Bastidores: ausência em treinos e falta de profundidade tática minam passagem de Renato pelo Flamengo

A passagem de Renato Gaúcho pelo Flamengo durou pouco mais de quatro meses, mas bem antes do divórcio o trabalho do treinador começou a ser contestado dentro do clube. Determinadas posturas no dia a dia incomodaram jogadores, integrantes da comissão técnica e dirigentes.

Ídolo com estátua no Grêmio, seu clube anterior, Renato chegou ao Flamengo sem mudar algumas atitudes que tomava em Porto Alegre e não lhe causavam problemas. No Ninho do Urubu, porém, a história foi diferente. Quando os titulares ganhavam folga, por exemplo, era comum o treinador não comparecer ao CT.

- Hoje ele se deu folga - era o comentário mais ouvido entre funcionários do Ninho nesses dias.

Renato no jogo contra o Grêmio: ausência em treino dos titulares no mesmo dia causou irritação — Foto: Maxi Franzoi/AGIF
1 de 3 Renato no jogo contra o Grêmio: ausência em treino dos titulares no mesmo dia causou irritação — Foto: Maxi Franzoi/AGIF

Renato no jogo contra o Grêmio: ausência em treino dos titulares no mesmo dia causou irritação — Foto: Maxi Franzoi/AGIF

Já no primeiro mês de trabalho de Renato, quando o Flamengo enfileirava goleadas, a ausência do treinador na viagem a Natal para o jogo de volta contra o ABC , pela Copa do Brasil, foi mal recebida por alguns no Ninho. Na ocasião, ele recebeu autorização do vice de futebol do clube, Marcos Braz, para permanecer no Rio com os titulares.

Além de ocasiões pontuais como os treinos e a ausência em Natal, um ponto causou incômodo constante, principalmente entre os jogadores: a falta de detalhamento tático nas atividades. A maior parte dos treinos consistia em pequenos jogos, com menos de 11 jogadores em cada time, fossem nove contra nove, oito contra oito ou sete contra sete.

No dia a dia, a relação dos jogadores com Renato era consideravelmente melhor do que com seu antecessor, Rogério Ceni. "Gente boa" é uma expressão ouvida frequentemente no Ninho para definir o treinador que deixou o Flamengo nesta segunda. Mas a questão tática irritava boa parte do elenco.

- A gente consegue resolver jogos pela qualidade do time, mas tem momentos em que a gente precisa de um técnico indicando caminhos - disse um jogador.

Jogadores do Flamengo se irritaram com falta de profundidade tática dos treinos de Renato — Foto:  Pedro H. Tesch/AGIF
2 de 3 Jogadores do Flamengo se irritaram com falta de profundidade tática dos treinos de Renato — Foto: Pedro H. Tesch/AGIF

Jogadores do Flamengo se irritaram com falta de profundidade tática dos treinos de Renato — Foto: Pedro H. Tesch/AGIF

Já na reta final do trabalho, um episódio foi considerado a gota d'água, que dificultaria a permanência de Renato mesmo em caso de título da Libertadores: a ausência do técnico no treino que os titulares fizeram em Porto Alegre quatro dias antes da final contra o Palmeiras.

No mesmo dia, os reservas rubro-negros enfrentaram o Grêmio à noite, e Renato preferiu não comandar a atividade dos titulares. Se no início as críticas a esse tipo de comportamento ainda eram mais restritas em razão dos resultados, nesse caso a rejeição foi quase unânime e pavimentou a decisão pelo fim da passagem do treinador pelo Flamengo.

Quando Néstor Pitana apitou o fim da prorrogação da final da Libertadores, os envolvidos no futebol rubro-negro sabiam que não havia clima para Renato comandar mais um jogo sequer. O anúncio foi feito nesta segunda, e Maurício Souza será o técnico do Flamengo até o fim do Brasileiro.

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Fonte: Globo Esporte