lá: a magia - considerou o dirigente.

Alfredo Almeida e José Boto conquistaram o primeiro título no Flamengo — Foto: Divulgação

Alfredo Almeida assume a direção das categorias de base e responde direto ao presidente Bap. Agora, o sub-20 volta a ser responsabilidade do diretor da base. Antes, a principal categoria do clube estava no guarda-chuva de Boto. Apesar disso, Alfredo reforça que haverá diálogo com o profissional e Boto.

- Respondo ao presidente. Tentar separar é impossível. O José Boto é diretor de futebol e obviamente estou respondendo ao Boto. Sabia que havia essa situação anteriormente de ser colocado o sub-20 com o profissional. Acreditamos em uma dinâmica de liderança do futebol enxuta. Nisso teremos que recuar um pouco. Sei que havia o coordenador, o sub, o gerente de base e o de o transição. Nada contra, mas apenas uma ideia diferente - e completou:

- A ideia hoje é menos pessoas no momento de decisão e mais resultado. Muitas vezes, tínhamos muitas pessoas no poder de decisão. Não só no Flamengo, é uma realidade que existe. Muitas pessoas no poder de decisão, na operação e poucos resultados. Queremos mudar essa ideia. Todo o organograma é enxuto. Respondemos ao presidente. O Boto, sobre o profissional. Eu, pela base. Somos reféns das nossas atitudes. Vocês usam uma expressão interessante que eu gosto: "o filho feio não tem pai" - finalizou.

Alfredo chegou ao Brasil em janeiro de 2025 como braço direito de José Boto, diretor do profissional, especialmente na parte técnica e na base. Os dois estavam juntos no Osijek, da Croácia.

Um dos temas mais abordados na entrevista foi o padrão de jogo. O novo dirigente revelou que não acredita que as categorias devem seguir, necessariamente, um modelo retirado do profissional. Ele também analisou o desenvolvimento do futebol brasileiro na revelação de novos atletas.

- Só acredito no futebol de base com recrutamento e desenvolvimento. Há uma missão e visão do clube, não podemos esconder que o ponto máximo é alimentar o futebol profissional. Reduzir distâncias do sub-20 ao profissional. O mais fácil e o que é mais badalado é que vamos jogar todos no mesmo modelo e no mesmo sistema. Isso não existe. Existe preparar o trabalho para quando chegar ao profissional resolver aquilo que o técnico lhe pede, independentemente do sistema de jogo, do modelo. Se conseguir dar essas ferramentas, o atleta vai jogar na direita no sub-20 ou na esquerda do profissional.

Recrutamento e desenvolvimento

- Temos que pensar o que o clube pretende. O clube pretende ter o retorno financeiro e esportivo. Não podemos dizer que todos os garotos do sub-20 do Flamengo vão subir ao profissional. Não existe no Flamengo nem em nenhum clube no mundo. O que não podemos dizer é que quem não sobe ao profissional foi um ativo perdido. Não, é um ativo que o clube quer rentabilizar. Essas duas coisas tem que andar paralelamente.

Todos eles têm que ser (vendáveis). Qual o valor? Para onde pode ir? Vai ao profissional? Hoje na equipe sub-20 são todos ativos do clube. Cada caso é um caso. Tem contratos que vêm de trás, outros que teremos de assumir para o bem e para o mal. O contrato e a dispensa dos atletas têm que ter responsáveis. Estou preparado para um lado ou para o outro.

