"Somos o menor estado da federação, mas o nosso amor não tem tamanho". A frase é de Thiago Moura, microempresário da capital sergipana e presidente da embaixada Flagipe. Ele e um grupo de outra embaixada - a Flacaju - mobilizaram mais do que de costume a torcida rubro-negra em Aracaju para recepção nunca antes vista na capital sergipana. Os torcedores arrecadaram R$ 3,5 mil para fazer do Batistão um autêntico Maracanã. Nos tempos sem casa, então, é que o time do Flamengo pode ter a certeza de que é muito bem-vindo e deve se sentir à vontade em Aracaju.
Somando as duas embaixadas, são cerca de dois mil torcedores, com frenéticos grupos de Whatsapp e organização que inclui reuniões para ver partidas e muitas viagens para jogos do time pelo Nordeste e também, em algumas oportunidades, para o Rio. Tome nota de tudo que eles estão arrumando para ver o Flamengo: confeccionaram uma faixa de 30 metros, uma bandeira com o símbolo do clube de 4 metros, mil metros com aquelas faixas verticais espalhadas pela arquibancada e ainda - ufa! - 20 mil bolas rubro-negras.
- O Nordeste é a casa do Flamengo - diz Talita Coutinho.
Presidente da Flacaju, ela levou os amigos Cristiano Soares, o Carioca, Ane Caroline e Wilson Mendonça para esticar a faixa num dos símbolos da cidade, os arcos da ponta do Atalaia. A recepção ao Flamengo começa nesta terça-feira no início da noite, quando o time chega no aeroporto Internacional de Aracaju. Os torcedores vão parar o trânsito e fazer carreata.
Maior torcida do Brasil, com cerca de 40 milhões de pessoas, os flamenguistas se sentirão representados por gente como o seu Barbosa Dias, pai de Thiago Moura. Aos 55 anos - "50 deles como rubro-negro" -, ele conta que virou Flamengo pela influência do título rubro-negro de 1965 e um pouco também para contrariar o irmão mais velho vascaíno. A ideia de homenagear Rodinei é do seu Barbosa, que estava no estádio nas últimas vezes que o Flamengo esteve em Aracaju. Lembra bem da partida de 1985, com 3 a 0 para Flamengo contra o Sergipe, em amistoso realizado no Batistão
(confira no vídeo mais abaixo)
. A equipe foi
dirigida por Sebastião Lazaroni e jogou com Cantarele, Jorginho, Ronaldo
(Guto), Mozer, Adalberto (Nem), Andrade (Ailton), Adílio, Zico, Elder,
Bebeto e Paulo Henrique (Vinicius).
- Assisti a umas entrevistas do Rodinei e me chamou a atenção a simplicidade dele, a humildade. Para mim, isso é Flamengo. Representa a torcida do Flamengo. Perguntei a Jayme (de Almeida) quando esteve aqui e ele me disse que ele é aquilo mesmo. Por isso quero que ele seja padrinho da nossa torcida. Espero ter a oportunidade de encontrá-lo - disse seu Barbosa.
Apenas uma derrota em Aracaju
O Flamengo disputou 20 partidas em Aracaju. Sofreu apenas uma derrota, em 1970. Foram 16 vitórias e três
empates. A última partida do Flamengo em Aracaju foi em 2013, num
amistoso internacional. O Rubro-Negro venceu por 2 a 1 o Racing da Argentina no dia do aniversário do clube da Gávea. Os
gols do time comandado por Waldemar Lemos foram marcados por André Gomes e Edílson Capetinha. O único revés na capital de
Sergipe foi 1 a 0 para o Bahia, pela Taça de Prata de 1970.
A última partida oficial em Sergipe foi há 35 anos. O time era aquele que é considerado o melhor
Rubro-Negro de todos os tempos. E o resultado não é difícil de adivinhar: 2 a 0 contra o Itabaiana, em fevereiro, pelo Campeonato
Brasileiro de 1981. O velho Batistão, que à época teve arrecadação recorde de três milhões de cruzeiros, recebeu mais de 32 mil pessoas - hoje a capacidade do estádio, reformado para ser sub-sede da Copa (a Grécia treinou por aqui antes do Mundial), é a metade. Os gols foram de Peu e Nunes. Zico e
Junior desfalcaram o Flamengo naquele 1º de fevereiro por estarem
a serviço da seleção brasileira.
O Flamengo também tem ampla superioridade nos confrontos com
o Confiança, com quatro vitórias em quatro partidas. O último jogo foi em
amistoso realizado em 1990. Nélio marcou o gol rubro-negro no triunfo por 1 a
0. Até esta quarta-feira, o único duelo oficial entre as duas equipes ocorreu
em 1977, pelo Campeonato Brasileiro, com vitória por 3 a 1 no Maracanã.