De coadjuvante no Flamengo a líder no Santos, Pará busca o tri da Libertadores
Três títulos de Libertadores em 10 anos não é para qualquer um. Embora nunca tenha sido conhecido como um expoente da posição, o lateral direito Pará é “pau para toda obra”. Aos 34 anos, chega a mais uma decisão com a camisa do Santos, depois de faturar o título com Neymar em 2011 e conquistar o bicampeonato com o Flamengo em 2019. Se o time erguer a taça contra o Palmeiras amanhã, o jogador entrará no seleto grupo dos brasileiros com mais conquistas do torneio sul-americano, ao lado Ronaldo Luiz, Vítor, Elivélton, Palhinha e Fabiano Eller.
Pará tem como marca na carreira ter passado por poucos clubes — Santo André, Santos, Grêmio e Flamengo — e ter ficado bastante tempo em cada um deles.
Ainda que tenha deixado o Flamengo antes da fase final da Libertadores de 2019, foram mais de 200 jogos pelo clube carioca, a maioria nos momentos em que o rubro-negro ainda não conseguia formar grandes equipes. Na volta ao Santos, acabou por desempenhar papel diferente, que ajuda a explicar a sua importância: de coadjuvante a um dos capitães.
Rafael Cabral é titular e um dos principais jogadores do Reading, da segunda divisão inglesa. A equipe briga pelo acesso.
O goleiro teve longa passagem pelo Napoli e um curto período na Sampdoria antes de acertar com os ingleses. Foto: Divulgação/Reading
Lateral-direito, Pará passou por Grêmio e Flamengo — quando fez parte do elenco que conquistou a Libertadores de 2019 — antes de voltar à Vila Belmiro, em agosto de 2019. Foto: MARCELO ENDELLI / Pool via REUTERS
O lateral-esquerdo Alex Sandro foi vendido ao Porto e ficou por lá até 2015. Hoje, atua pela Juventus.
O jogador acumula dois títulos portugueses, cinco italianos e venceu a Copa América de 2019 pela seleção brasileira. Foto: MARCO BERTORELLO / AFP
Capitão daquela equipe, o já experiente Edu Dracena seguiu trilha de liderança e títulos até o fim da sua carreira, no fim de 2019. O zagueiro foi tricampeão brasileiro por Corinthians (2015) e Palmeiras (2016 e 2018). Hoje, aos 39 anos, é assessor de futebol do Alviverde. Foto: Divulgação/Palmeiras
Após o título no Santos, Bruno Rodrigo foi bicampeão brasileiro no Cruzeiro e venceu outra Libertadores, pelo Grêmio (2017). O zagueiro se aposentou aos 32 anos. Foto: Juliana Flister / Light Press / Cruzeiro / Divulgação
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Durval ficou até 2013 na Vila Belmiro. No ano seguinte, voltou ao Sport, onde é ídolo, para disputar as últimas temporadas da carreira. Aposentou-se no início de 2020, aos 39 anos. Foto: Williams Aguiar/Sport Club do Recife
Arouca passou por Palmeiras, Atlético-MG, Vitória e Figueirense. Hoje, aos 34 anos, o volante ajuda o clube catarinense na briga contra a queda à Série C. Foto: Patrick Floriani/Figueirense FC
O lateral-direito Danilo, que atuou como volante naquela final, rodou por alguns gigantes europeus nos últimos anos. Do Porto, foi ao Real Madrid — onde foi bicampeão europeu — e seguiu por Manchester City e Juventus, seu clube atual.
O jogador é uma das principais opções da seleção brasileira em sua posição. Foto: MASSIMO PINCA / REUTERS
O volante Adriano tornou-se um andarilho do futebol após a passagem pelo Santos. Desde que deixou a Vila, atuou por São Caetano, Grêmio, Vitória, Avaí, Novorizontino, Goiás, CRB, Santo André, Portuguesa e Imperatriz-MA. Aos 33 anos, o jogador acertou com o Amazonas FC no início de 2021. Foto: Douglas Araújo/CRB
Cria do Peixe, Elano passou por Grêmio, Flamengo e pelo futebol indiano antes de voltar à Vila Belmiro, em 2015, quando foi bicampeão paulista. Em 2016, anunciou sua aposentadoria, aos 35 anos, e dedicou-se à carreira de técnico.
Desde então, já esteve à frente do Santos, da Inter de Limeira e do Figueirense, mas segue em busca do primeiro grande trabalho da carreira. Foto: Marcelo Theobald / Extra/Agência O Globo
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Camisa 10 daquela equipe, Paulo Henrique Ganso tentou empreitadas na Europa (Sevilla e Amiens), mas sua passagem de maior destaque foi no futebol brasileiro, pelo São Paulo, quando venceu a Copa Sul-Americana, em 2012.
Hoje, o meia busca recuperar seu espaço no Fluminense. Foto: Marcelo Theobald / Agência O Globo
Zé Eduardo, o irreverente Zé Love, teve curta passagem pelo futebol italiano (Genoa e Siena) após a o título continental. O atacante rodou pelos gramados chineses e árabes, bem como clubes brasileiros: Coritiba, Goiás, Vitória, Figueirense e Oeste.
