Depois de duas semanas do início da fase de grupos da Libertadores e os 32 jogos devidamente analisados, é hora de um balanço inicial do desempenho de cada equipe. Semana a semana atualizarei o mapa aqui no blog, levando em consideração quedas e subidas de produção.
Destaques
O trio de brasileiros formado por São Paulo, Flamengo e Palmeiras desponta com o futebol mais promissor deste início de competição, acompanhados de perto pelo Boca Juniors . O Tricolor teve duas vitórias convincentes contra adversários de nível inferior, mas que despertaram dificuldades bem resolvidas pela equipe treinada por Hernán Crespo. Futebol ofensivo e intenso. Marcação forte no campo de ataque, boas transições defensivas e poder de concentração.
O Rubro-Negro carioca teve um nível de enfrentamento mais alto na estreia contra o Vélez, mas controlou o jogo a maior parte do tempo e mostrou força ao virar o placar, apesar dos problemas defensivos. Na rodada seguinte, goleou a Union La Calera, no Maracanã, mesmo sem fazer um jogo totalmente regular. O poder de fogo no ataque, a qualidade individual e a mobilidade ofensiva seguem chamando a atenção.
O Palmeiras complicou um jogo que poderia acabar em goleada na sua estreia, mas mostrou controle na maior parte do tempo contra o frágil Universitário. Na sequência, mais concentrado, atropelou o bom time do Independiente del Valle com uma estratégia perfeita. Se adequar ao contexto dos jogos também vem sendo a tônica do Boca Juniors, que a partir disso dominou The Strongest, na altitude de La Paz, e o Santos, na Bombonera. Defesa forte e velocidade nos contra-ataques. Vai chegar!
Dentro da Expectativa
No bloco de equipes que até agora não se destacaram tanto e nem decepcionaram está o Internacional. Na estreia foi muito mal diante do Always Ready, na Bolívia. A altitude influencia, mas faltou uma estratégia mais indicada para a partida. Na 2ª rodada, atropelou o organizado Deportivo Táchira, no Beira-Rio. Vai se ajustando. O time venezuelano mostrou-se competitivo em casa, onde bateu o Olímpia. Os paraguaios, em início de trabalho com o técnico Sergio Órteman, ainda buscam se ajustar.
Outro time que merece destaque neste bloco é o Atlético Nacional. Tem até aqui o melhor jogador desta fase de grupos, o meia-atacante Andrés Andrade, que ao lado de Jarlan Barrera cria muitas jogadas. É um time envolvente, mas com problemas no sistema defensivo. Precisa se equilibrar para sonhar com o tri.
Junior Barranquilla, Sporting Cristal e Deportivo la Guaira possuem organização, mas ainda não conseguiram pontuar com contundência. Podem crescer. Cerro Porteño e LDU Quito não têm muito mais do que o demonstrado até agora para oferecer. São equipes que funcionam bem em determinados contextos. Flamengo e Atlético precisam ter cuidado. Santa Fé e Union la Calera estão no mesmo barco.
Gratas surpresas
O Fluminense já foi finalista de Libertadores e tem boas campanhas no currículo. Possui um plantel que mescla jovens de valor e experientes que decidem, mas é inegável que seu desempenho até o momento surpreende. Principalmente por ter sido superior ao poderoso River Plate na estreia.
Na 2ª rodada, bateu o Santa Fé com um jogador a menos, apesar do sufoco no fim. Mostra-se competitivo e tem Fred muito inspirado na frente. Encorpou o elenco recentemente com peças já acostumadas a jogar Libertadores. Quem também está acima das expectativas é o Argentinos Juniors. Modesto em relação a parte técnica, mas organizado taticamente e com muita garra. Lidera o equilibrado Grupo F sob o comando de Gabriel Milito.
Outro líder de chave é o Barcelona de Guayaquil. Adiantei no Guia da Libertadores que os equatorianos poderiam surpreender. Time organizado para jogar ofensivamente a partir do ótimo meia Damián Diaz, que conta com bons coadjuvantes. Mostrou saber jogar de forma mais reativa também, como fez contra o Santos.
O Defensa y Justícia repete a mesma fórmula sob a regência de Sebastian Beccacece. Fez um jogo de contra-ataques e segurou um empate na estreia, depois amassou o Universitário com um vistoso repertório ofensivo. O Rentistas, mesmo com apenas um ponto, gerou dificuldades nos gigantes do Grupo E, e pode beliscar uma vaga em uma chave aberta. Defesa organizada e ataque rápido são os trunfos do jovem time.
Estão devendo
Eles não chegam a ser exatamente decepções, mas River Plate, Atlético Mineiro e Nacional flertam com isso até o momento. Os ''Millonarios'' venceram o Junior Barranquilla, mas poderiam facilmente ter empatado dentro de casa, oscilaram demais ao longo dos 90 minutos. Na estreia, contra o Fluminense, saíram no lucro com a igualdade no Maracanã. Podem jogar muito mais.
O Galo fez bons 60 minutos contra o América de Cali. Certamente o melhor jogo sob o comando de Cuca, mas a irregularidade é uma marca que deve demorar um pouco a sair. Quase cedeu o empate no fim. Na estreia, ficou muito aquém contra um time frágil tecnicamente. Já o Nacional se superou no empate em casa na 2ª rodada, mas estreou mal contra o Argentinos Juniors. Precisa se impor com mais naturalidade.
Decepções
Desilusões certas até o momento são: Independiente del Valle, Santos, Racing, Universidad Católica e Vélez Sarsfield. Destes, apenas o time equatoriano fez um jogo realmente bom, mas errou demais nas finalizações e voltou a apresentar problemas defensivos. Os argentinos mostram poder no ataque, mas na defesa dão espaços generosos e oscilam a concentração.
A Católica e o Peixe ainda não pontuaram e jogaram muito mal nas duas partidas. Para completar, o Santos ainda perdeu o seu treinador, o atacante Soteldo, e vê o seu principal jogador, Marinho, muito abaixo do que pode. Os chilenos mostraram muita apatia, descompactação defensiva e lentidão no ataque. Complicado acreditar numa recuperação de ambos.
Babas
O trio formado por Universitário, The Strongest e América de Cali jogou até aqui o pior futebol da competição. Eles ainda tiveram espasmos. Os peruanos foram buscar uma igualdade na estreia contra o Palmeiras, mas sucumbiram na sequência. Muito abaixo do restante das equipes na parte técnica, taticamente pobres em repertório, e fisicamente vulneráveis.
Os bolivianos mostraram até organização ofensiva na estreia, mas pouca intensidade. Mudaram de treinador e o rendimento foi um desastre contra o Barcelona de Guayaquil. Fora da altitude devem levar mais duas goleadas. O América chegou como campeão colombiano, pressionou o Galo e quase empatou o jogo no fim, na 2ª rodada, mas são muito lentos com a bola e defensivamente desorganizados. A parte técnica também não proporciona esperança. Dá pra acreditar mais no La Guaira do que neles.
Bom nível
A Libertadores até aqui, contando com a fase prévia também, apresentou um nível alto na maioria de suas partidas. Bem superior ao início da competição passada, por exemplo. Há maneiras de jogar diferentes e eficientes em diversas equipes, e muitas atuações individuais de destaque. Andrés Andrade, Jarlan Barrera, Arrascaeta, Gabigol , Rony, Christian Ortiz, Damián Diaz, Villa, Fred, Daniel Alves, Avalos, Martinez Borja, Unsain e Hulk são exemplos de jogadores que fizeram a diferença. A partir da terceira rodada trarei a seleção da competição atualizada a cada rodada.
Imagem: Rodrigo Coutinho