O futuro estádio do Flamengo só deve realmente tomar corpo em cinco anos. Porém, a notícia da provável compra do terreno foi o suficiente para que uma questão surgisse: Como ficará o Maracanã sob administração do rubro-negro pelos próximos 20 anos junto com o Fluminense?
Ainda que seja um problema de médio prazo, já fica no ar um temor de mais uma mudança de dono do principal estádio do país — vale lembrar que após as denúncias da Operação Lava-Jato, a Odebretch devolveu o equipamento ao Estado e a nova licitação se arrastou por anos.
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O rubro-negro, que teve a vitória homologada na licitação no início deste mês, não se preocupa com o tema no momento. Internamente, o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, disse recentemente a conselheiros, segundo o site Mundo Rubro-Negro, que o clube continuará a gerir o Maracanã durante o período da concessão.
Ele alega que o Fluminense já garante o mínimo de jogos necessários para sustentar o estádio. O Maracanã também poderá receber outros tipos de eventos em outras datas que o Flamengo não o utilizar. Além de receber jogos de outros times, como o Vasco, que nos próximos anos deve reformar São Januário.
No edital da licitação, exigia-se um mínimo de 25 jogos. Porém, para obter maior pontuação, o consórcio Fla-Flu comprovou que poderia realizar até 77 partidas por ano.
Nos bastidores, o governador do Rio, Cláudio Castro, já apelou ao clube para que siga utilizando o estádio. O pedido é para que a concessão seja respeitada com a utilização em um número mínimo de jogos. Nem que eles sejam mais esporádicos, em revezamento com o Fluminense.
Procurado, o estado disse em nota que "a existência de um novo equipamento esportivo vem a somar com o esporte e o lazer da população fluminense" e que "confia que as cláusulas contratuais" da licitação do Maracanã serão cumpridas, com o objetivo de mantê-lo "como estádio competitivo e preservar seu valor histórico como templo do futebol".
Os dirigentes tricolores também já tiveram uma primeira conversa com o Flamengo a respeito do futuro da concessão — o Fluminense tem 35% dos custos e lucros e hoje não teria condições de gerir o estádio sozinho. Mas a discussão sobre a gestão do Maracanã só acontecerá quando a arena do rubro-negro realmente sair do papel, após 25% do tempo de contrato já terá passado.
Impactos imediatos
Fontes ouvidas pela reportagem, no entanto, concordam que assim que o estádio do Flamengo for inaugurado, o Maracanã perderá seu principal ativo. Afinal, os maiores públicos e rendas do futebol brasileiro, atualmente, são do rubro-negro.
A notícia recente também pode impactar em negociações de publicidade, camarotes e hospitalidade a longo prazo, uma vez que o estádio receberá menos jogos do rubro-negro daqui a cinco anos. Quem pretende colocar sua marca no Maracanã pode pensar duas vezes e rever os valores diante do novo cenário.
Um futuro possível para o Maracanã seria algo semelhante ao que foi feito com Wembley, que atualmente recebe finais de algumas copas tradicionais (FA Cup e Copa da Liga Inglesa), jogos de times locais, tornou-se o principal palco de megaeventos e shows em Londres, recebeu recentemente a final da Champions League, e é a casa da seleção da Inglaterra, sempre lotada nos jogos masculinos e femininos. Uma parceria com a CBF já foi cogitada há alguns anos para a construção de um grande museu do futebol. Porém, transformá-lo em lar da seleção brasileira esbarraria nas questões políticas da entidade que precisa agradar diversas federações.
— Acredito que com acertos equilibrados e compartilhamento de receitas, utilizar esses espaços já existentes ainda seja um formato bem-vindo para todos os envolvidos — afirma Anderson Nunes, head de Negócios da Casa de Apostas, que adquiriu os naming rights da Arena Fonte Nova, em Salvador, e da Arena das Dunas, em Natal.
Procurados pela reportagem, Vasco — que participou da licitação ao lado da WTorre e perdeu — e Botafogo não se pronunciaram.