Mais sobre padrão na base e no profissional

- Não acredito no modelo padronizado. Em muitas partes do Mundo e na Europa, se pratica o futebol 5, 7, 9 e 11. No Brasil, vejo em idade muito precoce praticar 11 contra 11 e vejo em idade precoce dizer ao menino que ele vai ser zagueiro ou ponta-direita, esquerda. Não acredito nisso. Estou alinhado com a ideia do clube, não é o Alfredo descobrindo a pólvora. Foram partilhadas ideias com o Boto, com o presidente e todas as pessoas da base. Eu não trabalho sozinho. Ao não haver no Brasil aos 10, 11 anos a passagem do futebol 5, 7, 9 e 11. Faz sentido a pergunta de pensar no modelo padrão. Então se calhar o sub-12 vai jogar no modelo que o Filipe joga. Estou tentando desmistificar isso. Não é isso que acontece no mais alto nível. Eles passam por várias posições, estágios até depois podermos bater o martelo. Esse jogador pode ser útil ao Filipe nessa posição daqui a um ou dois anos. Se eu acreditar num modelo diferente para desenvolver o atleta, tenho que fazer. Se tiver que abdicar de um resultado esportivo para desenvolver o atleta, tenho que fazer. Quem está no Flamengo tem que ganhar, eles têm que crescer com mentalidade competitiva. Mais do que olharmos para o modelo padrão, temos que ter ferramentas de desenvolvimento padronizadas.

Futebol brasileiro

- Quando Boto passou essa informação, assino embaixo e passo a desmontar. O que o atleta brasileiro tem, talvez não tenha em nenhuma parte do mundo. O dom, a magia, irreverência, a bola fazendo parte do corpo. Depois, existem outras zonas do globo que têm outras valências. A África tem valências físicas como quase nenhuma parte do mundo. A parte mental, temos que ir a outras zonas da Europa e do globo. Há uma realidade do Brasil que pensaram que o europeu vinha ao Brasil comprar força, atletas altos, grande, fortões. Se formos a realidade do Brasil, existe regra e exceção. Exceção era o Ronaldo da vida, que tinha tudo. Mas a regra é termos os Neymares da vida. jogadores franzinos, mas que a bola faz parte do corpo, que descobrem soluções em campo como ninguém. Que conseguem passar por armadores físicos. E os brasileiros passaram a dar ênfase à forma física, a querer jogadores muito fortes, rápidos. pulsantes. A Europa não pede isso do brasileiro, pede o que não tem lá, a magia. Muitas vezes, ao trabalhar aos 12, 13, 14 numa academia, me perdoem a expressão, para mim é até crime. Não só estamos a prejudicar o que ele tem de bom, estamos a tirar a magia. O mundo mudou mais nos últimos 10 anos do que nos últimos 50 anos. Hoje se um menino de 14 anos se tirar uma selfie na frente do espelho cheio de volume para o Instagram vai ter muitos seguidores. Esse menino, se não tivesse esse volume, teria mais agilidade, ia para cima dos adversários, com rapidez. Aquele atleta brasileiro que nos habituamos a ver. Deixou-se de fazer isso para transformar meninos, adolescentes em robôs nas academia. Isso que o Boto quis explicar. A Europa não vem procurar isso no Brasil, veio procurar talento, magia. Não pago ingresso para ver um fortão e grandão, mas para ver algo diferente. Queremos resgatar isso e podemos ser pioneiro nisso no maior clube no Brasil.

Saída do ex-treinador

- Fomos pegos de surpresa quando a contratação do ex-treinador foi feito era pensando no longo e médio prazo. Quando somos pegos de surpresa, ou vamos focar no problema ou na solução. Desejo a felicidade ao Nuno, mas começamos a pensar à solução. Não foi fácil, mas estamos aqui com a solução.

Mudanças na base

- O clube tem que perceber muito bem os objetivos a curto, médio, longo prazo e depois escolher as pessoas que vão tocar esse processo, nunca é feito ao contrário. E foi feito assim, foi elaborada uma ideia e depois as pessoas foram escolhida. Foi me colocada com muito orgulho essa função e no dia de hoje consigo ter uma ideia profunda do que é feito no profissional. Queremos transportar para a base o projeto do clube, uma linha bem traçada. Cheguei e estive muito ligado ao profissional, mas nunca deixei de estar próximo da base. Claro que hoje meu foco é na base, mas sempre que der não tem que haver um afastamento (com o profissional).

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Fonte: Globo Esporte
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