Mais do que um desligamento, a saída de Wallim Vasconcellos do Flamengo foi uma maneira de se posicionar contrário à forma como o clube tem sido gerido.
Figura determinante do grupo que iniciou a reformulação administrativa ainda em 2013, no primeiro mandato de Eduardo Bandeira de Mello, o agora ex-dirigente se sentiu desprestigiado por Rodolfo Landim e seus pares mais próximos - o vice de relações externas, BAP, e o vice de comunicação, Gustavo Oliveira - e sem voz. Naturalmente exposto pela pasta que comandava, optou pelo pedido de demissão por discordar de decisões importantes.
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Gustavo Oliveira, Rodolfo Landim, Wallim Vasconcelos e Luiz Eduardo Baptista: ruptura após candidatura juntos — Foto: Fred Gomes
O GloboEsporte.com questionou o Flamengo sobre a saída do vice-presidente, mas o clube optou por não se posicionar.
Tema central das últimas semanas, a forma como o Flamengo tem conduzido os desdobramentos do incêndio no Ninho do Urubu é um dos fatores que incomodam Wallim, mas está longe de ser o único. Em opinião que é compartilhada por boa parte dos vice-presidentes, o ex-dirigente se sentia desprestigiado com a maneira centralizadora com que Landim, BAP e Oliveira tomam decisões no dia a dia rubro-negro. Para muitos, infringindo até mesmo a dinâmica imposta pelo estatuto.
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Tal comportamento gerou a ruptura completa com BAP, com quem Wallim sequer trocava palavras nos últimos meses e, por tabela, o distanciou de Rodolfo Landim. O ex-vice de finanças acreditava que não era consultado em decisões importantes para o rumo do clube.
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Gustavo Oliveira, Bap, Marcos Braz e Rodolfo Landim, dirigentes do Flamengo — Foto: Alexandre Vidal/Flamengo
Também desafeto de BAP, Marcos Braz foi o único dirigente do clube que se posicionou publicamente a respeito da saída de Wallim. Não por acaso, fez questão de exaltar o ex-companheiro:
- Wallim, obrigado por tudo!
Wallin , obrigado por tudo . pic.twitter.com/POwWHswn4A
— February 11, 2020
Em Doha, durante a realização do Mundial de Clubes, o distanciamento ficou evidente. Wallim, por exemplo, foi o único dirigente que não foi convidado pela diretoria para evento oficial da Fifa para tratar da competição. O desconforto ficou evidente para quem estava no Catar. O VP ainda não compactuou com a decisão de reter e diminuir os valores da premiação de diretores, gerentes e comissão técnica.
O ex-dirigente ainda discordava da maneira como algumas decisões "corporativas" eram tomadas por executivos do clube, desde a terceirização de serviços até o fluxo financeiro. Há cerca de duas semanas, o próprio Wallim se reuniu com representantes da cúpula rubro-negra para manifestar o desconforto com a maneira como as tomadas de decisões do clube estavam sendo conduzidas.
Como nada mudou, se viu no papel de figurante na gestão e resolveu pedir para sair.