Decisivo no último duelo da Copa do Brasil com Athletico, Amaral vê roteiro de 2013:"Vai dar Flamengo"

Flamengo, Athletico-PR, Copa do Brasil, 1 a 1 no jogo de ida em Curitiba... Quem tem boa memória não estranha a sensação de "déjà vu" (termo em francês que significa uma sensação de algo já visto anteriormente). O cenário atual foi o mesmo vivido pelo Rubro-Negro carioca há seis anos , no último confronto entre as equipes pelo torneio eliminatório... Da decisão em 2013 até o reencontro de agora pelas quartas de final.

Quem nunca vai esquecer daquele confronto é Amaral, o "Pitbull da Gávea". Se no jogo de ida Gabigol foi o herói ao marcar o gol de empate que dá uma tranquilidade maior para a partida do Maracanã, em 2013 esse papel coube a um volante e um chute para lá de raro. O camisa 40 daquele time liderado por Hernane Brocador evitou a derrota em Curitiba com um golaço que abriu o caminho para o título (relembre no vídeo acima) :

– Lembro, claro (risos). Foi algo raro para um primeiro homem de combate uma finalização daquela. Eu arrisquei, mas quem não arrisca não consegue atingir seu máximo. Não só no futebol, mas na vida. Estava procurando o Hernane. O time era voltado todo para ele, que vivia excelente fase. Mas dei um, dois, três toques... Abriu muito e pensei: "Vou largar o chute". Tive uma felicidade enorme. Vai ficar não só na história, mas na lembrança dos torcedores, dos meus filhos que estão crescendo... Tive uma passagem excelente pelo Flamengo, mas esse gol não tem como explicar. Foi o de empate, sem ele seria um jogo mais difícil no Maracanã. Possibilitou nosso título.

Amaral está no CSA desde o início de 2019 — Foto: Morgana Oliveira, ASCOM CSA

Amaral está no CSA desde o início de 2019 — Foto: Morgana Oliveira, ASCOM CSA

Aos 31 anos, Amaral está no CSA, onde tem contrato até dezembro, mas não enfrentou o Flamengo no jogo entre as equipes no Campeonato Brasileiro por estar se recuperando de uma grave lesão no joelho. Nesta quarta-feira, às 21h30 (de Brasília), estará vendo o jogo do Maracanã de casa, em Alagoas, onde mora com a esposa Bianca, os filhos João Vitor e Maitê e os enteados Breno e Beatriz.

A diferença é que na época existia o gol qualificado, ou seja, o Flamengo já seria campeão com o 0 a 0 no jogo de volta, placar que permaneceu até os 42 minutos do segundo tempo, quando Elias e depois Hernane construíram o 2 a 0. Agora, qualquer empate levará a decisão para os pênaltis. Mas nada que mude a aposta do volante, que vai voltar no tempo e prevê um roteiro exatamente igual:

– Deixaram os caras empatarem, fica difícil tirar uma classificação ali dentro do Maracanã. Ainda mais com a equipe que tem, um elenco muito qualificado, e que está em um momento fantástico, com a confiança lá em cima. Creio que vai dar Flamengo. Mas futebol é bom por isso, é duvidoso, por isso é o mais apaixonante do mundo. Mas acho que dá Flamengo: 2 a 0.

Confira outros trechos da entrevista:

GloboEsporte.com: Aquele foi o melhor momento da sua carreira?

Amaral: – Eu tive bons momentos no Vitória também. Em 2015 uma pressão danada, o início não foi bom bom, mas o que importa é o final, conseguimos o objetivo de voltar à elite, fiz acho que 32 jogos na Série B, que é bem puxada. E no segundo ano conseguimos manter a equipe na Série A. Mas ser campeão pelo Flamengo, classificar a equipe para a Libertadores, é uma coisa que te deixa marcado para o resto vida. Meu melhor momento foi pelo Flamengo.

E chegou a fazer outro golaço como aquele depois?

