Aos 16 anos, Diego Alves já defendia pênaltis e colocava goleiro de Copa do Mundo para correr

Nesta quinta, o Valencia recebe o Celta, às 16h30 (de Brasília), em mais um jogo duro na luta para fugir de vez do rebaixamento no Campeonato Espanhol. Para sair com os três pontos do estádio Mestalla, os "Morcegos" contam com mais uma grande partida do goleiro Diego Alves, que vem em grande fase e, na última rodada, pegou mais um pênalti, chegando à incrível marca de 50% de cobranças defendidas em seis anos de clube .

Hoje com 31 anos, o brasileiro já mostrava desde a adolescência um talento para barrar penalidades, como lembra ao ESPN.com.br Rogério Spinelli, seu primeiro treinador de goleiros no Botafogo-SP, equipe que descobriu o atleta no começo dos anos 2000.

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"Ele é de Ribeirão Preto também e veio da escolinha do Botafogo, que foi quando a gente o observou pela primeira vez. Quando comecei a trabalhar com ele, ainda no juvenil, ele já demonstrava enorme qualidade. Tinha uma firmeza boa, muito maior que a dos meninos da idade dele, e isso pra um goleiro em começo de carreira é muito importante", lembra Spinelli, ex-goleiro que trabalha na equipe do interior paulista há três décadas, desde que pendurou aos luvas aos 26 anos, depois de sofrer uma lesão grave na mão e passar por cirurgia delicada.

"Eu o levei para o profissional com 16 anos, ele treinava com o time de cima e o da base também. Ele treinava muito, mas muito mesmo, sempre foi extremamente dedicado. Ele não tinha preocupação de jogar ou ser titular naquele momento. O Diego queria aprender, essa era a meta dele. E ele aprendeu bem, como todos podem ver", exalta.

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Mesmo ainda em desenvolvimento, Diego Alves já mostrava muita habilidade para defender pênaltis desde a adolescência, como recorda seu primeiro treinador.

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Quem sofreu bastante com isso foi o goleiro Doni, também revelado pelo Botafogo-SP e que teve passagens por Corinthians, Santos, Roma, Liverpool e seleção brasileira, fazendo parte inclusive do elenco da Copa do Mundo de 2010 e sendo titular da conquista da Copa América de 2007, sob o comando de Dunga.

Como treinava com os profissionais, Diego sempre era convidado por Rogério Spinelli para participar das brincadeiras de cobranças de pênalti ao final dos treinos. As regras eram simples: quem pegasse mais cobranças tinha o direito de descansar, enquanto os derrotados tinham que correr em volta do gramado, sob forte sol, como "castigo".

Alves, mesmo com a diferença de idade, quase sempre era o campeão.

"O Diego ganhava direito do Doni e do Marcão [ goleiro que defendeu o Botafogo por longo período ], depois ficava olhando eles correndo (risos). Ele era muito bom nos pênaltis, mesmo com 16, 17 anos. Foi ali que começou essa história dele pegar tantos", conta.

  • Os pênaltis e a ida para o Atlético-MG

Segundo Spinelli, Diego não tem nenhum segredo para pegar pênaltis. O treinador diz que seus números excelentes são frutos de muito trabalho, observação e um pouco de sorte.

Em seis anos de Valencia, ele foi confrontado na marca da cal em 50 oportunidades. Ele defendeu 24 (recorde da história de La Liga ), uma foi na trave, outra no travessão. Apenas 24 balançaram o barbante.

"Pênalti é momento... Ele puxa muito a sorte para o lado dele na hora da cobrança. Também tem uma rapidez impressionante, e presta sempre muita atenção no que o batedor vai fazer com o pé", explica.

"Ele olha a perna do cara, o jeito que ele corre, e já sabe onde vai bater, aí a chance de fazer a defesa é muito maior. Ele sempre teve essa percepção, de conseguir ver se o cara vai  mudar o pé, se vai bater na diagonal. Ele sempre acredita que vai defender", diz.

