Tubulação de gás, palavra de Paes e assinatura final: entenda impasses para construção de estádio do Flamengo

publicidade

A construção do estádio do Flamengo ganhou novo capítulo nesta semana. A nova gestão rubro-negra encomendou um outro estudo de viabilidade econômica para a construção de estádio, e pediu o adiamento da assinatura do termo final do acordo pela compra do terreno do Gasômetro, onde a arena será construída.

Na última quarta-feira, o clube foi comunicado pela Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico (Agenersa) da necessidade da realização de uma obra em tubulações pertencentes à CEG utilizadas no sistema de distribuição de gás que estão presentes em quase 3 mil metros quadrados do terreno do Gasômetro, que possui área total de 88 mil metros quadrados. De acordo com a agência reguladora, a construção do estádio só poderia ser iniciada após a execução do serviço, que teria que ser arcado pelo rubro-negro. A informação foi publicada inicialmente pelo site Tempo Real.

Em sua rede social, o prefeito Eduardo Paes, entusiasta da construção do novo estádio do rubro-negro, afirmou que os custos das obras seriam arcados pelo poder municipal — em setembro de 2024, ele já havia dito que o poder municipal iria financiar este serviço, mas, em dezembro, por meio de nota oficial, a prefeitura voltou atrás e disse que a responsabilidade seria do Flamengo.

“Adversários ocultos do estádio do Flamengo, parem de criar problemas aonde não tem”, escreveu ontem o prefeito, que teve a fala corroborada pelo deputado Pedro Paulo, que faz a intermediação das negociações entre o clube e a prefeitura.

A gestão do presidente Luiz Eduardo Baptista, o Bap, tem adotado tom mais cauteloso em relação ao início e o prazo para o término das obras — o estádio estava previsto para ser inaugurado em 2029. A estimativa de R$ 1,9 bilhão da direção anterior foi desconsiderada pela atual.

O novo estudo contratado tem como objetivo levar em consideração, por exemplo, o que membros da atual gestão chama de “ausência do estabelecimento de custos claros” por parte da diretoria anterior para a execução da obra, e também o entrave com a tubulação de gás no terreno do Gasômetro.

Nos bastidores, Eduardo Paes e Pedro Paulo tem discutido soluções técnicas com pessoas ligadas à CEG, e o entendimento inicial é de que a retirada da tubulação de gás não atrapalharia o cronograma das obras, nem aumentaria o custo. A estimativa é que o valor gasto seja na casa dos R$ 50 milhões, e a transferência dure um ano.

A cautela de Bap em relação à construção do novo estádio do Flamengo e a fala de Paes endereçada a “adversários ocultos” fomentaram a guerra de narrativas sobre a vontade política do atual presidente rubro-negro em tirar o projeto do papel. Ao tomar posse, em dezembro do ano passado, a atual gestão manteve o plano de construir o estádio, mas sem confirmar uma data.

Sem entrar em discussões políticas no âmbito interno e também externo ao clube, a atual presidência do Flamengo só deve se posicionar e dar novos números em relação ao custo da obra do estádio — incluindo o preparo do terreno —, como pretende arcar com as despesas sem interferir no desempenho esportivo e nem endividar o clube, e detalhar um prazo quando estiver pronto o estudo de viabilidade. O projeto está sendo preparado pela Fundação Getúlio Vargas. A princípio, todo esse panorama deverá ser dado no marco de 100 dias de gestão, em meados de abril.

Fonte: O Globo