O técnico Vítor Pereira falou sobre sua saída do Corinthians , clube que dirigiu por oito meses em 2022. O treinador reforçou o laço que criou com o Timão, mas disse que sentiu falta de um projeto vencedor que o convencesse a seguir na equipe em 2023.
"Eu saí do Porto mais de uma vez. Fiquei oito anos lá. Minha ligação com o Corinthians foi de oito meses. Me custou muito sair do Porto, mas senti que tinha que sair. Me custou muito sair do Corinthians, mas também senti que tinha que sair. Porque não tinha possibilidade de construir o que queria. Por muito que gostasse, por mais que sentisse o carinho do torcedor nos jogos, no treino aberto… No Corinthians, me senti corintiano, que era mais um da família. Não tenha dúvidas. Mas também senti que não havia nenhum projeto. Que fazer melhor do que fizemos era praticamente impossível. Falta de dinheiro, essencialmente", comentou Vítor Pereira ao podcast Ataque Rápido .
"Acredito que eles tentem fazer o melhor possível, não tenho dúvidas, apesar do Duilio e alguns jogadores… Enquanto estive no Corinthians era irmão, quando saí passei a ser um delinquente, mas é assim. Mas deixei muitos amigos, muita gente que me tratou tão bem, que não consigo dizer nada… Se me perguntar alguma coisa negativa, não consigo apontar. Só posso dizer que faltou mais dinheiro para um investimento melhor, para um clube daquela dimensão ter chances de brigar por títulos de forma séria. Jogar em Itaquera provavelmente foi a experiência mais vibrante, você sente aquilo todos os jogos, sente o arrepio quase todos os jogos", complementou o treinador.
Na época, o treinador alegou que deixaria o Timão por problemas pessoais, relacionados à saúde da família. O fato do português ter assumido o Flamengo logo após sair do Corinthians gerou revolta entre os corintianos.
"Eu decido, eu e minha equipe técnica, decidimos que não seria possível continuar no Corinthians pela necessidade que nossas famílias tinham naquele momento... Depois da China, fiquei três anos fora. Você vai acumulando débito com sua família, sente que seus filhos estão naquela idade da adolescência e precisam de um pai, e você não está lá. Então nós em conversa decidimos sair do Brasil, voltar para casa, para ter um tempo de estudar, refletir, melhorar… Me despeço do Corinthians desta forma, fui embora por razões familiares e por gostar muito das pessoas não quis apontar que não via projeto vencedor, capaz de nos valorizar e valorizar o clube. Então, por razões familiares, em uma conversa pessoal com o presidente, conversa de amigo, falei que de fato precisava voltar para casa", disse o treinador, que falou do processo que o levou para o Flamengo logo após a saída do Timão.
"O que acontece a seguir? Tínhamos combinado que minha família ia comigo para Bahia para passar uma semana. Nos três dias que fiquei em São Paulo, depois de me despedir, o Flamengo veio até mim. Eu nunca tinha falado com meus assistentes sobre Flamengo porque não tínhamos nada. Eles chegam até mim e falam que gostaria que eu dirigisse o Flamengo. No dia anterior de ir embora, fui até a Avenida Paulista e sentei-me com dois amigos para tomar uma cerveja. Eu sentei por 30 segundos, porque formou-se uma fila enorme. Isso ficou na minha cabeça. Queriam tirar fotos comigo. Senti que tinha uma relação muito forte com os corintianos. naquele último dia, o clube pediu para eu transmitir uma coisa, mas não conseguia, o sentimento era muito forte. Vou para Bahia e os dirigentes do Flamengo vão atrás de mim. Estragaram minhas férias, não tive férias. Ninguém queria que eu continuasse no Brasil. Problemas de saúde da família que falam, que brincam, é muito sério. Falei isso em uma conversa de amigos e vazou para a imprensa. O Marcos Braz ficou nesse hotel na Bahia", comentou.
"Ligo para meus assistentes para dizer que tínhamos o Flamengo e me lembraram da promessa às famílias, e que era difícil. Tinha que formar uma equipe técnica em dois dias. Fiz minha carreira em cima do risco, isso faz parte da minha natureza. Eu sempre acredito que é possível. Fui para o Flamengo com uma equipe técnica organizada em dois dias, isso é difícil. Vieram várias finais seguidas e esse foi meu projeto lá, jogar finais. Com uma equipe nova, um grupo completamente diferente do Corinthians, que exige uma liderança diferente. São dois clubes completamente diferentes", complementou.
No comando do Corinthians, Vítor Pereira acumulou 23 vitórias, 20 empates e 15 derrotas, com um aproveitamento de 51%. O técnico levou o Timão ao vice-campeonato da Copa do Brasil, tendo perdido a decisão para o Flamengo de Dorival Júnior.
Já pelo Flamengo, o técnico venceu 10 partidas, empatou um e perdeu sete, com aproveitamento de 57%. O treinador perdeu a final da Supercopa do Brasil, da Taça Guanabara, do Campeonato Carioca, da Recopa Sul-Americana e não chegou à final do Mundial de Clubes.