Viés personalista e boas relações marcam mercado de acertos e erros do Flamengo

Clube que mais contratou no Brasil em 2023 e com investimentos anuais entre R$ 200 milhões e R$ 300 milhões desde 2019, o Flamengo vai ao mercado de 2024 com as mesmas práticas que lhe renderam sucessos e fracassos nas últimas temporadas. A repetição de nomes de atletas apontados como alvos do interesse do clube tem a ver com uma política de contratações que não se baseia apenas no levantamento técnico de jogadores. Como normalmente avança sobre nomes mais consagrados e valorizados, o crivo é personalista e econômico, e passa mais por dirigentes do que pelos próprios treinadores.

Tite, assim como os técnicos anteriores do Flamengo, só tem o poder de vetar nomes na política de contratações. Isso se dá no momento em que os profissionais do departamento de futebol entregam uma lista de jogadores observados, divididos em níveis A e B. A presença de um núcleo de scout, com um representante da área considerado de bom nível no mercado, é apenas uma das etapas do processo de contratação. Mas a que menos aparece. Principalmente em aquisições como a de De la Cruz ou de nome conhecidos repatriados da Europa.

Queda de braço

Ao longo dos últimos anos, o modus operandi passa pelo poder concentrado nas mãos do vice de futebol Marcos Braz, dirigente amador e não remunerado, mas com carta branca do presidente Rodolfo Landim para capitanear as movimentações dentro do orçamento do clube. Com os holofotes sobre si a cada janela de transferências, é de Braz o aval final para que haja uma investida. Normalmente aprovada por ele a partir de uma indicação do mercado da bola, no qual tem trânsito fácil. O acerto final, porém, passa por Landim e pelos demais vice-presidentes do Conselho Diretor, onde costuma acontecer quedas de braço em função de valores envolvidos.

Bem relacionado com os grandes empresários e também com traquejo junto aos atletas, Braz foi o responsável, por exemplo, por bater o martelo pela vinda do chileno Erick Pulgar, destaque em 2023. O feeling indicou que um jogador com boas temporadas no futebol italiano cairia bem no Flamengo. O mesmo sentimento levou o dirigente a aprovar a contratação do também chileno Vidal, que, por outro lado, não rendeu o esperado no Flamengo.

Empresários

Entre erros e acertos, é inegável que as operações financeiras representaram lucros altos para agentes envolvidos nas negociações. O mais próximo da atual diretoria é Giuliano Bertolucci. Desde as compras de Gabigol e Arrascaeta, em 2019, o agente participa das movimentações. Nesses dois casos, como intermediário, já que os atletas não são da sua empresa.

A última participação do empresário foi na compra do volante Allan do Atlético-MG, por R$ 50,3 milhões. O Flamengo insistiu na chegada do jogador e pagou R$ 2,613 milhões a Bertolucci, cerca de 5% da operação. O mesmo percentual foi aplicado na intermediação de Gabigol, em que o agente ficou com R$ 4,8 milhões, segundo o balanço do clube rubro-negro.

Everton Cebolinha

Giuliano Bertolucci é figura importante também na venda de jogadores, como Matheus França ao Crystal Palace, da Inglaterra, que rendeu ao Flamengo R$ 107,6 milhões. Apesar da maior incidência, não teve comissão tão alta quanto a do agente de Everton Cebolinha, Márcio Cruz, que recebeu, segundo o Flamengo, R$ 9,7 milhões quando o atleta foi comprado do Benfica, de Portugal, por R$ 84 milhões. Apesar de ter ajudado na contratação, Giuliano Bertolucci não teve comissionamento publicado no balanço do Flamengo.

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Fonte: Extra