O Flamengo sofreu um apagão na tarde de domingo e perdeu para o Corinthians, por 2 a 1, pela 25ª rodada do Brasileirão. Mas por que um apagão? Tite levou a campo o que poderia ser considerado força máxima com o que tinha à disposição, mas o time não conseguiu dar liga. Foi praticamente nulo em articular jogadas e inoperante ofensivamente. E, se quiser competir, precisa parar de oscilar.
Não bastasse isso, os dois gols saíram de erros defensivos claros. No primeiro, David Luiz falhou e ainda foi facilmente driblado por Yuri Alberto, que cruzou para Talles Magno marcar. No segundo, mais um erro do zagueiro. Desta vez, ele já sentia dores no adutor da coxa esquerda mas ainda estava em campo e se posicionou mal, assim como Varela: Romero ficou livre para colocar a bola no fundo da rede.
Escalação inicial: Rossi, Varela, Fabrício Bruno, David Luiz, Ayrton Lucas; Pulgar, Léo Ortiz, Gerson; Luiz Araújo, Pedro e Bruno Henrique.
Foi assim que o Flamengo foi a campo. Os (muitos) desfalques devem ser levados em conta, mas a verdade é que Tite colocou o que melhor tinha à disposição para iniciar a partida - e deveria ser o suficiente para vencer o Corinthians, que briga para fugir do rebaixamento. Bons nomes, boas peças, mas que viveram uma tarde sem encaixe no meio-campo - apesar desta formação já ter sido utilizada.
O meio-campo não conseguia fazer a bola chegar ao ataque. No primeiro tempo, o Rubro-Negro até terminou com mais posse de bola (56%), mas não a transformou em criação de jogadas. As três chances do Flamengo saíram praticamente sem o time trabalhar a bola. Foi em lampejos individuais que os rubro-negros chegaram com perigo ao gol de Hugo Souza.
Na primeira chance, David Luiz fez uma ligação direta para Bruno Henrique, que chutou para defesa de Hugo Souza. Na segunda, Varela marcou pressão, roubou a bola e tocou para Luiz Araújo arriscar de longe, para fora. Na terceira, o uruguaio novamente fez jogada individual e cruzou. José Martínez abriu o braço para impedir, e o juiz marcou pênalti. Pedro converteu o gol e empatou para o Rubro-Negro.
O Flamengo viu o Corinthians jogar com uma certa facilidade no primeiro tempo. A situação ficou ainda mais clara no segundo tempo. O meio-campo rubro-negro, além de desconectado ofensivamente, viveu também uma tarde bem abaixo defensivamente, dando muita liberdade e espaços para os adversários - principalmente Talles Magno, Garro e Romero.
O único bom momento do Flamengo na segunda etapa foi assim que a bola rolou. O cartão de visitas de Carlos Alcaraz, a contratação mais cara da história do clube. Em seu primeiro lance com a camisa rubro-negra, o argentino roubou a bola, avançou, tabelou com Pedro e invadiu a área, mas perdeu o gol: Hugo Souza saiu nos pés do meia e fez a defesa.
O lance até poderia dar esperança de que o jogo seria outro para o Flamengo . Mas durou pouco tempo. A entrada de Romero no lugar de Talles Magno trouxe à tona - novamente - a desorganização defensiva do meio-campo rubro-negro. Ele demorou apenas 57 segundos para marcar o gol que deu a vitória ao Corinthians.
Se o Flamengo vivia um dia pouquíssimo inspirado. Tite já não tinha muitos opções olhando para o banco, recheado de jovens da base. Aos 17, Allan no David Luiz, que saiu com dores no adutor da coxa esquerdo. Aos 22, Wesley no Varela, que saiu com dores no quadril direito , e Carlinhos no Pedro. Aos 40, Matheus Gonçalves no Ayrton Lucas. Mas não mudou o jogo, pelo contrário, Allan se arriscou demais e quase comprometeu.
Mas é bem verdade que o Corinthians, depois do gol, não criou chances claras no segundo tempo. Estava mais à vontade, com espaço, mas não transformou em novas oportunidades. Jogando fora de casa, e com a torcida alvinegra e comemorando o aniversário de 114 anos, o Flamengo viu o adversário amarrar o jogo, segurando a vitória.
O Flamengo não conseguiu sequer reagir, foram muitos erros de passe (71 de 411) que contribuíram para a dificuldade em continuar as jogadas. Além da chance de Alcaraz, o Rubro-Negro teve outros dois bons lances: Pedro chutou colocado, mas a bola foi para fora e Léo Ortiz, já no apagar das luzes, desviou uma bola após cobrança de falta, mas defesa do Corinthians afastou.
Um deserto de ideias: faltou criatividade no meio, faltou competitividade e lucidez no ataque. Mas sobram críticas ao time de Tite por viver uma eterna oscilação (de desempenho) - principalmente no Brasileirão. No segundo turno tem apenas 38% de aproveitamento: duas vitórias, um empate e três derrotas. Os resultados por vezes aparecem, e o time se mantém nas três competições: Libertadores, Copa do Brasil e Brasileirão.
A derrota complica um pouco a briga pelo título. O Flamengo teve a chance de embolar a disputa pela liderança, mas agora está em quarto, com 44 pontos, seis atrás do Botafogo e com um jogo a menos. Matematicamente é claro que é possível, mas as atuações passam longe de empolgar.
O que pode trazer esperança ao torcedor é a integração dos reforços ao elenco que é considerado por muitos o melhor do país. Alcaraz já deu o seu primeiro passo, mas Tite tem a data-Fifa para trabalhar Alex Sandro e Gonzalo Plata. Paralelo a isso, há também a recuperação de Gabigol, Arrascaeta, De la Cruz, Michael e agora Varela.
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