– Fiz na final do Ba-Vi em 2016, foi o segundo gol do título, uma patada linda, e ainda no dia do meu aniversário (veja no vídeo abaixo) . Goleiro era o (Marcelo) Lomba. Mas esse pelo Flamengo para mim foi um arranque na carreira. Respeito muito as equipes que passei, mas jogar no Flamengo é diferente, a torcida te faz jogar. Ainda mais em um momento daquele, uma final. Sou grato a Deus que me proporcionou isso.

Vê alguma coisa semelhante daquele time para o atual?

– Tem muita diferença. A qualificação que tem hoje, é um elenco milionário. Claro que a gente tinha jogadores tarimbados, de Seleção, de título mundial pelo Corinthians como o Chicão, mas hoje não dá nem para comparar. Em termos de elenco, de tudo. Todos os atletas que estavam naquela conquista vão falar a mesma coisa se perguntarem. O elenco hoje é um dos melhores do Brasil.

Aquele foi o último título de expressão do Flamengo. A torcida ainda te agradece?

– Sim, quando eu posto no Instagram ou quando encontro na rua, sempre agradecem. Dizem que ganharam apostas naquele jogo, de caixa de cerveja, essas coisas (risos). Mas eu que agradeço a Deus, ao Joel Santana, à nação, por de ter entrado na história do Flamengo. Um garoto sonhador, que sonhava em voar alto. O sonhar de todo jogador é jogar pela Seleção ou em um grande clube como o Flamengo.

Se pudesse voltar no tempo, teria alguma coisa que você faria diferente no Flamengo?

– Faria, cara. Mas não sei... A minha saída do Flamengo até hoje eu não entendo. Não sei o que rolou. Acho que mudaria meu jeito. Era do mundo, hoje sou evangélico, se estivesse no caminho de Deus creio que teria maior longevidade no Flamengo. Mas só tenho que agradecer.

E como tá sendo esse período no CSA? Infelizmente aconteceu essa lesão chata...

– Eu tive um período parado após sair do Boa Esporte. Voltei a jogar e quando comecei a embalar, a ganhar ritmo, tive uma lesão no reto femoral (coxa). Depois, quando fui jogar a semifinal, sofri uma lesão no coletivo. Para mim é difícil assimilar. Quando um jogador não se machuca muito e sofre uma lesão dessas fica até com a cabeça aérea.

– Cheguei com uma expectativa muito boa, de corresponder, e bate uma tristeza. Não tem dinheiro que pague isso, daria tudo para poder estar em campo ajudando de alguma forma com a minha experiência. Infelizmente não estou podendo retribuir, futebol é desse jeito. Vida que segue. Agora estou melhorando, aceitando, tendo paciência para sair desse momento. Se não for aqui no CSA, que Deus abra portas para eu jogar futebol.

Você está com 31 anos, ainda tem "lenha para queimar"...

– Estou garotão ainda (risos). Atleta precisa de sequência. Se não estiver "na arena", não vai estar no ápice do físico. Pode fazer mais exercícios que for, mas o que dá ritmo é ali nos 90 minutos. Agora é ter paciência, voltar bem para não agravar a lesão ou sofrer outra. o CSA tem um DM qualificado, maravilhoso, vamos deixar as coisas acontecerem dia após dia. Fui operado por um dos melhores médicos daqui, o Dr. Sérgio Canuto, e espero voltar bem.

O CSA está em penúltimo lugar. Acha que é possível permanecer na Série A?

– Eu creio. Os caras estão trabalhando forte, o grupo está fechado, está tudo caminhando certo: um trabalho qualificado, o professor Argel (Fucks) que chegou, os companheiros que vieram ajudar, a diretoria cumprindo com as obrigações... Não tem porque dar errado. Nada resiste ao trabalho. A equipe vem em uma arrancada enorme desde a Série C. Creio que é momento de adaptação. A torcida está jogando junto, nos apoiando, principalmente dentro de casa. A torcida que tem, que faz um barulho imenso no Rei Pelé, está louco. A gente precisa dela, não pode largar. Creio também que ainda vou conseguir jogar esse ano. Você vai me ver dar a volta por cima.

Fonte: Globo Esporte