Diego Alves ficou dois anos no Botafogo de Ribeirão Preto e nem chegou a fazer sua estreia pelo profissional. Um dia, foi descoberto pelo Atlético-MG e rumou para Minas.

"Ele já havia se destacado em uns torneios internacionais com o Botafogo, mas foi muito bem em um amistoso que fizemos com o Atlético-MG, em Uberaba. Levei o Diego pra esse jogo, ele tinha 18 anos e pegou até pensamento. Ganhamos de 2 a 1. Naquele dia, o pessoal já viu ele e ficou encantado. Depois disso, ele voltou e disputou a Copa São Paulo de Juniores com o Botafogo, mas em seguida já foi para o Atlético", recordou o treinador.

Inicialmente, Alves foi integrado aos juniores do "Galo", subindo depois para o profissional e virando reserva. Nas férias, entre 2004 e 2005, foi para sua cidade natal mas não para descansar. Ao chegar a Ribeirão Preto, ligou para Rogério Spinelli e pediu sua ajuda.

"Ele me ligou e pediu para eu treiná-lo sozinho antes de voltar das férias. O Botafogo cedeu um campo da escolinha e ficamos trabalhando eu, ele e o Leandro Franco, outro treinador de goleiro do clube, por 15 dias até ele voltar das férias. Ele chegou em grande forma ao Atlético e virou titular durante o Campeonato Mineiro", citou Spinelli.

Em Belo Horizonte, Diego arrebentou, conquistando a Série B em 2006 e o Campeonato Mineiro em 2007. Em seguida, foi vendido para o Almería-ESP, iniciando sua carreira no futebol europeu. Atualmente, é ídolo e destaque do Valencia em La Liga .

"Hoje, a gente fica contente de ver ele aparecendo para o mundo assim. Fico feliz de poder ter ajudado um pouco. Sempre foi um moleque de muita qualidade e principalmente muito esforçado. Gostava de aprender e sempre se doou ao máximo nos treinos. Isso explica muito do sucesso dele", elogia.

  • Seleção brasileira e uma possível volta
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Com Alisson na reserva da Roma, e Ederson, do Benfica, ainda muito jovem, o técnico Tite vem sendo cobrado para dar uma chance a Diego Alves na seleção brasileira. Rogério Spinelli faz coro, e diz que o ex-pupilo merece defende a meta do Brasil na Copa-2018.

"Era para ele estar ali, principalmente pelo que ele tem demonstrado nos últimos jogos. Ele já foi convocado, mas não teve sequência. Acho que está na hora de ser chamado de novo. É a chance dele agora, principalmente pela idade, de disputar uma Copa. Não sei se vai ser possível, mas acredito que seria muito bom ele estar no gol do Brasil", torce.

Rogério Spinelli, inclusive, foi o responsável pelo primeiro chamado de Diego Alves para as seleções de base, em uma história parecida com a ida do goleiro para o Atlético-MG.

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"O Botafogo foi convidado pela CBF para fazer um amistoso na Granja Comary, contra a seleção sub-17, e eu levei ele. Chegando lá, falei para o treinador de goleiros deles: 'Olha esse menino, tem muita qualidade e depois me diz o que acha'. Nesse jogo ele pegou demais, não passou nada. O treinador olhou pra mim depois e falou: 'Você estava certo. Esse aí tem futuro'. Dali em diante ele já foi chamado para as seleções de base", relata.

Hoje separados, Spinelli e seu ex-comandado ainda se falam de vez em quando.

"Às vezes ele vem aqui no clube, manda um abraço, mas é muita correria. A gente segue guardando amizade, mas infelizmente é difícil de encontrar", lamenta o treinador de goleiros, que sonha em ver Alves vestindo mais uma vez a camisa do Botafogo-SP.

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"O Sócrates fez isso, né? Ele veio aqui pro Bota encerrar a carreira. Acho que isso seria possível, pois ele gosta do clube. Quando estiver parando ele podia vir apra cá. Seria uma honra para o Botafogo e acredito que um prazer para ele também", encerra Spinelli.

Fonte: Espn
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