Braços de Deus: entenda o significado da comemoração de Gabigol após 150º gol pelo Flamengo

No mesmo jogo em que chegou a expressiva marca, Gabi torceu o tornozelo direito e se tornou dúvida para enfrentar o Athletico-PR, pelo jogo de ida das quartas da Copa do Brasil. A partida acontece na quarta-feira, às 21h30 (de Brasília), no Maracanã. Ainda sem ir a campo no treino, o camisa 10 vive o "Dia D" nesta terça para saber se será relacionado.

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A comemoração virou símbolo, festa nas arquibancadas, referência entre as crianças e, para o jogador, se transformou até em marca comercial. Difundido e reconhecido principalmente no Flamengo , o gesto começou ainda no Santos, em fevereiro de 2018, em uma vitória sobre o Santo André. O que muitos não sabem é como começou? Por quê? E qual o significado?

“Expressar que a força dele vem de Deus. E em gratidão e reconhecimento por aquilo que Deus tem feito.”

Ao contrário do que muitos pensam, a comemoração não foi uma ideia unicamente de Gabigol. O símbolo surgiu em uma conversa com o amigo Vagner Santana, que é missionário e promove reuniões de Atletas em Cristo. Quando morava em Santos, o atacante marcava presença nesses encontros semanais e, em um desses papos, ouviu o conselho e adotou a comemoração sugerida.

- Quando ele voltou para o Brasil, fez um dos gols contra o São Paulo e fez uma dancinha na bandeirinha de escanteio. No outro dia, tínhamos combinado de ir à igreja, aí falei: “Nós estamos aqui rezando para agradecer a Deus pela sua carreira, e na hora de comemorar o gol, em vez de você agradecer a Deus, fez aquela dancinha fraca (risos)” - disse Vagner antes de completar:

- Então falei para ele uma passagem da Bíblia que diz: “A minha glória, não darei a outro”. Ou seja, quando acontece algo em nossas vidas, temos que agradecer, em primeiro lugar. Não é errado dançar ou brincar, mas temos que ser gratos primeiro. Aí mostrei o gesto da comemoração, de levantar os braços, para mostrar que a glória que ele tem, a força, tudo isso vem de Deus. Foi mais ou menos assim, aí depois no outro jogo ele já fez. Entendeu que a força e o talento vêm de Deus. É uma gratidão - finalizou Vagner ao ge .

“A força, habilidade e talento que recebeu são um dom que foi dado por Deus”

Desde a primeira vez que fez o gesto, Gabigol marcou 174 gols - 150 pelo Flamengo e 24 pelo Santos - e a relação com Vagner se manteve, ainda que distante fisicamente. A amizade é facilitada por trocas de mensagens. Mas, no último dia 25, o Flamengo enfrentou o Santos na Vila Belmiro e Vagner fez questão de visitar o amigo no hotel da concentração rubro-negra.

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O missionário trabalha há mais de 20 anos com atletas e, inclusive, tem contato com outros identificados com o Flamengo : Filipe Luís e Diego Ribas. A relação com Gabigol, por sua vez, é mais antiga.

- Quando não tinha jogo, o Gabriel vinha. A gente lia a Bíblia, rezava junto. Conheço desde pequeno e sempre fui tentando ajudar com essa parte, porque o atleta tem que estar bem preparado mentalmente e espiritualmente. Há coisas que operam para o bem quando a pessoa se dedica em todas as áreas. O que muitos interpretam como marra e provocação, na verdade, tem o propósito de honrar a Deus.

Dos 150 gols, 30 foram marcados na Libertadores, rendendo a marca de maior artilheiro brasileiro da competição (ao todo 31, pois tem um gol pelo Santos). São quatro gols em três finais de Libertadores e dois títulos conquistados. Além de Zico, Gabigol é o único jogador rubro-negro a marcar em decisões da principal competição do continente pelo Flamengo .

Os dois braços na altura dos ombros, mostrando o bíceps e os punhos fechados sofreu adaptações ao longo dos anos. Em alguns momentos, em 2019, veio acompanhado de uma placa da torcida com a clássica frase “Hoje tem gol do Gabigol”. Mais recentemente, o atacante passou a dar três pulinhos antes de fazer o símbolo já conhecido.

O gol de número 150 de Gabigol pelo Flamengo saiu no sábado passado, contra o Fortaleza (2 x 0) após linda jogada. Arrascaeta deu drible de corpo em Caio Alexandre e cruzou. O camisa 10 finalizou sem chances para João Ricardo e fez uma série de comemorações.

Os muques em homenagem a Deus, claro, foram expostos. Mas também reverenciou Arrascaeta, "engraxou" a chuteira do companheiro e beijou o pé direito do uruguaio. Depois disso, partiu em disparada para abraçar Matheus Cunha, que havia defendido uma cobrança de pênalti cinco minutos antes.

Caso Gabigol entre em campo, vai enfrentar o Athletico-PR pela 16ª vez com a camisa do Flamengo . Contra o rival, já marcou oito gols e deu duas assistências.

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