Existe uma corrente que ganha força nos corredores do Flamengo, na Gávea, para que o presidente Rodolfo Landim dispense o técnico Tite e sua comissão, e promova a imediata ascensão do ex-lateral-esquerdo Filipe Luís, hoje treinador da categoria sub-20, ao menos até o final da temporada. A dois meses do pleito para a escolha do presidente do próximo triênio, a ideia anima aliados de Landim. Porém, não encontra amparo nas intenções do próprio Filipe Luís, que é muito próximo de Tite.
E é assim, envolvido pelo clima de insatisfação e incertezas, que o Flamengo entra em campo na noite deste domingo, no Maracanã, para encarar o Athletico. A eliminação no mata-mata de quartas de final da Libertadores para o Peñarol ainda não foi digerida e a vitória sobre os paranaenses, que tentam fugir do rebaixamento, é tida como único antídoto capaz de refazer o moral do time que na próxima quarta-feira, dia 2 de outubro, inicia as semifinais da Copa do Brasil contra o Corinthians.
É constrangedora a situação de Tite, um treinador que comandou a seleção brasileira em duas Copas do Mundo e não esperava ter tantos questionamentos por métodos e conceitos que já eram conhecidos. Mesmo em seus dias de glórias pelo Corinthians, ele jamais foi percebido como um defensor do “futebol arte”. Tite é reconhecido por montar equipes competitivas, o que fez por clubes e na seleção, mas nem por isso é um “papa-títulos”. O que também não o desabona em nada.
Adenor Bachi, o Tite, de 63 anos, é bom como a grande maioria dos nove treinadores que passaram pelo Flamengo nestes seis anos da gestão de Rodolfo Landim — de Abel a Sampaoli. Bem sei que a passagem de Jorge Jesus foi um ponto fora da curva, mas em viagem recente a Portugal fiquei surpreso com o desprestígio dele por lá. O que me provoca dúvidas sobre o sucesso por aqui, entre junho de 2019 e julho de 2020. Porém, com relação aos demais, Tite está no patamar de cima.
Em resumo, a saída dele é mesmo um fato quase consumado. Ainda que consiga levar o Flamengo ao título da Copa do Brasil, a relação é desencanto. Como foi um dia a de Telê Santana com os rubro-negros. O treinador da seleção nas Copas do Mundo de 1982 e 1986, campeão mineiro pelo Atlético em 1988, se deixou seduzir pela tentação de dirigir o Flamengo de Zico, que havia sido campeão da Copa União (Campeonato Brasileiro) de 1987. Saiu em 1989 com a fama de perdedor.