No segundo dia da viagem até Lima, capital do Peru, num trajeto que iniciou para os canais ESPN em São Paulo, uma vaquinha aproximou ainda mais os flamenguistas no "busão".
É a história que amarra o carioca Leonardo Sherman, 37, e o pernambucano Cristiano Ferreira, 31. Ambos são flamenguistas "roxos" e viajam para ver a final da Copa Libertadores , sonhando com o título rubro-negro.
Scherman se planejou. Primeiro para ir para Santiago, onde a decisão deveria acontecer. Depois para Lima. Optou pelo ônibus pelo preço da passagem ser mais em conta do que a de avião (acima de R$ 8 mil). E também pela experiência humana.
"Isso aqui é ver a história, conhecer a história das pessoas. É algo enriquecedor", disse.
Ele conseguiu tirar férias para não atrapalhar a rotina no trabalho. É fisioterapeuta. Trabalha como coordenador da área no Centro Municipal de Reabilitação do Jardim Esperança, em Cabo Frio. A dificuldade foi deixar para trás o filho de quase dois anos. Mas encarou.
Cristiano, por sua vez, é autônomo. Vive em um bairro de periferia em Recife. Tem um filho que está perto de completar dois anos. Nunca viu um jogo no estádio. É flamenguista desde sempre. Não era nasciso quando o clube conquistou a Libertadores e o Mundial em 1981. Mas tinha um sonho relacionado àquele feito.
"Prometi no dia da semifinal contra o Grêmio que iria ver a final", disse.
Mas para conseguir isso teve de arrecadar R$ 2 mil. "Vendi minha televisão e minha moto. Eu tinha mais R$ 600 guardado. E consegui."
Mais ou menos. Ele conseguiu o dinheiro para comprar a passagem de Recife ao Rio de Janeiro. E do Rio para Lima. Ida e volta para ambas. Mais nada.
"Não tenho ingresso nem hotel. Mas Deus vai me abençoar. Um sonho é um sonho. Vale", disse.
A família tem ajudado como pode. Enviou R$ 100 para ele neste domingo. Mas Cristiano está poupando. Come pouco, se segura nos gastos. Acabou comovendo os passageiros brasileiros.
Principalmente Leonardo Sherman. Ele liderou uma "vaquinha" para ajudar o amigo. A imprensa participou. Arrecadou R$ 260 em menos de dez minutos. A celebração veio com cânticos rubro-negros. Cristiano ficou sem graça, mas muito agradecido.
Mais ainda quando soube: com a ajuda de uma reportagem do portal “ UOL ”, conseguiu uma entrada. Agora, espera coroar a aventura com o título contra o River Plate.
Já até fez um promessa. Fará uma homenagem para Gabigol.
"Meu próximo filho vai se chamar Gabigol. Já decidi. [E a mulher concorda?] Ah, ela não sabe ainda. Mas vai concordar. Não tem como!", disse, aos risos.