Tite explica montagem do elenco no Flamengo e como lida "atrás do pano" com a concorrência interna

Na tarde desta sexta-feira, Tite deu sua primeira entrevista coletiva na pré-temporada do Flamengo nos Estados Unidos. Após comandar o clube nos 12 últimos jogos de 2023, o técnico explicou o processo de montagem do elenco que vem fazendo junto da diretoria e como faz para lidar com a forte concorrência interna:

- O que eu acredito numa equipe do tamanho do Flamengo : ter dois atletas em cada posição é importante. Porque é inevitável um momento de decréscimo técnico, problema físico ou convocação. E o Flamengo enquanto instituição tem que ter uma equipe forte. Tenho colocado isso para eles. Depois o técnico vai agradar 11 que vão ficar contentes. Cinco vão entra em condições normais e vão ficar um pouco satisfeitos com o técnico. Os outros não vão gostar, mas vão ter o meu respeito e o trabalho.

- Porque daqui a pouco, na outra semana, eles podem estar nesses 11 e vão gostar do trabalho do técnico. Mas uma coisa eles têm, e eu não faço isso numa conversa com a imprensa, faço atrás dos panos: o respeito e o trabalho meu e da comissão tem que ser igual. Senão fica muita conversa e não deixa de fazer. Queremos ter o respeito e o trabalho com todos eles. Depois a oportunidade vai acontecer.

O Flamengo até agora contratou dois reforços: o meia De la Cruz e o lateral-esquerdo Matias Viña. O clube ainda busca um zagueiro e um ponta-direita no mercado. Por outro lado, o Rubro-Negro liberou o goleiro Santos para o Fortaleza, o meia Everton Ribeiro para o Bahia, e o zagueiro Rodrigo Caio, que está livre no mercado. Além disso, também perdeu Filipe Luís, que se aposentou.

Veja outras respostas de Tite:

- A relação de confiança é quando há tempo junto, quando há cuidado do técnico para com os atletas e com a equipe. As verdades do seu jeito, positivas ou negativas. Eu não imponho, mas faço atleta refletir. Ele escolhe o seu caminho, mas eu coloco o trabalho. O conhecimento daquilo que se faz, se não há conhecimento técnico e tático, quantificação de cargas, não adianta. Então cuida da qualificação profissional, das relações de transparência e das relações humanas, aí a confiança pode se estabelecer. Esse tempo todo nos permite isso.

Tite conversa com Gerson, Arrascaeta e Bruno Henrique em treino do Flamengo — Foto: Marcelo Cortes / CRF

- A primeira coisa que o técnico tem é a satisfação, orgulho, alegria de fazer o que gosta. Ter o amor da atividade. Eu fui educado pelo esporte. O joguinho de rua me educou para o esporte, em ser melhor e não levar vantagem. Quando você tem contato com atletas que tu põe e remete de volta esse espírito, o Gerson é um deles, isso te contagia. Te dá uma série de aspectos do que é estar técnico de uma equipe do tamanho do Flamengo . Tenho a noção exata disso. A grandeza, visibilidade, retorno financeiro... Isso tudo dá, em contrapartida dá uma pressão muito grande, exigência...

- É acordar três, quatro vezes da noite sabendo que precisa passar um recado ao atleta e anotar. Vamos fazer um jogo amanhã importante, as duas equipes querem vencer, não vai atrás de que é amistoso. E vencer dando o melhor, isso te move. Porém, é inevitável. 2014 foi para mim, esse período até vir para o Flamengo , um momento de respirar e ficar com a família. E os outros todos porque tinha vontade de estar empregado e não tinha clube para poder trabalhar. É dar a vida.

Gerson e Tite em coletiva do Flamengo nos Estados Unidos — Foto: Marcelo Cortes / CRF

- Processo de evolução constante e muito rápido. Na vinda de atletas de alto nível, o Facundo (Torres, do Orlando City) é da seleção uruguaia; o Gallese (do Orlando City) estava na seleção peruana na final da Copa América. Uma série de jogadores, colombianos, técnicos... Tem todo um trabalho desenvolvido. Não só dentro do Orlando, mas de maneira geral. O atrativo de grandes atletas, e o Messi (do Inter Miami) é um grande exemplo. Ter uma grande liga é um processo de evolução com Copa do Mundo presente, traz esse componente também.

- Me orgulha o carinho que tem. Claro que é bom, sou ser humano, não sou insensível. Quando chego perto e o torcedor me afaga, me dá motivação, energia maior de retribuição do meu trabalho.

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Fonte: Globo Esporte