Vendedor contra comprador: rival do Flamengo, Del Valle virou protagonista ao apostar na base

Enquanto o Flamengo dominou o mercado do futebol brasileiro nos últimos dois anos com contratações a peso de ouro que deram resultado em campo, seu rival na Recopa Sul-Americana alcançou o protagonismo no Equador com um perfil totalmente diferente.

Se o Flamengo notabilizou-se por ser um clube comprador dentro do mercado sul-americano - embora também negocie suas promessas com a Europa, e a preços altos -, o Independiente del Valle é essencialmente vendedor. Um clube que cresceu no Equador apostando na base e vendendo suas revelações para o exterior - são apenas 10 anos jogando na primeira divisão local.

- É um clube que se destaca muito por apostar na base e revelar jogadores. Jogam com muitos atletas jovens. A visão do Independiente Del Valle é formar jogadores para exportá-los para o exterior - contou a jornalista Mayra Ubidia.

Independiente del Valle comemora o título da Copa Sul-Americana — Foto: REUTERS/Jorge Adorno

Independiente del Valle comemora o título da Copa Sul-Americana — Foto: REUTERS/Jorge Adorno

Não à toa, o Del Valle leva em seu nome a seguinte expressão Clube Especializado de Alto Rendimento. O trabalho de captação é feito por todo o Equador. Na Libertadores sub-20 de 2018, o clube foi vice-campeão e teve o artilheiro do torneio, Stiven Plaza, que acabou vendido para o Valladolid, da Espanha, em 2019, por 2 milhões de dólares.

Recentemente, outros nomes surgiram: o lateral Preciado já foi convocado para a seleção equatoriana e chegou a ser especulado em clubes brasileiros; o meia Rezabala foi vendido ao Tijuana, do México. O zagueiro León foi titular na conquista da Sul-Americana e acabou vendido ao Atletico San Luis, do México. O também defensor Realpe chegou neste ano ao Bragantino.

Zagueiro Leon, autor de um dos gols da final da Sul-Americana, foi negociado para o futebol mexicano — Foto: REUTERS/Jorge Adorno

Zagueiro Leon, autor de um dos gols da final da Sul-Americana, foi negociado para o futebol mexicano — Foto: REUTERS/Jorge Adorno

A meta no Del Valle é subir, a cada temporada, pelo menos quatro jogadores da base para o profissional. No atual elenco, 11 jogadores cumprem o requisito. Os mais promissores são o atacante Jhon Sánchez, de 20 anos, e o meia Franco, de 21, também titular na conquista da Sul-Americana. Curiosamente, apesar do título internacional, o Del Valle ainda não foi campeão equatoriano - sua melhor colocação foi um vice-campeonato em 2013.

Técnico jovem e cobiçado

A preocupação com a base se reflete até no comando do time. O técnico espanhol Miguel Ángel Ramírez, de apenas 35 anos, chegou ao Del Valle em 2018 para trabalhar nas categorias inferiores. Com a saída de Ismael Rescalvo, foi promovido ao time principal e se destacou a ponto de chamar a atenção de clubes brasileiros, como o Athletico Paranaense.

Ramírez, inclusive, prometeu manter o estilo da equipe mesmo diante do Flamengo, atual campeão da Libertadores.

- Vamos tentar ser protagonistas e ter a iniciativa na defesa e no ataque, além de estarmos muito concentrados. É uma equipe com jogadores de alto gabarito, de primeiro nível mundial. Mas precisamos saber quem somos e o que queremos fazer, sermos fiéis ao que somos, como fizemos no ano passado. Vencemos a Sul-Americana independentemente dos adversários que tivemos e por mais difícil que fossem os jogos - afirmou o treinador em entrevista coletiva antes do jogo.

Miguel Ángel Ramírez, técnico do Independiente del Valle — Foto: Divulgação/Del Valle

Miguel Ángel Ramírez, técnico do Independiente del Valle — Foto: Divulgação/Del Valle

Aposta na altitude

O Del Valle, porém, não é feito apenas de jovens. Entre as referências do elenco estão três veteranos: o goleiro Pinos, de 30 anos, que se destacou na final da Sul-Americana ao defender um pênalti; o volante argentino Pellerano, de 38, e o meia Mera, de 33, capitão do time.

Pellerano, mais velho que o próprio treinador, crê que o time pode usar a altitude para conseguir uma vantagem diante do Flamengo.

- Certamente a altitude, na ida, vai preocupá-los. Mas vai depender muito de nós porque começa a se sentir a altitude quando se faz o adversário sofrer. Se não dermos dinâmica ao jogo, será difícil que sintam. É muito importante que possamos aproveitar a oportunidade, e se fizermos a diferença na primeira partida a nossa equipe pode sair por cima na volta - afirmou no argentino.

Flamengo e Independiente del Valle se enfrentam nesta quarta-feira, às 22h30 (de Brasília), no estádio Atahualpa, em Quito, pelo jogo de ida da Recopa Sul-Americana. A partida de volta acontece na quarta da próxima semana, no Maracanã.

Fonte: Globo Esporte
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