Vasco x Flamengo: cruz-maltino equilibra com intensidade, mas perda de fôlego e 'fator Bruno Henrique' pesam; análise

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Tradicional no futebol carioca, o jogo do sábado de carnaval desta vez não emplacou. Seja pela data, pela definição por um estádio sem identificação com as duas torcidas ou pelo preço dos ingressos, o fato é que menos de 11 mil foram ao Nilton Santos ver o primeiro Flamengo x Vasco das semifinais do Carioca. Só o que não atravessou foi o samba rubro-negro. Embalado pela afinação de Bruno Henrique, que decidiu mais um clássico, o time venceu por 1 a 0 e ficou mais próximo da final.

Foi o décimo gol do atacante sobre o cruz-maltino, e o 21º em clássicos. Ele é o maior artilheiro rubro-negro contra os grandes rivais neste século 21. Sua estrela acaba servindo de diferencial num dia em que a superioridade técnica não pesou tanto.

Disputado apenas duas semanas depois do duelo pela Taça Guanabara, que terminou com uma confusão protagonizada por Wesley e Coutinho, o clássico de ontem claramente ainda tinha resquícios daquele desentendimento. O começo da partida foi prejudicado pelo excesso de faltas com força desmedida, bate-boca entre os jogadores e muitos cartões amarelos (foram seis só na primeira etapa). A bola acabou rolando menos do que o esperado.

Mas, quando isso ocorreu, os vascaínos foram melhores. Não por apresentarem algum domínio sobre o rival, mas por serem mais eficientes em sua proposta. Inflados pelo sentimento de revanche em relação ao jogo de duas semanas atrás, entraram em campo mais aguerridos, brigando por cada bola com uma intensidade muito alta.

Mesmo com mais posse de bola, o Flamengo não conseguiu exercer seu futebol técnico. Sentiu a marcação por pressão do Vasco, teve muita dificuldade para sair e cometeu erros que deram ao Vasco boas oportunidades de gol.

Apostando na marcação alta e nas saídas em velocidade, os cruz-maltinos tiveram sua melhor chance num contra-ataque que terminou com Rayan entrando na área pela direita e fazendo duas finalizações perigosas. A primeira foi defendida por Rossi. A segunda, no rebote, foi salva por Léo Ortiz quase em cima da linha.

Já o Flamengo se mostrou muito pobre de ideias na frente. Arrascaeta errou demais. Bruno Henrique pareceu muito preso. Faltou a mobilidade e troca de posições com os outros atacantes. Luiz Araújo não se mostrou à vontade pela esquerda. O único a dar algum trabalho foi Plata.

A troca de lados entre Luiz Araújo e Plata e, principalmente, a queda da intensidade dos vascaínos mudaram o cenário do jogo na etapa final. Os cruz-maltinos não conseguiram mais ser perigosos com a bola nos pés. Já o Flamengo passou a ter não só maior posse como achou espaços na frente para trabalhar.

A bola na trave de Luiz Araújo, aos 11, já anunciava um Flamengo mais perigoso em campo. O que ficou confirmado com o gol de Bruno Henrique dez minutos depois. O atacante recebeu de Plata na altura da meia-lua, ganhou de Lucas Freitas no giro de corpo e, sem deixar a bola cair no chão, finalizou tirando do alcance de Léo Jardim.

O lance do gol não só mostrou a melhora do setor ofensivo rubro-negro como evidenciou como o time de Fábio Carille já não conseguia marcar do mesmo jeito. O Vasco deu muito espaço na entrada de sua área. Freitas era o único jogador por ali. Ao se desvencilhar dele, BH teve toda liberdade para fazer sua bela conclusão.

Já sem o mesmo fôlego, o Vasco caiu ainda mais de produção após o gol. As muitas mudanças nos dois times a partir daí não alteraram o desenho da partida. Melhor para o Flamengo, que aumentou sua vantagem para o segundo jogo.

O Vasco vai precisar vencer por dois gols de vantagem no sábado que vem, no Maracanã. Por ter tido melhor campanha, o Flamengo vai à final em caso de empate no placar agregado.

Fonte: O Globo