Hoje, aos 33 anos, é um dos destaques do Brasiliense. Foto: Coritiba FC/Divulgação
Neymar dispensa apresentações. Principal jogador brasileiro em atividade no mundo, o camisa 10 do PSG coleciona títulos: foi bicampeão espanhol e campeão europeu pelo Barcelona, para onde se transferiu do Santos. Já no PSG, acumula três títulos franceses.
Principal jogador da seleção brasileira, venceu a Copa das Confederações em 2013 e foi medalhista de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio-2016. Foto: DENIS CHARLET / AFP
Se no Flamengo o lateral chegou a se envolver em polêmicas extracampo, e acabou afastado ao fim de seu primeiro ano, junto com o chamado “Bonde da Stella”, no Santos virou liderança pelo exemplo. No Rio, os relatos são de um comportamento mais reservado. Pará se dava bem com todos, mas na hora em que a pressão aumentava, se resguardava. Outros jogadores eram escudo e desempenhavam mais esse papel. Ainda assim, era querido por todos.
Cirino, Pará, Paulinho, Everton e Pico em episódio que ficou conhecido como Bonde da Stella Foto: Reprodução
Assim que retornou ao Santos, por sua história no clube, Pará foi visto nos piores momentos colocando a cara a tapa. Abraçou o grupo de atletas e virou para-raio, mesmo nos momentos em que era reserva de Victor Ferraz. Estava sempre disposto para falar com a diretoria ou dar recado ao torcedor, o que o fez ganhar mais respeito interno. Embora tivesse mantido certa dificuldade de se expressar, Pará demonstrava inteligência, dentro e fora de campo.
— O Pará é um exemplo de atleta trabalhador, que conhece suas limitações. Tem uma história de vida incrível. Não faz aquilo que não sabe. Mas faz muito bem aquilo que sabe — definiu o executivo Felipe Ximenes, recentemente demitido do Santos, que renovou o contrato do lateral até o fim de 2022, sem reajuste salarial.
Pará está longe de ter um dos maiores salários do Santos, que sofre para manter uma folha mensal de pouco mais de R$ 8 milhões. A ideia do jogador é encerrar a carreira no clube, quem sabe com mais um último contrato após 2022.
De Pedreiro a jogador
A persistência virou marca de Marcos Rogério Ricci Lopes, nascido em São João do Araguaia, no Pará. Lá, tentou a vida como pedreiro, ajudante do pai, antes de embarcar no sonho de viajar ao Sudeste para testes em São Paulo. Em 2003, Pará foi levado de carro, não foi aprovado no teste e ficou perdido na cidade.
Pará pelo Flamengo, em 2015 Foto: Alexandre Cassiano
— Fiquei numa pensão e não tinha nem como pagar. Não tinha nada para comer, passei muita necessidade. Meus pais me ligavam do Pará e perguntavam como eu estava, e eu respondia: “Tá tudo bem”. Do outro lado, minha barriga roncava — contou em entrevista a Fox Sports.
Um amigo o acudiu e o levou para o pequeno Barcelona Esportivo Capela, da Zona Sul paulista. Chegou a dormir na guarita. Após testes, o lateral foi aprovado no Santo André, fazendo parte do grupo que ganhou a Copa do Brasil de 2004 sobre o Flamengo no Maracanã.
Amanhã, ele se tornará o 12º jogador com mais jogos de Libertadores na história do Santos. Ele pode chegar ao 15º título em sua carreira, ostentando ainda um retrospecto que enche os santistas de confiança: Pará nunca perdeu uma final.
O atacante Marinho, do Santos Foto: JULIA RODRIGUES / DIVULGAÇÃO/CONMEBOL
Gabriel Menino, do Palmeiras Foto: CONMEBOL/DIVULGAÇÃO
O goleiro John Victor, do Santos Foto: CONMEBOL/LIBERTADORES
O goleiro Weverton, do Palmeiras Foto: DIVULGAÇÃO/CONMEBOL
Soteldo, do Santos Foto: DIVULGAÇÃO/CONMEBOL
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O paraguaio Gustavo Gómez, do Palmeiras Foto: DIVULGAÇÃO/CONMEBOL
O lateral Pará, do Santos Foto: DIVULGAÇÃO/CONMEBOL
O volante Felipe Melo, do Palmeiras Foto: DIVULGAÇÃO/CONMEBOL
O volante Diego Pituca, do Santos Foto: DIVULGAÇÃO/CONMEBOL
O atacante Rony, do Palmeiras Foto: DIVULGAÇÃO/CONMEBOL
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Kaio Jorge, do Santos Foto: JULIA RODRIGUES / DIVULGAÇÃO/CONMEBOL
O atacante Luiz Adriano, do Palmeiras Foto: DIVULGAÇÃO/CONMEBOL
Gabriel Veron, do Palmeiras Foto: DIVULGAÇÃO/CONMEBOL
O goleiro João Paulo, do Santos Foto: JULIA RODRIGUES / DIVULGAÇÃO/CONMEBOL
Matias Viña, do Palmeiras Foto: DIVULGAÇÃO/CONMEBOL